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    Os corredores pareciam lotados. As portas ainda estavam fechadas, aguardando o horário das aulas para abrigarem os estudantes nos seus interiores. 

    Puxou o fone do bolso da jaqueta e o encaixou nas orelhas. As costas se apoiaram contra a parede e os olhos se fecharam. No escuro, era possível notar melhor as notas da canção, do violão acompanhando a melodia. Nem entendia de música. Não entendia de escala harmônica, de clave de sol, de rítmica. Nada. 

    A única coisa que entendia era que a música podia se conectar com seus sentimentos. Quando estava triste, ela estava também. Quando estava feliz, ela saltitava e sorria com ele. 

    Agora ele não sabia como estava se sentindo. Os acontecimentos recentes fizeram uma revolução nos seus pensamentos. Coisas que ele tinha estabelecido há algum tempo, agora ruíam como muros antigos e frágeis. Ideias intrusivas ficavam o bombardeando, crescendo novas dúvidas, novas questões mal compreendidas e necessitadas de respostas. 

    Sentiu uma mão lhe tocar. 

— Bom dia, Taehyung-ssi. — Ele escutou assim que retirou um dos fones. 

— Ah… bom dia, Jieun-ssi. — Ele respondeu, com um breve sorriso.

    Jieun gostava do sorriso de Taehyung. Provavelmente não havia ninguém que não gostasse. O Kim tinha uma aparência muito linda e séria quando não sorria, mas adquiria uma aura angelical e doce toda vez que mostrava a arcada quadradinha. 

— Está tudo bem? — Ela checou, erguendo a sobrancelha.

— Sim. — Ele respondeu, assentindo.

    Mudou de música no fone. Seu momento a sós para se conectar com ela tinha acabado.

— Tem certeza? — Ela insistiu, como sempre fazia.

    Taehyung lhe deu um olhar de canto silencioso. Depois de alguns segundos, negou com a cabeça.

— Tem alguém morando com ele.

    Jieun teve que aproximar o rosto para escutar o Kim. Duvidou do que tinha achado que entendeu da fala baixinha de Taehyung.

— Huh? Tem alguém morando… com ele?

— Sim. 

— Jimin?

— Sim. — Taehyung confirmou, olhando ao redor para se certificar que ninguém tinha escutado eles.

    A garota se remexeu ao seu lado, a expressão retorcida no seu rosto delicado. Taehyung enfiou os dígitos nos cabelos negros lisos e fez cachinhos ao enrola-los na extensão dos seus dedos.

— Eu sei. Eu disse que não iria vê-lo — sua voz saía culpada. 

— Sim… você disse. — Jieun assentiu — Por que foi?

— Eu… — Taehyung disse e pressionou os lábios. — Bom… quando ele disse naquele dia da padaria que tinha alguém importante… eu não sei. Me bateu curiosidade. Mas não esperava que ele estivesse simplesmente dormindo com um garoto tão cedo. 

— O que você quer dizer com tão cedo? — Jieun olhava para o corredor.

    Taehyung quis responder, mas se sentiu meio idiota com a resposta real. Então, mentiu.

— Depois dele dizer publicamente que curte chupar pau. 

— Taehyung…

    Jieun não era exatamente uma ativista LGBTQIAP+. Ela conhecia muito pouco do universo fora do conservadorismo da sociedade, ela reconhecia, e tentava ser um pouco mais mente aberta e aprender as coisas. Então claro que a atitude fechada de Taehyung a dava um certo desconforto. Não conseguia ser dura e brigar com ele, mas também não passaria a mão na sua cabeça. 

Plant boy • JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora