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~|O lobo e seus Irmãos|~

— Vai se fuder.- Ellenora disse socando o ombro de seu irmão, Ronnel.

— Vou todas as noites, sua bastarda.- Rony disse torcendo a pele da irmã, fazendo a mesma soltar um "Aí, caralho".

Ellenora alisou o braço tentando aliviar a dor.— Se ficar roxo o pai vai te matar.

— Tomara que fique.- Disse sorrindo irônico para a mais nova.— Imagino Nestha tentando fazer a cabeça dele para que acredite que seja uma marca de sexo.- Disse baixinho a última parte.

Eles riram com o absurdo que sua madrasta era capaz de fazer. Nestha era a mulher mais sonsa que conheciam.

— Eii, vocês!.- Ouviram a voz da mesma.

— Falando na vagabunda.- Rony disse apenas para os dois ouvirem.

— Que os deuses tenham misericórdia de nós.- Falou no mesmo tom.

Observaram a mulher se aproximar com um sorriso falso. Nos braços segurava o pequeno Loras, seu único filho. Os dois irmãos devolveram o sorriso na mesa intensidade.

— Meu marido está procurando vocês.- Nestha disse assim que chegou perto dos dois enteados.

— Obrigada por nos avisar, madrasta.- Ronnel disse abraçando os ombros da irmã mais nova.— Sabe onde nosso pai está?.- Perguntou dando ênfase em "nosso". Nestha adorava em suas falas excluir o parentesco deles.

— Por nada.- Disse passando o bebê de um braço para o outro.— Ele está na torre.

Ellenora se aproximou e estendeu os braços para o meio irmão. — Oi Loras.- Disse afinando a voz.— Como está, fofinho? Quer ir ver o papai?- Sorriu para o irmão e o bebê bateu palminhas

Elle tentou pegar o irmão, mas o braço de Nestha a impediu. — Prefiro a segurança de meus braços, se não se importa.

— Claro que não. - Disse segurando a vontade de socar a cara da mulher quatro anos mais velha que ela.— Você que sabe o que é melhor para o meu irmão.

— Que bom que sabe disso enteada. Olá Cregan, seu pai está procurando você.- Informou para o mais velho que tinha chegado em silêncio, ouvindo a conversa alheia.

— Obrigada, Nestha.- Agradeceu vendo  a mesma de afastar.— Uma porra dessa não sabe nem da galhada que tem na cabeça e vem querer achar o que é melhor para o bebê que ela nunca nem trocou uma fralda.

Ambos os três riram.— Cuidado Crey, papai disse que vai cortar a língua de quem insinuar sua infidelidade.- Ronnel disse recuperando o fôlego.

— Ou te deserdaria. Winterfell teria que ficar para você, Rony.- Ellenora disse dando tapinhas no ombro do irmão.

Ronnel fez uma careta e apontou para o irmão mais velho enquanto andavam em direção a Torre.

— É bom você ficar de boca fechada, entendeu? Eu te mato se tiver que me tornar lorde de Winterfell um dia.- Ameaçou.

Cregan riu com escárnio.— Homens matariam para ter o que você tanto repudia.

Ronnel revirou os olhos.— Eu repudio responsabilidades, irmão. Prefiro continuar sendo o segundo filho irresponsável que só pensa em foder.

— Talvez ele te obrigue a casar quando virar Lorde, irmão.- Ellenora disse se enfiando no meio dos irmãos e entrelaçando os braços nos deles.— Mamãe voltaria dos mortos só de raiva.

— Ela poderia aproveitar e levar a puta da Nestha com ela.- Rony disse.— Ela poderia jogar nossa madrasta nos sete infernos ou seja lá no que esse povo do sul acredita.

Por mais que sua mãe fosse do Sul e rezasse para Os Sete, eles foram crianças nortenhas, acreditavam e rezavam para os Deuses Antigos. Allena nunca se incomodou com a religião dos filhos, por mais que odiasse o marido, seus filhos não eram sulistas e muito menos Tarlys. Eram Straks, nascidos e criados no Norte.

Allena não gostava de lobos ou qualquer tipo de fera selvagem, mas os seus três filhos eram a sua pequena alcateia.

