Insegurança

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As duas garotas caminhavam não tão tranquilas, porém, aproveitando a companhia mais que desejada uma da outra.

A coreana acompanhava a mais nova até sua casa, o que vinha se tornando costume àqueles dias. Havia se passado longos seis meses desde o "acidente" na escada, vinham conversando e se aproximando desde então.

Descobriram não só gostos semelhantes, como também desenvolveram sentimentos profundos e complicados para os pobres corações lidarem. Teriam que olhar nos olhos uma da outra em algum momento e aceitar a realidade.

Era exatamente isso que estava fazendo ambas suarem frio nas noites de outono, andavam lado a lado em completo silêncio. Como se os problemas não falados fossem se resolver magicamente.

Chegando ao destino a mais velha se preparava para mais uma despedida porém, foi surpreendida pela fala inesperada.

— Você também está sentindo isso, certo? – Só percebeu as lágrimas presentes nos olhos da mais nova quando virou, olhando-a preocupada pelo tom de voz choroso. Iria responder entretanto a outra voltou a se pronunciar. — É como se tudo fosse mágico e fantástico, seu sorriso me faz bem, sua voz me faz bem. Até seu abraço me desperta coisas, mas…

— ...É como se faltasse algo que está mais à frente, logo em frente, porém tem um grande abismo que nos impede de tentar alcançar. – Falou embargada em lágrimas, finalmente conseguindo a atenção do par de olhos marejados. Deu um sorriso reconfortante, e concluiu. — Acho que sei como se sente.

Abriu os braços recebendo o corpo trêmulo, talvez pelo frio, ou pelo choro. Talvez os dois. Acariciava tranquilamente as madeixas pretas bem alinhadas e perfumadas, pêssego…

— Eu quero tentar, mas não quero te perder. – Fungou enxugando as lágrimas do rosto.

— Você não vai me perder, nunca. Confie em mim. – A coreana segurava o rosto delicado entre as mãos geladas, observando os olhos acanhados ganharem brilho. — Não sei exatamente o que sinto por você mas, prometo fazer de tudo para manter e descobrir do que se trata. Só prometa pra mim que vai esperar e me ajudar nisso.

— ...Eu prometo.

Trocaram sorrisos tímidos e apertaram o abraço quentinho.

A taiwanesa apenas fechava os olhos aproveitando o carinho que recebia. Os dedos delicados passeavam pelo seu rosto, mapeando cada pedaço.

As respirações pareciam se misturar a cada centímetro de aproximação. Fecharam os olhos em reflexão ao sentir o roçar dos lábios quentes. O selar macio e delicado no momento fazia tudo se tornar especial.

Naquela rua vazia, em frente a casa da mais nova. Sob a luz das estrelas e do grande satélite natural. Sob o silêncio da noite, e o olhar intrigado de dona Annchi pela janela, aquele momento marcava o início de um romance entre duas mulheres que não sabiam exatamente o que fazer, mas apenas o calor do qual compartilhavam já lhes trazia paz e plenitude para qualquer coisa que estivesse por vir.

Ao ouvir a porta da casa se abrir, logo se separaram repentinamente. A anfitriã da casa olhava as duas sorrindo, como se não soubesse o que estava acontecendo há milésimos atrás.

— Filha, você já chegou! Soojin! – Falou descendo os poucos degraus enquanto se enrolava no cachecol azul que usava. — Entrem, por favor, acabei de preparar o jantar. – Shuhua observava nervosa a interação.

— Não sei se é uma boa ideia, senhora Yeh, já está tarde e… – A mais velha colocava a mão direita no pescoço em um claro sinal de nervosismo.

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