MERDA SAGRADA

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"O que quer dizer com eu não posso visitar meu irmão?"

A recepcionista do outro lado da mesa dá de ombros, indiferente.

"Desculpe, mas as enfermeiras especificaram que nenhum paciente dessa clinica pode receber visitas, o lema delas é que todos merecem sigilo absoluto, elas são mais como um refúgio para fugitivos de situações abusivas do que um hospital onde qualquer um pode entrar." Ela franze um pouco a testa e acrescenta. "E sendo bem honesta, o senhor me parece um pouco estranho, quer dizer, você entrou depois de ficar rondando nossa clínica e me deu um nome que nem está em nossos registros..."
"É por que meu irmão chegou recentemente, eu já disse..."

"A única pessoa que chegou recentemente foi um homem de aproximadamente 28 anos e que foi atropelado por um caminhão, sinto muito, mas vocês não parecem irmãos para mim. De qualquer forma, eu lamento muito, mas não posso deixa-lo passar."

Dean franze a testa, seu plano de se infiltrar no possível convento parece estar indo pelos ares, ele se esqueceu que era mais difícil mentir sem ter rugas para apoiar o fato de você ter se 'esquecido' do nome do próprio irmão de mentirinha, em defesa dele, faz muito tempo que ele não parece um garoto de boyband.

"Escuta aqui, querida." A mulher cruzou os braços, ela estava determinada a não deixa-lo passar. Dean se apoiou na mesa que separava os dois, discretamente sua mão deslizou para a arma que ele tinha escondida no cos da calça. "Eu só vou entrar e sair, não vou demorar nem dez minutos."

A loira sorriu e aproximou seu rosto do dele, ela exalava um forte cheiro de flor e parecia muito gostosa quanto mais Dean olhava para ela.

"Eu acho que não, senhor, na verdade, você e eu deveríamos sair e fazer outra coisa, o que acha?" Ela mordeu os lábios vermelhos e fixou o olhar nos olhos de Dean.

Ele apenas sorriu. Haviam muitos espelhos ao redor da sala de espera, haviam vasos enormes de flores também e algumas velas aromáticas, toda clinica parecia projetada para exalar paz e tranquilidade, com suas paredes cor de pastel e seus moveis brancos. Tudo isso não era um sinal de bruxaria, poderia ser apenas o estilo que gente rica gostava, mas o fato de que o cheiro das flores era forte e não haviam janelas ou ventilação, isso podia significar que havia um feitiço de charme e que havia uma bruxa por perto, no caso, bem na frente dele.

"Sabe, querida, eu estou velho e cansado, os últimos anos foram uma merda e eu só quero voltar para minha família o quanto antes." Ele saca sua arma e aponta para a testa da recepcionista. "Não é nada pessoal, entende?"

Ela não consegue reagir quando a bala de ferro explode o crânio, o corpo dela cai e o feitiço se desfaz, a clínica finalmente mostra sua verdadeira aparência podre e nojenta. Essas bruxas deveriam ser novatas, ele sabe que Rowena ficaria enojada do estado desse lugar, honestamente, não é por ser bruxa que elas precisam ser porcas!

"Tudo bem, vamos terminar o serviço." Felizmente ele não estava querendo arriscar com a própria vida e foi esperto o suficiente para trazer alguns galões de óleo, o lugar queimaria rapidinho, ele só precisava se certificar que os pacientes estavam todos mortos.

Não tinha sido difícil achar a clínica, haviam relatos de homens e mulheres desaparecidas pela cidade, Dean entrevistou duas famílias antes de entender o que estava acontecendo. Pelo que parece ninguém na cidade se lembra da clínica a menos que seja citada recentemente ou que eles vejam o prédio. Alguns relataram que suas esposas e filhas desapareceram de repente após fugirem com as amigas e algumas mulheres disseram que o marido era um bêbado e fugiu com a amante, a melhor teoria de Dean era que as mulheres se tornavam parte do convento e os homens sacrifício para algum feitiço.

Haviam muitos quartos, mas todos vazios ou com nomes riscados, Dean deixou um rastro de óleo por cada um deles. Apenas no segundo andar que havia um quarto que parecia estar em uso.

