Legado INCONTROLÁVEL

CAPÍTULO 6

Aguardavam enquanto conversavam através dos pontos em seus ouvidos.

— Conseguiu pedir pra ser o submisso dela?

— Ela fugiu do assunto.

— Hum.

Thiago emitiu um som de desaprovação, como se estivesse pressionado a explicar-se.

— É que eu não sei o que fazer, Felipe. Ela sempre dá um jeito de evitar que eu ultrapasse quella linea che ha inventato.¹

— Você não conseguiu falar com ela mesmo estando na segurança da cúpula?

— Eu recebi a convocação e fui pra lá, mas ela me evitou a reunião inteira e depois não consegui falar com ela em nenhum momento durante esses dias. É como se ela estivesse fugindo.

— A Carla não é de fugir. — Felipe respondeu suspirando. — Eu soube que ela vai chefiar uma missão e vai recrutar atiradores. Talvez consiga falar com ela se você se candidatar pra vaga.

— Eu não sei se ela me aceitaria. Fora o fato que ela é super rigorosa nas seleções. Parece que ela quer que todos a odeiem.

— Talvez seja exatamente isso. — Felipe estalou a língua. — Seu tempo está acabando. O jantar é amanhã.

Thiago bufou levemente.

— Cosa faccio?² — Ele ecoou mais para si mesmo do que para o amigo.

— Crie coragem de uma vez, ou aceite se casar com a Vertheimer. È una tua decisione. — Felipe murmurou.

Aurora estagnou antes de responder, contendo o frio que se apossou de sua espinha, e mudou seu tom despreocupado de repente:

— Fai attenzione,³ Draco. Tem um carro se aproximando.

O atirador, à espreita, via do alto, através do visor da sniper posicionada, os acontecimentos no térreo do prédio.

A tarde de verão parecia estática e não havia uma brisa sequer para agitar as copas das árvores, o que tornava o ambiente todo abafado em uma atmosfera de extrema tensão. Os olhos sonolentos mapeavam atenciosamente os homens que haviam descido do carro de luxo estacionado do outro lado da rua.

Uma mulher esguia, com um longo pescoço cheio de colares de pérolas e um vestido elegante preto ajustado ao seu corpo, desceu e rapidamente foi cercada pelos capangas bem vestidos. Ela tinha um coque trabalhado no alto da cabeça e parecia angustiada olhando ao redor.

Os olhos astutos da moça rondavam todo o ambiente enquanto ela caminhava batendo os scarpin cintilantes no chão.

— Alice na mira, não saia do meu raio. — Aurora falou segurando o ponto em seu ouvido.

O atirador recebeu como resposta um grunhido de concordância pela comunicação auricular e, em instantes, no térreo, o homem ruivo entrou em seu campo de visão sozinho. Ele se aproximou da mulher que o aguardava enquanto Thiago podia ouvir tudo que eles conversavam através do ponto.

— Draco... Eu... — A mulher começou. Seu rosto tinha assumido uma coloração rubra intensa enquanto caminhava trêmula na direção do ruivo.

Um dos subordinados dela tentou impedi-la de avançar, segurando-a pelo braço, mas ela o ignorou, agarrando Draco e jogando os braços longos ao redor do pescoço dele. Em um súbito, ficou na ponta dos pés e beijou-o nos lábios.

Draco a olhou com desprezo sentindo-se ser beijado com vontade, vontade que ele não tinha. Revirou os olhos entediado e envolveu ela pela cintura com um braço, devolvendo o movimento dos lábios sem muito esforço. Ela arfou ficando mais vermelha e ele a afastou secamente segurando-a pelo queixo com a mão grande.