ALADO

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Havia um recado preso na geladeira, não havia muita coisa escrita, apenas um breve aviso 'Sr. Winchester, Jack chorou o dia todo, acredito que esteja com cólicas, talvez seja bom o senhor levá-lo ao pediatra. ' Era um recado gentil, Dean era grato de verdade por ela se preocupar com Jack, mas ele seria ainda mais grato se o recado avisasse que asas surgiram em seu bebê!

"Porra!" Sua frustração faz com que a raiva volte e seu punho bata contra a parede da cozinha, o que não é uma boa ideia já que só serve para assustar ainda mais o bebê voador. Felizmente o choro aterrorizado do garoto traz Dean de volta a realidade e o lembra de engolir seus sentimentos e se concentrar no que era mais importante no momento. "Oh não, não, não. Shhh, está tudo bem garoto, desculpe, eu não quis assustar você, Shhh...

Dean tem dificuldades para pegar o garoto, pois as asas de Jack continuam a bater descontroladamente e não parece que ele tem controle sobre quando desce ou sobe, apenas quando ele usa uma cadeira e um lençol é que Jack finalmente desce.

Usando a cadeira para ficar mais alto e o lençol como uma rede, Dean consegue prender as asas de Jack o suficiente para descer o menino até seus braços.

Jack luta contra o lençol, Dean se odeia por estar assustando ainda mais o bebê, mas vale a pena quando ele consegue enrolar Jack e as asas de forma apertada o suficiente para o bebê ficar imóvel – incrivelmente isso parece deixar Jack mais confortável do que desconfortável, embora ele ainda esteja fungando e olhando para Dean com os olhinhos arregalados, como se estivesse pedindo para ser confortado.
"Está com dor?" Pergunta sem esperar uma resposta, surpreendentemente Jack responde acenando, é uma cena adorável e de partir o coração ao mesmo tempo, pois não há nada que Dean possa fazer para ajudar a dor de Jack a passar.

Isso o lembra da primeira vez que Sam quebrou o braço, um fantasma estava assombrando o motel onde eles estavam sozinhos e ele atacou Sam enquanto dormia, felizmente o papai chegou a tempo de nada pior acontecer, infelizmente Sam quebrou o braço e chorou a noite toda de dor, chorou até que Dean deu um beijo aonde doía...

Hum, não custa tentar. Pensou antes de abaixar e depositar um beijo na testa de Jack, isso pareceu acalmar ou confundir o bebê o suficiente para fazê-lo parar de chorar.

"É um beijo de cura." Ele explicou para os olhinhos curiosos que estavam observando-o atentamente. "Eu costumava fazer isso para meu irmãozinho quando nós éramos pequenos, ajuda a passar a dor."

O bebê exclama um suave 'ahhh' como se tivesse compreendido tudo o que foi dito a ele, Dean segura o menino contra o peito e pouco a pouco Jack começa a piscar lentamente, até que finalmente se aconchega e adormece.

Com Jack adormecido e a adrenalina saindo de seu sistema aos poucos, Dean finalmente respira fundo e se senta exausto na cama, o que ele iria fazer agora? Primeiro Cass morreu, depois Dean morreu, mas voltou e agora estava vivendo em 2002 e criando deus, então Cass voltou, mas sem memória, então ele abandonou Dean outra vez, partindo seu coração, agora Jack tinha asas e tudo parecia uma grande conspiração contra a felicidade de Dean...

Seu peito apertou e sua respiração começou a ficar rápida outra vez, ele tenta se acalmar, se concentrar na sensação de ter Jack em seus braços ainda vivo, ainda respirando, ainda ali. Não estava funcionando e suas mãos estavam começando a tremer, de repente ele não sentia mais raiva ou tristeza, apenas dor e pavor.

As paredes pareciam estar se fechando, encurralando Dean como se planejassem sufocá-lo.

