11| Que seja eterno.

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"A vida é como um sonho; é o acordar que nos mata." Virginia Woolf.

Algum agosto de algum ano.

Shantal não costumava ir às corridas de Carlos, quando ia geralmente ficava na arquibancada ou em algum camarote para a família Sainz. A vida de wag não era e nunca foi seu sonho, entretanto, Sainz adorava quando sua mulher ia ao paddock, gostava mais ainda quando Edith ia junto.

A pequena só foi ao paddock duas vezes, ambas no Grande Prêmio da Espanha. Por ser pequena, ela não entendia muito o trabalho do pai, então Shan optou por assistir as corridas com ela em casa. Desde que começaram a aparecer juntos em alguns lugares — como as premiações da FIA —, Carlos e Shantal tentavam ao máximo preservar a segurança de Edith.

Entretanto, aquele não era o Grande Prêmio da Espanha, era o da Bélgica e era a primeira vez que a pequena assistia Carlos correr fora da Espanha. Mais cedo Shantal havia cedido ao pedido dele de levá-la até a garagem da Ferrari, Sainz queria mostrar a ela como o carro funcionava, afinal, essa era uma das coisas que eles mais faziam juntos.

Carlos vivia presenteando a italiana com novos carrinhos de brinquedo e ela adorava, antes de dormir passava horas brincando nas pistas que eles mesmos montaram. Semanas antes ele havia prometido mostrar a sua "ferrari que corre muito rápido" e ela não deixava Shantal em paz, dia e noite ficava pedindo para ver o carro vermelho.

Sainz também tinha uma grande parcela de culpa, afinal, ficava instigando a menina a pedir para a mãe, mas também fazia sua parte e implorava quase todos os dias. Até que Facchini permitiu essa loucura. Edith estava com o seu cabelo loiro amarrado e toda vestida de vermelho, por incrível que pareça, foi ela mesma que escolheu essa roupa, queria torcer para o pai assim como todos os tifosis.

— Papai, eu posso sentar lá dentro? — ela pediu no ouvido do espanhol e Shantal escondeu um sorriso, a pequena ganhava tudo o que queria quando chamava-o de papai.

Desde que aprendeu a falar, Carlos foi aos poucos tentando ganhar um espaço para chamar de seu, Shantal era cautelosa, tinha medo das coisas darem errado e a filha acabar se iludindo demais, só que ele amava ela, um amor tão grande que provavelmente era maior que o destinado a Shantal, a italiana não sentia ciúmes, pelo contrário, adorava isso nele.

Sainz afastou-a de seu corpo com cuidado, viu as perninhas dela balançando de animação, estava tão feliz que a única coisa que Shantal e Carlos sabiam fazer era sorrir para a filha. A garotinha parecia extremamente maravilhada com tudo, os botões no volante, o banco, o halo, tudo era novo e interessante para ela.

O piloto tinha um de seus braços na cintura de Shantal, puxando-a para ficar bem perto de si o outro ia apontando para as coisas que Edith perguntava o que eram. Ele beijou a testa da pequena e explicou que estava na hora de sair do carro, ela olhou-o com seus olhos pedintes e quebrou o coração dele em pedaços. Carlos não conseguia resistir a nada do que ela fazia.

— O que você acha de dar um beijo na bochecha do papai e a gente ir assistir a corrida com o vovô? — Shantal tentou contornar a situação, pois os olhinhos de Edith começavam a querer lacrimejar.

— Eu queria ficar mais um pouco com o papai — suspirou a pequena, ela já estava se contentando com a distância, mas ainda iria lutar mais um pouco e Shantal sabia.

— Fala com ela, amor — pediu ela, vendo Carlos abrir um sorriso triste e se esticar para pegar a garotinha no colo.

Edith escondeu seu rosto no pescoço do pai e o abraçava com força, Carlos sussurrou algo em seu ouvido e Shantal percebeu que um sorriso enorme surgiu no rosto da garota. Ela não sabia como, mas ele sempre conseguia fazer isso em qualquer momento que quisesse. A loirinha deu um último beijo no rosto do espanhol e ele colocou-a no chão, Edith correu até as pernas da mãe e segurou sua mão.

Love, Piaf| Carlos Sainz Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora