A festa de noivado e o termino

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Isabela abafou a música, ao invés disso, mudou seu olhar para o rosto de Richard e silenciosamente traçou cada detalhe. Ele era tão radiante, tão lindo, tão absolutamente perfeito que às vezes Isabela lutava para acreditar que Richard está com ela de bom grado por tanto tempo quanto ele.

Eles chegaram tão longe em seu relacionamento, agora que Isabela pensou sobre isso; de borboletas tímidas no primeiro encontro a confiança e amor não adulterados um pelo outro; não era difícil para Simon dizer que estava, de fato, apaixonada por Richard. Ela disse isso inúmeras vezes também, tudo para o glorioso rubor de Richard.

— Ei, Isa. - Richard sussurrou, observando enquanto Isabela espreitava para abrir um olho previamente fechado. - Vamos dançar?

Em resposta, Isabela deixa suas mãos deslizarem para cima e para o cabelo de Richard e desliza seus lábios sobre a orelha dele. Tremendo no ar frio enquanto a respiração de Isabela envia formigamentos através dele, Richard deixa suas próprias mãos descansarem na cintura de Isabela. Ele cai no abraço, apoiando o queixo no ombro de Isabela enquanto seus braços envolvem Richard e o abraçam.

Eles balançam, batimentos cardíacos em uníssono enquanto se movem. Há uma paz nisso, na maneira como Richard puxa Isabela com força. Richard bufa suavemente com o quão insuportavelmente pegajoso e sentimental isso soa

— Eu te amo.

E assim, o rubor começou. Isabela bebeu, rindo do gaguejando.

— Eu também te amo. - do noivo, esse que dá um beijo em seu ombro vestido.

— Minha mãe tá nos chamando. - Richard a puxa até onde está a mulher. - Oi mamãe.

— Meu filho está tão lindo. - então ela olha para Isabela e se toca de algo que nunca pensou. - Eu não quero netos da cor de Isabela. - a mãe de Richard, Sandra, fala para o filho e a nora escutarem.

— Isso é racismo.

— Hoje em dia tudo é racismo, eu hein. Pelo o que eu saiba todos nós somos iguais. - Antônio, pai de Richard, fala zombando da frase que Isabela fala. - Isso tudo é só mimimi.

— Eu quero ter a liberdade de me expressar da forma que eu quiser e eu não quero netos escurinhos, olha como o meu filho é, os olhos azuis e cabelos loiros escuros, eu quero netos brancos.

Richard não defende a noiva das ofensas de seus pais, eles podem até ser o casal que enfrentou barreiras, mas Richard ainda é um filhinho da mamãe e do papai e com isso ele apenas abaixa a cabeça e deixa seus pais massacrarem Isabela com comentários racistas e injúrias raciais.

— E outra, nem é todo branco que é racista. - Antônio fala. - O meu filho também sofreu racismo, todos o criticavam por ser muito branco.

— Sim, nas escolas todos o chamava de branquelo ou branco demais, coitadinho do meu Richard.

Isabela sai sem falar nada, Richard a segue até perto da porta do banheiro, quem também viu tudo isso foi a Adriana e o Rômulo:

— Isa, espera, a minha mãe não quis dizer aquilo.

— Ela quis sim, desde o início do nosso relacionamento eu venho aturando isso, você nunca me defende das barbaridades dela, nem quando ela falou que o meu pai poderia estar na cadeia ou morto por ser preto, ou até mesmo agora, você apenas abaixou a cabeça para tudo o que eles falaram. Isso tudo foi um erro.

— Isa.

— Ah! Então percebeu que não era a mulher certa para o meu filho, mulata.

— Com licença. - Rômulo fala educadamente com um sorriso frio estampado no rosto, enquanto Adriana tira a Isabela da festa. - Você sabe o que é injúria racial?

— Não. - ambos os pais falam.

— Então, eu como um advogado irei explicar, mas prestem bastante atenção. Injúria Racial é ofender alguém com base em sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. O Código Penal, em seu artigo 140, descreve o delito de injúria, que consiste na conduta de ofender a dignidade de alguém, e prevê como pena, a reclusão de 1 a 6 meses ou multa. Então acho melhor arranjarem um dos melhores advogados para poderem os defender.

Com isso Rômulo sai da festa deixando o noivo e seus pais tendo que dispensar os convidados e arcar com todo o resto.

Tatiane ao perceber quetodos foram dormir vai até o quarto da sua irmã e bate na porta, nem quinzesegundos depois ela é aberta por Viviane que tinha acabado de sair do banho.

— Podemos conversar? - Tatiane fala e a Viviane a deixa entrar.

— O que você quer conversar? - Viviane perguntou à irmã ao sentar na cama.

— Eu não me lembro de quando era pequena estando ao seu lado, sabe isso é triste.

— Sim, mas tínhamos apenas poucos meses de nascida quando nossos pais se separaram.

— É, a Roberta quis viajar com o novo namorado e te levando junta e quando você volta já estou no internato.

— Eu queria ir te visitar, mas a mamãe sempre dava desculpas para não ir. Ela nem me deu o número do seu celular.

— Parece que ela quer que sejamos inimigas por causa da traição do Rômulo. Viviane, acho que poderíamos fazer perguntas para podermos nos conhecer.

— Uma boa ideia. - Viviane sorri para a irmã, torcendo que esses 16 anos e cinco meses longe uma da outra, fizesse elas terem uma conexão de irmãs.

— Qual é o seu maior medo? - Tatiane começa perguntando.

— Por mais bobo que seja para muitos, eu tenho medo de falar em público, minhas mãos ficam suando e acabo gaguejando. Qual é o seu?

— Eu tenho medo de aranhas. Um pavor só de imaginar.

— Agora eu pergunto, quais trejeitos, ou características dos seus pais espera não ter herdado?

— A frieza da Roberta e a infidelidade do Rômulo. E você?

— O preconceito da mamãe

— Qual foi a coisa mais inútil que já comprou? - Tatiane sorri para a irmã, as duas já deitadas lado a lado.

— Um suporte de tablet para cama e uma roupinha para cachorro, detalhe não tenho nenhum cachorro.

— Meu Deus, fico até imaginando você percebendo sobre a compra da roupa.

— Foi bem hilário e qual foi a sua?

— Eu comprei um suporte automático de celular para pôr no carro. Só me falta agora o carro. Mas antes tenho de tirar a habilitação.

E assim foi praticamente a noite toda, elas se conhecendo e percebendo como é bom ter uma irmã do qual pode sempre contar, já que Viviane tem apenas irmãos mais novos e Tatiane tinha apenas suas amigas e que não contava tudo o que sentia.

Olhos de avelãOnde histórias criam vida. Descubra agora