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|O Lobo e o Prazer|

2 anos
depois

Kings Landing fedia a urina.

Ellenora demorou um ano para constatar que esse era o real fedor da cidade. Nos primeiros meses achou que era apenas um fedor de época, como as plantas soltam um cheiro em determinada estação.

Mas aí, um ano se passou e o fedor não foi embora. Elle sabia que nunca conseguiria se acostumar com isso. Ela era uma mulher do Norte, acostumada com o ar gelado e cheirando a pinheiros. A Natureza.

Dois anos disso. Setecentos e trinta dias sem sentir o cheiro de pinheiros. Setecentos e trinta dias sem ver Ronnel e Cregan. Dois anos longe de casa.

Claro, ainda tinha Rhaenyra. Ela era o único motivo para que não enlouquecesse, mesmo estando a beira da loucura.

- Que tal uma sobremesa de frutas vermelhas?.- A princesa perguntou enquanto caminhavam pelos corredores do castelo. Ellenora bufou.- Céus Elle, é o décimo oitavo dia de seu nome, não é todo dia que se completa essa idade.

- Assim como não é todo dia que se completa dez, quinze e vinte dias de seu nome. É uma data normal como todas as outras.- Ellenora respondeu.- Não vai fazer diferença no dia de ninguém.

Rhaenyra bufou e apressou os passos pelos corredores. Sua ação fez Elle bufar também.

A princesa tentava fazer o possível para que Ellenora se sentisse a vontade no Sul. Mas era impossível. Elle sempre estranharia e nunca se sentiria em casa.

- Vai fazer diferença no meu dia.- Nyra murmurou saindo de perto batendo os pés

- Milady.- Sir Criston a cumprimentou ao passar por ela.

Ellenora observou o guarda seguir Rhaenyra por todo o corredor e virou as costas em direção ao seu quarto quando os dois sumiram ao dobrar o corredor.

A Lady nunca se importou em comemorar o dia de seu nome. Para ela, era uma data normal como todas as outras. O desinteresse começou quando seu pai se casou. Parecia que tudo se tornou sobre Nestha.

Ela se jogou na cama e fitou o teto por alguns segundos. Sentia vontade até das brigas com a madrasta.

Por meses pensou em escrever ou mandar alguém a Daemon com uma carta pedindo permissão para ir ao Norte. Mas seu orgulho não permitiu. Só em pensar na expressão do marido lendo o pedido, Elle desistia na hora.

Ela era basicamente propriedade dele agora. Uma esposa. Incumbida a sorrir e procriar monstrinhos dele. Sempre atrás. Essa era a sua realidade.

Ellenora sentia vontade de vomitar toda vez que pensava que em algum momento Daemon iria querer filhos. Ela não queria isso, não queria ser mãe. E isso era relativamente normal. Algumas mulheres não nasceram para a maternidade, e ela sabia que era uma dessas.

Ela seria uma péssima mãe.

Isso se sobrevivesse ao parto.

Uma batida suave chamou sua atenção. - Pode entrar.- Autoriza e vê sua criada Siera entrar.- Olá Siera.

- Minha Lady.- Ellenora se senta e a loira para em sua frente.- Chegou algumas cartas para a senhora.

- Pode deixá-las aqui na cama e me deixe sozinha.- A morena diz e a criada rapidamente a obedece.

Siera deixa os pedaços de pergaminho perto da Lady e se vira para ir embora.- Siera?.- A loira a olha.- Obrigada.

Ellenora sorri ao ver a loira sorrindo. Siera era a pessoa mais gentil que Elle conhecia. Estava trabalhando para ela a alguns meses, mas sabia que ela ficaria por bastante tempo.

 winter winds | Daemon Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora