Tatiane está no banheiro da escola se olhando no espelho com um olhar de repulsa pelo o uniforme, quando a Elizete aparece saindo de uma das cabines:
— Você não gostou mesmo do uniforme. - Elizete fala em um tom de deboche.
— O que tem para gostar nele? Até mesmo o uniforme de um internato é melhor do que isso.
— Por que não muda o uniforme, faça algo que goste.
Tatiane olha para Elizete, que está escorada na pia a olhando com uma sobrancelha erguida, fazendo Tatiane olhar para o espelho tentando sair do seu devaneio.
— Vou ver se faço isso, pois não é uma má ideia.
— Sempre tenho ótimas ideias, querida.
— Ser expulsa da sala de aula não entra nessa categoria de boas ideias.
— A aula estava chata e quis movimentar um pouco a turma, só teve um efeito colateral.
— Se você considera ir à diretoria de efeito colateral, então não tenho nada a dizer.
— A Miranda já sabe que sempre vou estar lá pelo menos uma vez na semana.
Tatiane apenas revira os olhos pelo o que foi dito, já sabendo muito bem que Elizete ama fazer isso, que adora causar discórdia entre os professores e ela, ir a diretoria é só mais uma coisa em seu currículo de travessura.
As duas mais uma vez se olham, Elizete ora olha para os olhos chamativos e diferentes de Tatiane ora olha para a boca, deixando a ruiva desconfortável, mas não conseguindo desviar o olhar da castanha.
Então a porta do banheiro é aberta, entrando Laís para retocar a maquiagem um tanto exagerada por aquela hora. Seu batom vinho e olhos bem marcados, que para os alunos não é nenhuma novidade, já que desde que é uma pré adolescente ela ama essas coisas. Mesmo com o uniforme enorme, ela fica esplêndida.
— Elizete, nós te procuramos pela escola inteira.
— Eu estava aqui o tempo todo, sinal que não me procuram na escola inteira.
— Como poderíamos adivinhar que estaria no banheiro com a gêmea da Vivi.
Elizete apenas dá de ombros para a fala da amiga, se senta na pia do banheiro e fecha os olhos, acaba não notando a cara de nojo que Laís fez ao presenciar este ato.
— Se eu fosse você não me sentaria nessa pia não.
— Com certeza essa pia é bem limpa pelas faxineiras dessa escola, Laís.
Laís apenas olha para Elizete então sai do banheiro sem falar mais nada, todos sabem que a Lais tem Misofobia, então muitas vezes eles não brigam com ela ou a esnoba por isso, já que vem de família.
— Estamos atrasadas também. - Tatiane fala já saindo do banheiro, mas é puxada por Elizete que está com um sorriso de lado, como se quisesse aprontar algo.
— Você não gosta de chegar atrasada nas aulas não?
— Eu nunca me atrasei.
— Mas sempre tem a primeira vez para tudo nessa vida.
— Eu vou para a aula.
Tatiane então sai do banheiro deixando Elizete sozinha, pensando sobre ela "Tatiane, vai ser um desafio para me aproximar dela, amo desafios"
Henrique que está andando nos corredores ajeitando o seu boné, quando se esbarra na Tatiane, ele a olha de baixo acima, percebendo ser a gêmea de Viviane, mas sendo mais linda do que a outra menina.
— Gatinha você. O que você acha de depois da escola sairmos juntos.
— Não, mas obrigada pelo convite, mas preciso recusar.
— Está me recusando, nunca nenhuma menina me recusou.
— Então vai até essas meninas e as convida, pois eu continuo te recusando.
— Você não sabe o que está perdendo. Sabe eu estou imaginando nós dois em um qarto de motel, pode confiar te levarei a loucura.
— Você.
Tatiane nao continua a frase, preferindo ir até a sua sala de aula, deixando o aprendiz de Bad Boy plantado no corredor sem saber o que fazer com o fora que levou.
— Nossa, você levou um fora da novata, que decadência.
— Não fale comigo, não quero me contaminar com isso que você é.
— Ser homossexual? Sabe que isso não é transmissível como uma doença.
— Você é nojenta, você e seus pais boiolas.
Henrique apenas vira as costas para ela, já planejando pular a primeira aula do dia e ir para qualquer lugar naquela escola.
Quando chega nas escadarias do colégio, ele vê a Paula, quase não a reconhecendo pela mudança em seus cabelos, que em seu ponto de vista ficou lindo, ela ficou mais linda do que já era em sua opinião.
— Paula.
— Não era para você estar em aula?
— Sim, mas se Deus me agraciou com essa beleza logo de manhã, quem sou para achar ruim ter perdido uma aula.
— Sempre com suas cantadas. - Paula fala revirando seus olhos castanhos. - Você gostou mesmo da mudança?
— Ficou mais gata do que já era.
— Meu cabelo ficou enorme com essa progressiva, amei.
Paula se senta ao lado de Henrique, sabendo que não poderá entrar no meio da aula, e também por querer fazer uma entrada igual aqueles filmes americanos, pelo menos tentar chamar um pouco de atenção dos alunos com Tatiane tenha feito em seu primeiro dia.
O seu cabelo ficou abaixo da sua cintura, só alguns centímetros menor do que o da Tatiane, cabelos longos e pretos como a noite, chama a atenção de qualquer um e foi com esse propósito que ela decidiu fazer uma progressiva em seu cabelo, pegando todas as suas economias para custear essa progressiva. Essa foi a sua primeira mudança que Paula terá depois que Tatiane chegou à escola.
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Olhos de avelã
Teen FictionA história começa com uma adolescente chamada, Tatiane. A adolescente em questão é uma jovem tímida e reservada que acaba voltando para o Rio de Janeiro depois de anos estudando em um internato. Ela sempre se sentiu deslocada e diferente dos seus co...