UM COMEÇO DIFÍCIL

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Este livro é dedicado a pessoa que mais amo em todo o mundo: meu doce irmãozinho Arthur Fleck.

Meu nome é Elizabeth (mais conhecida como Lizzie) e sou a irmã mais velha desse rapaz que viria a se tornar o Coringa, mas vou começar a história bem do começo. Já vou avisando que ela não é para os fracos, por isso, se você for sensível, é melhor nem ler.

Eu tinha apenas 4 anos quando o Arthur nasceu e apesar da pouca idade, me lembro de cada detalhe desse episódio como se tivesse sido ontem. Era uma noite de tempestade e eu estava sozinha em casa com mamãe, quando ela começou a sentir as contrações. Gritando de dor, ela me mandou chamar uma vizinha para fazer o parto, já que não daria tempo de chegar ao hospital e nem tínhamos plano de saúde.

Sem demora, peguei um guarda-chuva e corri até a casa ao lado para pedir ajuda. Muito prestativa, a vizinha foi ao socorro de mamãe e em menos de 5 minutos, meu irmãozinho havia nascido. Como todos os bebês, ele chorava bem alto, provando que tinha saúde, mas mamãe não parecia muito interessada em sua chegada, pois mal olhou para ele.

Encantada por aquela criaturinha tão frágil, pedi para segurá-lo e algo incrível aconteceu, pois assim que me viu, ele parou de chorar e sorriu para mim. Definitivamente, Arthur era alguém especial.

Como mamãe não quis amamentá-lo, fui eu que tive que dar a primeira mamadeira a ele. Mesmo ainda sendo pequena, achava esse desprezo muito estranho, pois quando estava grávida, ela parecia ansiosa pela chegada do novo bebê. Até hoje não entendo por que ela nunca o amou...

Papai só voltou para casa 3 dias depois, caindo de bêbado como sempre. Ele e mamãe tiveram uma briga tão feia, que acho que a vizinhança inteira escutou. Apavorada, me escondi em meu quarto com o coitado do Arthur que havia acordado com o barulho, mas comecei a cantar e ele se acalmou, dando aquele sorrisinho lindo.

Quando a poeira baixou, deixei meu maninho dormindo em minha cama e fui perguntar para mamãe se estava tudo bem. Ela disse que papai tinha ido embora de casa para sempre e culpou o coitado do Arthur por isso. Não dava para entender: se nenhum dos dois queria outro filho, por que não se preveniram? Por que trouxeram uma criança ao mundo só para ser desprezada? De uma coisa eu sabia: ninguém faria mal ao meu irmão comigo por perto, pois já o amava de todo o coração.

POR TRÁS DE UM SORRISOOnde histórias criam vida. Descubra agora