Liev Tolstói

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Olá, pessoa! Obrigada por não se esquecer de Vinte minutos e V e continuar acompanhando essa história apesar da minha demora. Sinto muito por demorar tanto pra atualizar :( agradeço demais a você por não ter abandonado esta leitura!

Eu estava com muitas saudades, então por favor não se esqueça de comentar! Espero que goste do capítulo.

Boa leitura.

No meio da noite, ecoa um riso

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No meio da noite, ecoa um riso. É a risada de V. Estico o braço por baixo do cobertor, tateio em busca do corpo esguio. Quero trazê-lo pro meu abraço. Posso sentir o aroma do shampoo de framboesa. Vislumbro seu cabelo espalhado no travesseiro, nuances de rosa pálido e coral. Sinto a presença quente ao meu lado na cama. Mas minha mão não alcança nada. 

É um hábito matinal, então não me espanto. Sei que, ao abrir os olhos, ele terá desaparecido. Só que não tenho escolha.

Esfrego os olhos com força, puxo o celular para ver as horas. Puta merda, são quatro e meia da manhã ainda. O sol não demora, mas que se foda o sol, que se foda o amanhecer. Tenho vontade de pregar os olhos outra vez, tentar recuperar o sonho pela metade. Vou tentar. Pinto por trás das pálpebras os cabelos de V no travesseiro, et cétera, mas não consigo pegar no sono. Às vezes, funciona. Não hoje. 

Afundo de novo no colchão, um colchão de primeira que (me garantiram) ia liquidar pra sempre qualquer problema de insônia. Como é que eu pude acreditar nessa mentira fajuta? Caí em um golpe publicitário. Pelo menos o colchão é macio pra cacete. Tenho que levantar, sei que não adianta tentar dormir de novo. Ah, como eu quero, quero dormir e resgatar o sonho, mas hoje vai ser impossível. 

Hoje é um desses dias em que a gente deseja entrar no banho e escorrer pra dentro do ralo. Queria me dissolver na água, ser sugado pro esgoto. Só hoje. 

Hoje faz um ano desde que eu e V passamos a noite naquele hotel.

Resisto por minutos, é a cama que me cospe pra fora. Eu ergo o meu corpo preguiçoso, deslizo os pés no chão. Gosto do toque macio do tapete entre os meus dedos. Devia ter comprado um tapete pro ateliê, ia ser útil. Só que não adianta mais pensar nisso. A ameaça dos pregos há muito se foi.

Um pé na frente do outro e não demoro sete passos até o banheiro. No apartamento tudo é próximo, eu gosto disso. Não sinto nenhuma falta da casa de verdade com mil cômodos inúteis, ou do aposento único e amplo do ateliê, um monte de espaço vazio onde a gente tinha que caminhar sobre farpas toda vez que queria dar uma mijada.

Levanto o rosto, me obrigo a encarar minhas feições no espelho. A pele muito pálida, cabelos escuros abaixo do queixo, barba por fazer. Sinto que envelheci. Com direito a rugas, olheiras fundas, aquela porcaria toda que saiu na matéria idiota assinada por aquela jornalista idiota. Toda vez que me vejo no espelho, lembro de suas palavras. 

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