Silenciosamente ele espiou pela porta e teve a visão de um grupo de enfermeiras tentando segurar um homem, uma delas conseguiu injetar uma agulha no pescoço, talvez para derrubar o homem, mas parece que não funcionou, pois, o sorriso dela sumiu quando ele se virou.

"Por que você fez isso?"

Dean não conseguiu prestar atenção depois disso.

Não há como ser ele, ele já teria vindo se fosse, deve ser só coincidência, certo? Pensou com o coração batendo forte contra o peito, não havia como o paciente das bruxas ser o Cass, certo? Cass estava morto...
Mas era ele, era Cass, as outras enfermeiras aplicaram suas próprias injeções no anjo e finalmente conseguiram derruba-lo.

"Puta merda!"

Não foi uma boa ideia falar isso em voz alta. Todas as vadias magicas se viraram em sua direção e Dean precisou ser rápido e atirar na cabeça delas, quatro foram mortas antes da arma precisar recarregar.

"Porra!" Ele correu para longe do quarto sabendo que era questão de tempo antes de uma daquelas pragas alcança-lo. Ele tirou a bolsa do ombro e abriu esperando ver munição e granada, talvez até outras armas, mas não, ao invés de armamento tudo que havia eram fraldas sujas que ele precisou guardar na bolsa para o Impala não ficar fedendo, talco e duas ou três roupinhas que ele planejava jogar fora já que o tecido não era do agrado de Jack. "Puta que me pariu, inferno!"

Seu corpo foi jogado contra a parede no fim do corredor e as últimas cinco bruxas saíram do quarto para ficar em frente a ele. Em um pensamento rápido Dean pegou a fralda suja mais próxima e jogou contra o rosto da bruxa de cabelos negros, ela era a mais nova das vadias magicas e não teve um bom tempo de reação para se proteger do ataque fedido da fralda, Dean não esperava que algo acontecesse além de uma exclamação de nojo ao ser atingida por caca de neném, mas foi uma surpresa agradável quando a pele da bruxa começou a derreter e ela começou a gritar.

"O que está acontecendo!?"

"O que ele fez!"

"O que é isso!?"

As vadias pareciam aterrorizadas, honestamente Dean também, principalmente pelo fato de ele ter mexido naquela fralda sem saber o risco que estava correndo, mas ele não estava com tempo para ficar e observar o que elas fariam a seguir. Sem pensar muito ele pegou as outras duas fraldas e jogou na cabeça das bruxas, acertou apenas uma e a outra foi desviada.

Agora havia apenas três vadias magicas e Dean não deu tempo de elas reagirem, jogou talco no rosto delas e esfregou a última frauda no rosto da que estava mais perto dele, as outras duas ele bateu a cabeça no chão e as observou desmaiar enquanto ouvia os gritos de dor das que foram atingidas pelo cocô aparentemente mortal.

"Ok, essa literalmente foi a merda mais sinistra que eu já vi." Ele fala sozinho enquanto desvia com cuidado de todos os restos derretidos das bruxas mortas, era uma visão sinistra e Dean sabe que teria que pesquisar sobre isso mais tarde, mas primeiro ele precisava cuidar de algo, ou melhor, alguém mais importante.

"Cass?" Chamou quando entrou no quarto, mas seu anjo não estava mais deitado no chão. Será que foi tudo uma alucinação? Dean não era estranho a ter alucinações com Cass, principalmente após perder ele novamente. "Droga!"

Seus olhos arderam, ele queria chorar, mas não tinha tempo, ele precisava queimar o lugar e o resto das vadias magicas antes que elas acordassem.

Ele volta para o corredor e pega a bolsa do chão, termina de despejar os galões de óleo no corpo das últimas sobreviventes e então se vira para sair.

"Olá."

Dean trava, essa voz, ele reconhece essa voz.

Eu te amo, Dean.

"Cass."

Era ele mesmo, era Castiel em toda sua glória angelical, bem, mais ou menos, ele parecia diferente, mais jovem, ou pelo menos a casca dele parecia mais jovem, o cabelo estava tão bagunçado como sempre e ele não usava um sobretudo, apenas uma calça preta simples e uma blusa de botão que ficava enorme nele. Ainda assim, Dean não acha que já tenha visto o anjo parecer mais bonito.

"Desculpe, mas nos conhecemos?"

THE ROAD SO FAR...Onde histórias criam vida. Descubra agora