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- Nop. Nenhuma passagem pela polícia. - Kim Yerim era quem falava. Uma criança prodígio que cresceu e se tornou hacker ao invés de um diploma qualquer como sua família queria.

Yeri era prima de Joohyun, também era a caçula da família, tendo dezoito anos e uma grande habilidade de entrar em sistemas e conseguir informações. Não era certo, Joohyun sabia, e mesmo assim usava a mais nova quando queria descobrir algo. Como era o caso agora.

- Tá, mas e na escola? - A Bae pergunta, queria saber tudo sobre a vida da mulher que está com sua filha em sua sala de estar.

- Ela não era gênio como você, mas mantinha notas até que boas. - A Kim dizia. Fazia uma chamada de vídeo com sua prima e olhava as informações em seu computador. - Tá dizendo aqui que ela fazia parte de um projeto contra o bullying na escola. Que linda toda cuidadora dos menos favorecidos. Mais fácil ela sofrer na sua mão do que você na dela. - Yeri termina sua leitura e olha para Joohyun no final de sua última frase, apenas para receber um olhar de fuzilamento da outra.

- Tem certeza que não tem nada contra ela? Ninguém é tão bonzinho. - Joohyun persistia.

- Não tem nada. Acredite, se tivesse eu saberia. - Disse convencida. - Agora eu preciso desligar. Não esquece de fazer meu depósito.

E desligou.  Joohyun negou com a cabeça e mandou o comprovante do depósito já feito por SMS. É claro que sua queria prima não faria nada se não fosse receber algo em troca.

Enquanto isso Seulgi está no andar de baixo respondendo de forma rápida as mensagens de sua amiga Wendy.

"VOCÊ FICOU MALUCA?"

Essa era a mensagem. Wendy estava ciente da situação não muito favorável de sua amiga, mas aceitar um emprego que lhe foi oferecido de uma forma tão diferente, para não dizer peculiar,  era loucura demais não?

"É que eu não tenho o que perder, então se eu não morrer vou ter dinheiro pra pagar o aluguel."

Brinca a morena. Wendy tem a noção de que o senso de humor de sua amiga é estranho, sempre foi assim. Seulgi não levou uma vida fácil e constantemente tinha aquela reação de desdém ou sarcasmo. Seulgi não tinha medo do perigo.

"Se ela não te matar, eu vou!"

É a última mensagem de Wendy, sem respostas, porém. Seulgi resolve guardar o aparelho. Voltando o olhar para a criança em sua frente.

Seulgi sorri ao ver a pequena de sobrancelhas franzidas tentando se lembrar qual era a pronúncia correta para a junção da letra x com a vogal a.

- É como um som de chiado. - Ela diz. - Shh - Imita o som. - E a, que você vai ver muito em toda sua vida. É uma vogal bem comum. - Explica, se aproximando da pequena, sentando-se ao lado da menina.

- Xa? - A pequena responde, com dúvida sobre estar certa ou não.

- Isso! - Seulgi responde sorridente e bate palmas. A alegria da mais velha faz com que a criança também se sinta contagiada.

- Eu acertei? - Perguntou e recebeu dois polegares para cima como resposta.

- Agora vamos tentar a próxima, com o mesmo som de chiado. - Seulgi aponta para a próxima sílaba no caderno da menor. - x com i?

- xi? - Pergunta a menina, olhando para sua babá.

- Não sei, xi? - Seulgi vira a cabeça pensativa, mas não hesita em sorrir. - Se eu fosse sua professora não iria gostar de perceber essa dúvida toda na sua voz.

- xi! - A menina diz mais convicta. - Tem chiado, como você disse, então todas elas se lê assim, né? - Pergunta sorridente por ter finalmente entendido.

- Isso mesmo pequena. - A Kang aperta de leve o narizinho da menina antes de se levantar e erguer a criança junto com o ato. - Você é tão inteligente, sua mamãe deve estar muito orgulhosa de você.

