QUEM SOU EU?

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Ele se sentia estranho, seu corpo parecia tão leve...

Suas mãos se levantam... eram suas mãos? Que estranho, elas pareciam tão pequenas, erradas. Ele meio que esperava que elas fossem maiores e mais... qual era mesmo a palavra? Ah, sim, mais afiadas, mais perigosas...

Onde ele estava? Olhando ao redor nada parecia familiar, quer dizer, haviam arvores acima dele e grama abaixo, eram coisas familiares, mas não ajudavam a localizá-lo em um lugar específico.

Com auxílio das mãos e de seus pés (pés que também pareciam errados) ele se impulsionou para cima e ficou em pé. Foi estranho e engraçado, ele cambaleou como se seu centro de gravidade estivesse errado, felizmente ele não caiu.

Como não havia muito o que fazer a não ser caminhar, ele caminhou. Andou por dentre as árvores e pisou sob a grama. Havia coisas familiares conforme ele andava, havia pássaros e musgo, esquilos e nozes, havia até uma colmeia, ele se lembra de gostar de colmeias, ou eram das habitantes da colmeia que ele gostava?

Ele andou e andou até os seus pés sangrarem e deixarem um rastro por onde ele passou, sangrar também parecia estranho, mas certo também. Era como se uma parte dele acreditasse que ele não deveria sangrar e a outra parte ficasse aliviada por sua pele ser fina o suficiente para rasgar e manchar o chão de vermelho.

De qualquer forma, ele continuou a caminhar, mesmo depois que a grama desapareceu e o asfalto surgiu.

Era uma estrada, ele sabe o que é uma estrada, ele esteve em uma muitas e muitas vezes, elas eram usadas por carros e pessoas que usavam carros.

Cass...

"Sim?" Respondeu um pouco assustado por ser chamado de repente e um pouco perturbado pelo som da própria voz, ele não acha que sua voz deveria ser tão... O quê? Ser tão humana? Era isso que estava errado? Ele não deveria ser tão humano?

Não havia ninguém, bem, não alguém que ele tivesse visto pelo menos, quer dizer, ele estava sozinho na estrada, então quem chamou por...

Cass...

Outra vez, na mesma voz, no mesmo tom, na mesma dor.

Por que isso soa como um adeus?

Ele não sabe, ele não entende de onde vem essa voz ou do que ela estava falando, com quem ela estava falando!

Talvez ele tenha se distraído enquanto pensava na voz misteriosa, pois não ouviu o caminhão buzinar quando ele se aproximava em alta velocidade, a única coisa que ele percebeu foi como seus olhos se encheram de lagrimas de repente. Mesmo quando ele foi jogado para longe com o impacto do veículo ele não conseguia pensar em outra coisa senão a dor em seu peito ao ouvir seu nome se chamado repetidas vezes pela mesma voz.

Cass. Cass. Cass.

Quem exatamente era Cass e porque havia um homem chamando por ele?

THE ROAD SO FAR...Onde histórias criam vida. Descubra agora