ELE

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"Cass, sou eu..." O homem repete pela segunda vez, seus olhos são brilhantes ao encará-lo, ele não faz ideia de que esse homem poderia ser, mas a voz era familiar. "Cass..."

A voz é grave, muito parecida com a voz que ele ouviu antes, mas tão diferente, apesar de ambas soarem cheias de emoção e desespero, faltava o tom rouco que engrossava a voz, o homem na frente dele tinha um tom muito mais suave do que deveria.

"Deveríamos sair." Ele disse sem desviar os olhos do corpo das enfermeiras. Matar era errado, mas parecia certo que as enfermeiras estivessem mortas, parecia certo, pois, mesmo sem conhecer esse homem de olhos verdes, ele parecia seguro, parecia justo. "Conversamos depois, você tem trabalho para terminar e eu não quero mais ficar aqui dentro."

O homem franze a testa, mas não discute, os dois correm pelo corredor e ele tem quase certeza de que já viu essa cena antes, talvez fosse um déjà vu? Era assim que chamavam, certo?

"Espera um minuto, eu vou ascender esse lugar e nós podemos ir embora." Explicou já acendendo o isqueiro e aproximando as chamas do rastro de óleo.

Ele observa pacientemente esperando para ver o que esse homem faria. Era estranho, como se assistir o homem fosse a coisa mais interessante do mundo todo, ele podia passar horas apenas vendo esse homem misterioso falar ou caminhar, era uma boa sensação, mas também estranha, ele não sabia quem ele era ou o que ele era, talvez ele fosse perigoso e esse homem estava o confundindo com alguém, como era mesmo o nome? Cass? Talvez ele estivesse sendo confundido com esse Cass.

Em poucos minutos todo prédio estava queimando e logo isso chamaria a atenção das pessoas, eles precisavam ir embora. O homem gesticulou para ele segui-lo até um carro preto e, sem outras opções, ele foi, sentou-se no banco do passageiro e se virou para assistir à paisagem passando através da janela do carro. Havia um casal correndo juntos para longe do prédio em chamas, dois cães vadios e um caminhão de sorvete, o sorveteiro estava fumando do lado de fora, mas teve que apagar o cigarro quando o fogo do prédio se tornou muito óbvio.

"Então..." O homem começou interrompendo as observações dele, ele não se importou e virou-se para focar seu olhar no homem ao seu lado. "Brincando de paciente? Porque estava naquela clínica, quer dizer, eu sei que sua cura não é boa como antes, mas..."

"Eu fui atropelado por um caminhão." Isso pareceu calar a boca do homem que se engasgou com o ar.

"Hein!? E você está bem? Como..."

"Eu estava caminhando na rua e escutei você chamar por alguém chamado Cass, infelizmente sua voz foi uma distração e eu acabei não percebendo o caminhão."

O homem parecia muito confuso agora, isso era bom, pois ele também se sentia confuso com quem era esse homem e por que sua voz estava na cabeça dele?

"Realmente não se lembra de mim?"

Ele balança a cabeça negativamente e volta a olhar para a janela, inconsciente do olhar ferido no rosto do humano.

"Bem, eu sou Dean Winchester, e você é meu amigo, seu nome é Castiel, você é um... você era..." Dean gagueja, hesitante, mas ele se vira para Dean, curioso e cheio de perguntas que precisavam de respostas.

"Se eu sou o Cass, então o que sou?" Dean abre a boca para responder, mas ele ainda tem perguntas. "Eu sou um homem ou uma mulher? Por que meu corpo parece estranho? Eu escuto sua voz na minha cabeça, mas não sei porque, isso é uma habilidade minha ou eu sou louco? Eu gosto de café? Tentei experimentar um pouco do que as enfermeiras me ofereceram, mas não sei se gostei ou não. E minha família? Eu tenho uma ou sou órfão como o menino morcego que perdeu os pais no beco?"

THE ROAD SO FAR...Onde histórias criam vida. Descubra agora