Cada um de seu jeito. Cregan era um guerreiro, um verdadeiro lorde do Norte. Um homem honrado, talvez o mais honrado que já pisou em Winterfell. Tinha um vocabulário tão perfeito que era raro ouvir alguma palavra de baixo calão sair de sua boca. Se Allena tivesse tempo de desejar alguma coisa, teria desejado que sua filha conhecesse e se apaixonasse por alguém como ele.

Se a antiga Lady de Winterfell tivesse vivido para ver o que como o segundo filho se tornou, talvez se mataria de tanta raiva que Rony iria lhe fazer passar. Ronnel detestava todo e qualquer tipo de responsabilidade, era a pessoa mais sem filtro que morava no Norte. Um libertino, perfeito. Rickon, seu pai, já havia o ameaçado mandar para a muralha mais vezes do que se poderia contar.

Ellenora, era a que ela mais teria orgulho se estivesse viva. Sua preferida. Elle tinha a língua mais afiada que uma espada Valiriana. Não deixava ninguém crescer em cima dela. A garota juntava um longa lista de possíveis pretendentes, alguns rejeitados é claro. A Lady tinha aversão a casamentos por causa do casamento dos pais. Preferia ir para a muralha a ter que se casar. Talvez ela e Ronnel fizessem uma boa dupla lá.

— Pai? Nos chamou?.- Crey disse assim que chegou no topo das escadas, Rony e Elle estavam logo atrás.

— A cobra.. perdão, sua esposa nos avisou.- Ronnel corrigiu o erro proposital.

— Sim, chamei.- O protetor do Norte disse se virando para os três filhos.— Cuidado de como fala da Lady de Winterfell.

— Minha mãe que era a Lady de Winterfell, e vai continuar sendo. Sua esposa é apenas uma.. uma.- Procura as palavras. — Companheira de cama?

Aquele foi o estopim, Rickon foi para cima do filho. A pequena confusão que se instalou na torre foi o suficiente para um pequeno acidente acontecer. Ellenora se desequilibrou com a maneira que seu pai jogou Rony contra a parede tão próximo dela que acabou caindo nos degraus de pedra. A garota praguejou ao sentir a dor nas costas.

— Olha o que você fez, seu irresponsável!.- O pai gritou largando o filho e descendo os degraus para socorrer a filha.

— Eu fiz?!.- Ronnel gritou indignado. — Você que me atacou!

De todos os filhos, Ronnel era o filho que Rickon tinha a pior relação. Ele odiava o pai por te feito a mãe infeliz pelos anos que estiveram casados. Odiava que ele traia Allena, como esfregava na cara dela as amantes durante os anos, mesmo que a mesma nem ligasse. Odiava o desrespeito que ele tinha por ela, agradecia aos deuses por Ellenora não se lembrar desse lado da história deles.

E odiava ainda mais o fato dele estar casado com uma mulher que tinha sua idade. As vezes sentia pena de Nestha por ter se casado com apenas dezessete anos, pena essa que se transformava em ódio ao vê-la tentando tomar o lugar de sua mãe. Sentia vontade de matá-la quando a mulher tentava passar por cima de sua irmã, se sua mãe nunca tinha sequer levantado a voz para Ellenora, porque a vadia que tinha acabado de chegar se sentia no direito de fazê-lo?

Rickon ajudou Ellenora a se levantar.— Se machucou, querida?.- Perguntou preocupado

O que você acha? Minhas costas vão ficar roxas e doer por semanas. Elle se segurou para não falar, seu pai acabaria com Ronnel.

— Estou bem, pai. Foi apenas um susto.- Sorriu doce, mesmo que estivesse com vontade de chorar de dor.

O pai ajudou a filha a subir o restante dos degraus e se virou para o segundo filho.— Eu ficaria a tarde inteira aqui listando o que você faz de errado. Agradeço aos Deuses que Cregan é meu herdeiro. Winterfell estaria perdida em suas mãos.

Rony abriu a boca para retrucar, mas Ellenora o interrompeu antes que outra briga se instalasse alí.

— Porque nos chamou, pai?.- A Lady perguntou parando de costas para Cregan.

O Lorde de Winterfell piscou ao se lembrar do que iria falar. — Céus, esqueci completamente. O rei Viserys Targaryen me convocou para jurar lealdade a sua herdeira, Rhaenyra.

 winter winds | Daemon Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora