Ice and Fire || Aemond Targaryen

Capítulo 3 - Midnight Rain

Fomos anunciados no salão logo junto de nossos pais e fizemos a entrada até a mesa da família, enquanto a música já tocava e várias pessoas conversavam. Reparei que aquela era a sala do trono, conseguia enxergar ele atrás da grande mesa, na reta do rei. A família dele já estava lá, juntamente com a Mão, então restavam apenas nós. Rhaenyra sentou ao lado esquerdo dele, seguida por meu pai, meus irmãos intercalados e o lugar na ponta da mesa ficou para mim. Do outro lado, Alicent, a Mão, Aegon e Helaena, em ordem, e na ponta da mesa, na minha reta, Aemond já estava sentado com a cara fechada. Com a nossa chegada, não demorou para o rei começar a falar, chamando a atenção de todos.

— Meus amigos, estamos aqui reunidos para dar início às festividades em homenagem ao meu filho Aegon pelo vigésimo dia de seu nome. É uma honra pra mim ter toda minha família reunida aqui hoje, por anos eu esperei por isso. Um brinde! — Ele levantou sua taça e todos repetiram o ato.

Olhando para Aegon pude notar que ele estava desconfortável, e bebia quase duas taças de vinho por segundo, logo vejo que o que me falaram sobre ele não deixa de ser verdade. Não sabia muito sobre meus primos, na verdade o único com quem tive contato foi Aemond, e exclusivo a duas trocas de palavras em anos. Helaena parecia ser uma garota legal, ouvi dizer que ela é casada com Aegon, mas não parecia muito feliz ao seu lado, notei rapidamente. O rei continuou com um discurso sobre os feitos de seu filho, mais sobre alguns torneios e seu casamento, não tinha muita coisa a ser relatada em vinte anos.

— Eu também gostaria de fazer um anúncio — Ele continuou, olhei para meus pais que pareciam quase tensos, meus irmãos e eu, claro, não tínhamos ideia do que nos esperava. — Eu convidei a minha querida filha Rhaenyra e sua família juntamente de seu marido, o príncipe Daemon, para voltarem a viver em corte conosco, e ela felizmente aceitou. A casa do dragão unida e forte mais uma vez, algo que eu, em meus muitos anos, sempre sonhei — Seu olhar foi direcionado ao nosso lado da mesa.

— Nós agradecemos essa oferta com muita felicidade em nossos corações, meu pai. — Rhaenyra disse, eu estava sem palavras. Com certeza, estava ansiosa para conhecer a capital, mas não esperava me mudar para cá. O que eles estavam pensando em aceitar isso sem perguntar se nós gostaríamos? O que acontecerá com Pedra do Dragão? Meu pai notou a minha expressão de descontentamento e disse em silêncio "depois conversamos".

— Talvez em alguns anos ainda possamos presenciar alguns casamentos em nossa família, com tantos rostos jovens presentes aqui. — Viserys diz sorrindo, e meus olhos se arregalam, casamento? Aquilo só podia ser brincadeira. Senti Baela apertar minha mão, ela não parecia feliz também.

O salão inteiro bateu palmas com as palavras finais do rei e seguimos nosso jantar, mas não em paz. Não conseguia parar de pensar nem por um segundo. Viemos aqui para uma visita e simplesmente não íamos mais embora? Por que meus pais não nos falaram nada? Meu pai nunca escondeu nada de mim, bom... Que eu saiba. Jogo esse pensamento longe e tento me concentrar em minha comida, mas é difícil.

Olho para o outro lado da mesa procurando encontrar as reações dos outros membros da minha família, era até estranho pensar neles assim. A rainha Alicent não parecia nada feliz e sua tentativa de disfarçar era falha, até aqui do outro lado da mesa. Era nítido que não gostava de nós e a nossa presença na fortaleza não seria nada proveitosa para ela. Otto Hightower se mantinha neutro, mas sendo pai da rainha, tenho minhas suspeitas do que ele sente sobre isso. Aegon e Helaena se mantinham a parte dos assuntos, e de si mesmos, nem pareciam marido e mulher.

Mas quando dirijo meu olhar para frente, na ponta da mesa, encontro o olho bom de Aemond me encarando. Ele tinha uma mão na mesa batendo os dedos freneticamente, impaciente, e outra na taça de vinho, o meu olhar não fez com que ele desviasse, daria tudo para saber o que ele estava pensando naquele momento. Resolvo brincar um pouco e o mando um sorriso travesso para ele, não antes de checar se meus pais prestavam atenção em mim. De longe consigo ver seu peito subindo e descendo devagar, ele respirou fundo. Nervoso, primo? Tento não rir com o pensamento e sigo o encarando, logo ele desvia o olhar e começa uma conversa com a irmã.