"Eu não vou chorar até dormir como uma otária." Lana Del Rey.
Agosto, 2021.
Carlos nunca retornou com outro e-mail.Shantal se sentiu mal por alguns dias, ela esperava algo grande, algo como uma paixão relevante, que ele comprasse passagens para vê-la, tal como em um filme de romance, queria que ele dissesse que a amava e que jamais parou de pensar nela, mas não foi isso que aconteceu e em partes, a italiana ficou aliviada.
A italiana costumava sair com a filha para um passeio durante o fim da tarde, dentro do carrinho, Edith ia conhecendo um pouco da cidade que sua mãe tanto amava, naquela tarde de quinta feira, Shantal sentou em um banco de frente a praia, antes da faixa de areia.
Tirou seu livro da bolsa e aproveitou os minutos de calma que teria, Edith estava dormindo, então provavelmente conseguiria ficar aproveitando o restinho de luz solar que teria antes do cair noturno. Shantal lia Orlando, de Virginia Woolf, talvez fosse o instante mais tranquilo do seu dia, ela realmente apreciava isso.
A costa em que ela estava era praticamente uma parte marítima, Marselha tem um dos portos mais importantes da França e aquele lado onde ela mora é extremamente perto dos cais em que os barcos ancoram. Shantal nasceu em Capri, litoral portuário da Itália, Marselha era como uma extensão de sua infância, só que melhor dessa vez.
Desde a gravidez, Shantal mudou tanto que às vezes não se reconhecia, mas ela gostava da nova versão, de uma forma ou de outra, ela ainda era a mesma mulher de sempre, mas ao mesmo tempo tão diferente. Edith era tudo o que faltava na vida de Shantal, era sua melhor amiga, ela sorria toda vez que acordava e olhava para sua mãe, aos poucos ela ia preenchendo os espaços que sobraram, tudo era diferente.
Só que um diferente bom.
— Será que um dia você vai gostar daqui tanto quanto eu gosto? — Shantal perguntou, guardando o livro de volta na bolsa, era hora de voltar para casa. — Espero que você cresça logo, assim vamos poder conversar o dia todinho.
O sorriso da loirinha compensava qualquer coisa, por isso, Shantal continuou caminhando até chegar em casa, demorava no máximo uns cinco minutos e a cada minuto ela olhava para sua filha que tinha um sorriso doce no rosto, todo direcionado a mãe. Shan derretia um pouco toda vez que a pequena fazia isso, ela sabia que jamais poderia viver sem esses sorrisos de novo.
Facchini entrou em casa com o carrinho e o deixou no canto da sala, sua casa era aconchegante, o piso era todo em tacos de madeira, dois sofás, de couro marrom, faziam um semi quadrado na sala e ali no meio tinha mesa de centro repleta de livros — ela estava sempre lendo algo.
No canto depois da mesinha, ela deixava um tapete para Edith, bem perto da vitrola onde elas ouviam músicas o dia todo. Ao entrar, ela tirou a pequena do carrinho e a levou para o canto da sala, sorrindo para ela, acariciando sua cabeça e sentindo o cheiro da pequena. A mãe deixou a pequena no tapete enquanto escolhia um disco para ouvirem, era óbvio que seria Lana Del Rey e naquela noite ouviriam o Ultraviolence.
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Love, Piaf| Carlos Sainz Jr.
Fanfiction"Gostaria de ouvir uma pessoa, pelo menos uma, que tivesse a coragem de admitir que já foi covarde pelo menos uma vez na vida." Édith Piaf Algumas pessoas realmente precisam se esforçar na vida, outras exploram as esforçadas. Shantal cansou de ser e...