- E você tia Seul? Também sente orgulho de mim? - Pergunta e pega a mais velha de surpresa.

- Mais é óbvio que eu sinto, meu amor. - Seulgi roda a criança em seu colo e recebe uma gargalhada gostosa.

Não muito distante, em um dos degraus da escada, mais precisamente ainda no início dela. Estava Joohyun a olhar a interação das duas no andar de baixo. Seja uma coisa boa ou ruim, Karina tinha se apegado muito rápido a sua nova babá.

Joohyun sorri ao ouvir Seulgi responder a pergunta da mais nova, para logo depois desfazer aquele sorriso. O que era aquilo? A mulher estava sendo paga para cuidar de sua criança, o mínino era que a mulher a iludisse dizendo coisas daquele tipo.

A mais velha desce as escadas enfim e assim consegue a atenção das outras duas. Seulgi põe a pequena no chão e assume uma postura mais profissional por estar diante de sua chefe. A Bae cumprimenta sua empregada e logo se abaixa até que esteja frente a frente com sua criança.

- Vamos nos aprontar para o balé? - Pergunta e vê a menina assentir.

Seulgi ainda não sabe dizer se é bom ou ruim o fato da criança parecer tão feliz em ter tantas atividades ao longo da semana. Também não saberia dizer se a animação era genuína ou apenas causada por uma busca por aceitação ou algo do tipo.

Mas Karina ia toda vez. Foi assim no dia anterior, quando teve natação, e agora parecia estar com a mesma animação para a aula de balé.

- Ela parece gostar bastante das aulas. - Seulgi diz, tendo ciência de que talvez não seja educado dizer aquilo, mas ela não queria sentir aquela sensação estranha todas as vezes que Irene estava por perto.

- Quando fomos ao médico, a doutora sugeriu que ela fizesse algumas atividades na parte da tarde também. - Joohyun começa, enquanto segura sua filha pela mão e a leva para o quarto. Seulgi está logo ao lado. - É bom para gastar energia.

- E você escolheu as que ela mais gosta, provavelmente. - Diz a Kang, sem se preocupar em parecer informal demais, aliás Joohyun já tinha dito que não tinha problema lhe tratar da forma menos formal possível.

- Ela quem escolheu. - A Bae dizia, sentindo sua menina soltar sua mão e correr para o guarda roupas onde ela separa seu collant.

Joohyun recebe o olhar confuso de Seulgi e resolve complementar. - Eu levei ela as aulas e ela escolheu o que gostou mais.

- Está me dizendo que uma criança de quatro anos escolheu que queria fazer aulas de piano? - Seulgi pergunta em total descrédito.

Irene decide ignorar o fato de que Seulgi poderia estar lhe chamando de mentirosa e resolve apenas rir e concordar.

- Eu costumava ouvir música clássica quando estava grávida. Beethoven, Chopin, Mozart. - Diz com orgulho. O gosto de música clássica era o que Joohyun mais gostava de se vangloriar. - Nunca aprendi por preguiça, mas acho que ela herdou meu bom gosto para músicas.

Seulgi concorda com a cabeça, de boca aberta. - Realmente. Talvez isso faça com que ela receba um pouco de bullying na escola, mas não podemos esperar que crianças de quatro anos entendam tão bem essa arte. - Ela concluí.

- Você também gosta de música clássica? - Joohyun pergunta. E essa é sua vez de mostrar surpresa.

- Eu aprecio todo tipo de arte. - Ela diz e vai de encontro a criança para lhe acudir.

- Eita, isso é meio apertado, hein pequena. - Diz auxiliando a menina a por seu uniforme para a aula que teria.

Joohyun não pode deixar de rir por olhar aquela cena.

Sem perceber que era a segunda vez aquele mesmo dia que Seulgi a fazia sorrir, de modo inconsciente, mais ainda era por causa de Seulgi.

Procura-se uma babá para minha filha - SeulreneOnde histórias criam vida. Descubra agora