Capítulo Dois

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   Amélia Pov


Acordei bem cedo naquela manhã para seguir caminho até Union, uma das colônias que se localiza na região. Por estar a cavalo, cheguei um pouco mais rápido na colônia.

Amélia: Bem... parece ser aqui. – Desço do meu cavalo, o amarrando em uma árvore que fica um pouco distante da colônia. – Trate de ficar e esperar por mim. Não penso em ir embora até ver o que essa colônia pode me proporcionar...

Minhas últimas horas naquela colônia foram exaustivas. Durante toda manhã consegui vender apenas alguns grãos de semente e alguns mantimentos, o que resultou apenas em poucas moedas de prata, que não seriam o suficiente para sustentar uma única pessoa.

Cansada de andar de um lado para o outro sem conseguir vender um único grão de semente, sentei-me em uma pedra para descansar um pouco. Pelo pouco tempo que passei na colônia, descobri que a falta de educação dessas pessoas é uma tradição. Em cada porta que eu batia era obrigada a ouvir palavras ofensivas, sem contar das frases preconceituosas delas, frases do tipo "isso não é trabalho para um mulher", "aprenda a se vestir decentemente como uma dama", até mesmo "pessoas como você não são bem vindas aqui". Eu não me surpreendo com essas atitudes, passo por isso todos os dias quando tento trabalhar em alguma vila ou colônia. Mas ainda dói ouvir essas palavras de ódio das pessoas, que ainda por cima se dizem muito fiéis a Deus. Infelizmente vivemos em um mundo cheio de machismo e preconceito, e isso não se pode mudar.

Continuei sentada naquela pedra contando as moedas que havia ganhado trabalhando. Foi quando vi, um pouco distante, um senhor que tentava empurrar uma carreta antiga de mandeira, mas pelo que eu podia ver estava tendo dificuldades. Pior de tudo era ver várias pessoas andando pela colônia e nenhum delas parar para ajudar o pobre senhor.

Amélia: Será que as pessoas dessa colônia tem uma rocha no lugar do coração?!

Levantei de onde estava e fui ajudar aquele senhor com a carreta.

Amélia: Por favor, deixe-me ajudá-lo. – Segurei o cabo de madeira da carreta impedindo que caísse no chão, e realmente estava muito pesada, muito mais do que eu imaginei.

—Muito obrigado, meu jovem. Eu não ia aguentar puxar essa carreta pra fora da colônia.

Amélia: Não precisa agradecer. Eu apenas fiz o que qualquer um deveria fazer.

—De qualquer forma eu agradeço muito, meu rapaz. Eu não sei o que faria se você não tivesse aparecido.

Amélia: Na verdade, Senhor, eu não sou um rapaz.

O velho homem se espantou com a minha revelação. Ele não era o primeiro que se enganava em relação ao meu gênero. Acho que o meu cabelo curto acaba enganando as pessoas, até porque não é normal se encontrar com uma mulher que tenha cabelos muito curtos nessa época. E sou muito julgada por causa disso.

—Então você... você é mulher.  Por favor,  me perdoe. — Apenas dei uma risada.

Amélia: Não se torture. O Senhor não é o primeiro a se enganar. — Comecei a empurrar a carreta pela colônia.

Amélia: Então, pra onde está levando esta carreta?

—Bem... eu preciso leva-lá até a colônia vizinha para fazer uma entrega. Mas do jeito que eu estou, não sei se vou conseguir empurrar tanto peso assim.

Amélia: Eu tive uma ideia. — Paramos de andar mas continuei segurando a carreta. — Se estiver de acordo, posso levar a carreta até onde o senhor quer e fazer as entregas. 

—Ah, menina... eu não tenho certeza se–

Amélia: Se o problema for o dinheiro, não se preocupe, eu não penso em roubar.

Um Amor de Outra Vida - Fear Street 1666 ( Abigail Berman )Onde histórias criam vida. Descubra agora