FAMILIA

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Cass não se lembra muito do que aconteceu depois que ele vomitou, quer dizer, ele se lembra de um homem com sotaque engraçado falar com ele, mas ele desapareceu quando alguns adolescentes entraram na igreja e correram para ajudar Cass.

Os adolescentes em questão eram os mesmos que estavam presos na primeira fileira de cadeiras anteriormente, ambos tinham pele escura e olhos verdes, provavelmente eram irmãos. Eles o verificaram e perguntaram se ele tinha alguém para chamar ou algum lugar para ir, doeu dizer a eles que não havia ninguém.

Adhi e Sarah, os irmãos que ajudaram Cass, o levaram para sua casa onde explicaram para os pais o que havia acontecido, escondendo a parte do fantasma é claro, e Cass foi recebido de braços abertos pela família.

O tempo todo que Cass está conversando com as crianças os pais dos jovens tem um olhar que sugere claramente que eles não confiam nele, então ele tenta o máximo possível ficar quieto e agir o mais normal possível para não assustar ninguém.

Collins, a mãe dos adolescentes, ela tem cabelos volumosos e pele da cor do bronze, Cass a acha encantadora. Apesar da desconfiança, ela o trata bem e até faz chá para ele. Ela cheira a açúcar quando oferece uma xícara quente para ele e pergunta como ele gosta do chá para beber.

"Eu..."

Eu nem sei se eu gosto ou não de café. Pensou angustiado. Ele nunca tomou chá, ou não se lembra de ter tomado chá.

Por um momento Cass se preocupa que Collins descubra que ele não é humano e o mande embora, mas a mulher apenas revira os olhos com um sorriso no rosto e diz: "Vocês americanos, honestamente, nunca sabe apreciar um bom chá."

Ela dá a ele um forte café da manhã inglês com um pouco de leite e uma colher de chá de açúcar.

É bom. Ele pensa.

Mas com mel ficaria melhor. Uma voz suspeitosamente parecida com a dele soa em sua cabeça, Cass se pergunta se foi uma memória que ele ouviu.

Joel, o pai dos adolescentes, ele é alto e sem cabelo, sorri o tempo todo apesar de estar claramente preocupado com a presença de um homem estranho em sua casa e perto dos filhos, mesmo assim Joel é educado e dá a ele uma cerveja no jantar que Cass gosta um pouco menos do que o chá, mas que traz memórias das quais ele não lembrava, memórias de noites acordados rindo e conversando com um homem de olhos verdes e risada alta. Cass sente uma saudade imensa ao olhar para o rosto cheio de marcas de riso e pés de galinha, embora nem consiga se lembrar o nome desse homem.

Depois do jantar, ele permanece sentado à mesa desajeitadamente até Collins dizer que ele pode ser útil e ajudar a lavar a louça. Ele gosta de ser útil, e esfregar os pratos e talheres é rítmico e mundano de uma forma que seus dias não são desde que ele despertou. Cass decide que gosta disso também.

Após toda louça estar limpa, ele é conduzido a um quarto de paredes pastel, desprovida de qualquer decoração que sugira personalidade.

O casal o deixa sozinho apenas para verificar seus filhos e Cass decide explorar o novo cômodo que era tão diferente do resto da casa. Tudo ali era de cores neutras e suaves, da cama ao armário e do chão ao teto.

Ao abrir a gaveta da cômoda de madeira branca, ele encontra um punhado de fotos emolduradas de Joel, Collins, Adhi, Sarah e uma terceira jovem, ela é muito diferente do resto da família, com a pele branca e os cabelos loiros, ainda assim ela se encaixa ao lado dos outros e parece feliz e amada.

Eu me pergunto como seria, ter uma vida como a deles...

A porta do quarto se abre e Cass coloca as fotos de volta.

THE ROAD SO FAR...Onde histórias criam vida. Descubra agora