Legado INCONTROLÁVEL

CAPÍTULO 5

O alvoroço que se fez na saída da condecoração engoliu Thiago e Felipe, ovacionados pelos seus seguidores.

Carla os observava de longe enquanto saía pela lateral Norte junto com os outros Vice Líderes. Ela suspirou adentrando na sala lateral, onde o Grande Líder tentava apaziguar os cinco anciãos que, sentados ao redor de uma grande mesa redonda, manifestaram sua insatisfação sobre a condecoração.

Os cinco seres eram como vultos, cobertos de preto da cabeça aos pés, e seus rostos igualmente ocultos por máscaras bizarras e obscuras. Ruan assumiu uma das cadeiras.

— Esse rapaz está se tornando cada dia mais preocupante para nossa organização. Ele não o respeita, Grande Líder. — Um dos anciãos disse a ele.

— De fato! Ele está arrogante. Nós nunca vimos alguém tão jovem conseguir organizar tantos seguidores como ele, em tão pouco tempo. Em três anos, ele tem se tornado bem mais que um prodígio! Ele é perigoso. — Outro ancião disse.

Carla revirou os olhos e caminhou devagar até um canto, onde permaneceu com os braços cruzados. Pietro Vertheimer, um dos Vice Líderes, se apoiou em uma das cadeiras ao redor da mesa.

— Há boatos por todo o submundo sobre o que ele tem feito, Ruan. — Ele disse ao Grande Líder. Era um homem muito velho e seus olhos azuis contrastavam profundamente contra a pele muito alva e cheia de rugas. — Pessoas da Tríade e ligadas a ela estão morrendo, e não vai demorar até acharem provas de que ele é o responsável.

— Você tem alguma prova do que está falando? — Carla disparou e todos se voltaram para ela.

O velho Vertheimer riu.

— Ora, Moretti. Você é apenas uma garota, não se meta em conversas de homens adultos.

Carla deu uma risada debochada.

— Eu sou uma Vice Líder tanto quanto você. Assim como meu pai antes de mim, caso você não se lembre, Vertheimer. Minha avó foi a Grande Líder antes do Castro. — Ela disse apontando para Ruan, sentado à mesa. — Você diz que o Draco é uma ameaça por ter uma gangue forte, sendo que isso era de se esperar sendo um exímio assassino de Elite Púrpura. Ele é um Castro. Detentor de aura pura. O que você ganha tentando associá-lo às mortes do lado de lá de Artemísi?

A face de Pietro se deformou de desgosto ao mesmo tempo que um homem loiro e mais alto que ele tocou em seu ombro, como se o aconselhasse a silenciar. Era Fabrício Vertheimer, seu filho mais velho.

— Carla, nossos negócios são todos no submundo, você sabe que nossa ala é toda voltada... Para assuntos táticos. É óbvio que uma possível guerra nos interessa. — Fabrício disse com um sorriso no rosto. Carla sabia que ele se referia ao crime e tudo que era ilegal, mesmo que tentasse eufemizar a realidade dos feitos de sua família. Ele prosseguiu: — Existe um padrão nas mortes que estão acontecendo. Todas são feitas com um nível altíssimo de experiência e limpeza, algo digno de um assassino de elite como o Draco.

— Isso não é uma prova. — Carla retrucou.

Pietro ia abrir a boca, mas seu filho tomou a palavra mais rápido:

— Não é. Mas é só questão de tempo até o "Vingador", como começaram a chamar o responsável por essas mortes, ser associado ao Draco. Isso é... Se já não associam. Esse nome é bem tendencioso. — Fabrício disse.

Carla ia argumentar, mas antes que o fizesse, a voz irritante de Jonathan Castro se fez ouvir de um ponto da sala onde ela não o tinha visto:

— Certamente, querido. É realmente preocupante. Se o Vingador e o Draco se provarem ser a mesma pessoa, isso significaria uma declaração de guerra contra a Tríade e, principalmente, uma quebra do acordo da Lótus Dourada. — Ele disse.