"Respira, Winchester, respira..." Murmurou para si, tentando desesperadamente se manter calmo e controlado, ele já havia feito besteira mais que o suficiente por hoje, havia assustado o garoto duas vezes, quebrado uma cadeira e uma grade, ele não precisava fazer mais besteira entrando em pânico! As lagrimas começaram a escorrer pelo seu rosto, silenciosas, mas dolorosas.
Seus olhos se fecharam, ele não queria olhar para Jack, para tudo que o garoto significava, Jack não merecia a raiva de Dean, mas sua mente insistia em culpar o garoto, afinal, quem mais era poderoso o suficiente para fazer tudo isso? Para levá-lo de volta ao passado e trazer Castiel de volta do vazio, embora sem memórias. Dean se sentia horrível por querer gritar com um bebê, por querer exigir respostas de alguém que nem podia falar com ele e que só ficaria assustado outra vez.

O pânico tomou conta de seu corpo, e ele começou a tremer. Cada respiração era uma luta, cada batida do seu coração uma lembrança dolorosa de que ele ainda estava vivo. Seus olhos se abriram procurando por alguém que não estava lá para ajudar a acalmá-lo, procurando seu irmão ou seu anjo, qualquer um que pudesse prendê-lo de volta à realidade. Infelizmente, não havia ninguém, apenas um bebê ainda adormecido e que não podia fazer nada para ajudar Dean... Ele estava completamente sozinho.

Tremendo ele se forçou a levantar e caminhou até a cama, era melhor deixar Jack ali antes que Dean derrubasse o bebê. Ele sentia que estava perdendo a sanidade, tudo estava saindo de seu controle, Jack não estaria seguro com Dean enquanto o Winchester não fosse capaz de melhorar seus problemas e, acredite, ele tinha muitos problemas.

Sammy saberia o que fazer agora... É o primeiro pensamento são que ele consegue ter, mas é descartado rapidamente, seu irmãozinho só tinha 18 anos, talvez 19, e estava vivendo feliz e saudável longe de todas as merdas sobrenaturais que queriam matá-lo, Dean não podia apenas aparecer na casa do seu irmão com um bebê bíblico e pedir por ajuda.

"Droga..." Resmungou ofegante e ainda incapaz de se acalmar o suficiente para parar de tremer. "Vamos, Winchester, quem mais você pode pedir ajuda? Cass foi embora, então quem mais... quem mais poderia..."

Um grito de frustração fica preso em sua garganta, ele não quer ficar irritado, ele não pode ficar irritado.

Vai assustar o garoto, ele pensa, vai afastar o garoto de você, ele repete como um mantra em sua mente.

Seu lábio sangra, mas Dean não grita, sua mão se aperta até os nós dos dedos ficarem brancos, mas Dean se recusa a bater o punho contra a parede.

Sua testa encosta contra a parede e ele fecha os olhos e se força a respirar, pensa na voz de seu pai mandando ele ficar calmo, parar de chorar e ser forte, Dean precisava se recompor, ele precisava ficar calmo!

Respira, garoto. A voz de John repete em sua mente, Dean odiava quando seu pai falava com ele daquele jeito. Respira fundo, Winchester! O que vai acontecer com seu irmão e você se sempre que as coisas derem errado você começar a surtar!

"Eu estou calmo, senhor..." Era mentira.

Está mentindo para mim, filho!?

"Não senhor, eu estou calmo!" Murmurou entre os dentes, seus olhos ainda fechados e o rosto sério de seu pai fixo em sua memória.

Então respire, garoto, se acalme e me diga, o que você vai fazer agora?

"Eu... eu..."

Depressa, Winchester!

"Eu vou... Eu vou me acalmar, e pensar no meu próximo passo, senhor." Respondeu quando finalmente sentiu sua respiração voltar ao normal.

Ótimo, filho, você está bem, garoto, eu estou aqui...

Ele abriu os olhos e mandou a voz de John para longe de seus pensamentos, porque não, seu pai não estava ali, ele nunca estava presente, não quando Dean precisava, era sempre Bobby quem estava lá...

"Oh" Suspirou. "É 2002... ainda é só 2002..."

Ele pega seu telefone e disca um número que pensou que nunca mais iria discar.

THE ROAD SO FAR...Onde histórias criam vida. Descubra agora