Daenys Targaryen
Enquanto Cregan me puxava pelo salão em direção aos outros casais que dançavam a música, meus olhos não desviaram de Aemond. Ele está encostado na porta que abre direto na rua, de braços cruzados e com uma expressão assassina em seu rosto. Eu e meu par iniciamos uma dança lenta e sou obrigada a desviar e olhar para Cregan, sua expressão transmite esperança, é reconfortante. Sorrio para ele, olhando em seus olhos cinzentos, nesse momento sinto como se eu pudesse ver a sua alma, mas por mais que eu tente não consigo a decifrar.
Ele me puxou mais contra o seu corpo, me trazendo um certo calor com o ato, meu rosto fica virado para o seu ombro e, de novo, tenho uma visão de Aemond. Assim que nossos olhares se cruzam, ele levanta uma taça de vinho, recém adquirida, em minha direção e vira o líquido do copo. Ele sai caminhando largando o cálice numa mesa por perto. Não consigo seguir seus passos, já que começo a girar pelo salão, mas não acredito que ele tenha ido embora. Tento me concentrar no calor de Cregan, tento sentir algo. Falho. Não consigo parar de pensar nele.
Enquanto estou nos braços de seu melhor amigo, pelo que eu vi nesses últimos dias, só consigo pensar em alguma forma de fazê-lo me ver. Me ver como uma mulher, não a garotinha que ele pensa que eu sou. Quando finalmente tenho uma ideia, me sinto suja. Eu amo Cregan, ele é meu amigo mais antigo, assim com Aly. Mas nessa noite talvez ele seja um caminho para o fim que eu preciso. Vejo Aemond de relance em outra parte do salão e ele segue nos olhando. Tomo isso como deixa para pousar minha mão livre no peito de Cregan. Ele sorri com meu ato e me olha profundamente nos olhos. Não falamos nada, não é preciso. Droga, o que eu estou fazendo? Por um momento, pensei que nem sequer preciso de Aemond, eu poderia ter tudo o que quisesse bem aqui. Poderia. Deveria.
— O que está pensando? — Ele me pergunta com uma voz suave que nunca o vi usar com mais ninguém, além de Rickon. Ele me pega de surpresa.
— Eu apenas... gosto dessa música. Já ouvi em Porto Real. — Lhe digo, e não é uma mentira. — Até pouco tempo não me deixavam participar de bailes, banquetes... Você sabe.
— Sei, sei sim. — Cregan tira uma mecha de cabelo que escapou da trança e coloca atrás da minha orelha, me fazendo abaixar o olhar tímida. Não posso evitar sorrir com o ato.
— Você está diferente. — Eu digo baixinho como se fosse um segredo. Só nosso.
— É mesmo? — Ele me olha divertido.
— O Cregan que eu conheci era um garoto que só se importava com caçadas e seu lobo. — Ele me gira novamente quando termino e quando volto para o seus braços continuo meu pensamento. — O que eu vejo agora é um homem, um pai que faria tudo pelo futuro do filho e da casa.
Cregan sorri como se eu tivesse lhe dado um tesouro.
— Eu ainda me importo com meu lobo. — Ele diz me fazendo soltar uma risada alta, recebi alguns olhares reprovadores, um especial, inclusive, que está parado no mesmo lugar há alguns minutos, observando. Cregan leva o olhar até onde o meu está, sinto ele ficar tenso, um pouco de frustração talvez? — Aemond se tornou bem protetor com você, não é?
Sua pergunta me pega desprevenida e gaguejo um pouco ao responder.
— Coisa de família, sabe? Sou sua prima mais nova, ele me vê como uma irmã.
— E você o vê assim?
— Ele é meu primo. — Repito. A música muda de tom e me afasto dele. Sorrio e o reverencio, sendo retribuída. — Acho melhor eu dar uma volta pelo salão, gostaria de cumprimentar alguns conhecidos.
— É claro. Perdoe-me se lhe ofendi. — Ele diz preocupado, mas vejo em seus olhos que ele fez a pergunta com um propósito. Afinal, Targaryens são conhecidos pelos seus costumes, não posso julgá-lo por achar algo assim de mim. E ele também não está nada errado.
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Ice and Fire || Aemond Targaryen
FantasíaApós Aemond perder seu olho, e ele mesmo no processo, nunca pensou que se importaria com algo novamente. Não com seu irmão bêbado, não com sua mãe manipuladora e muito menos com o seu pai que só ligava para sua primogênita. Mas para o seu tormento...