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Ghost's

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ACORDEI com uma dor de cabeça imensa, o corpo quente e toda suada. Tive um sonho muito estranho, eu vi o xerife com uma arma entrando em algum tipo de casinha e vi minha irmã com aquela cara de que estava certa.

- Mas que merda foi essa? - Murmurei para mim mesma e me levantei para tomar um banho.

A água gelada caiu sobre minha cabeça e me deu arrepios, esse lugar precisa de um chuveiro elétrico urgentemente.

Sai do banho e vesti minha roupa, um short jeans não muito curto e uma blusa branca, com minha jaqueta preta e coloquei minha tiara vermelha na cabeça.

Hoje tem o festival da colheita, e a presença de todos é obrigatória então todos de Nunca mais tem que ir.

- Uau, essa tiara faz um contraste muito bonito com o vermelho da sua boca, que batom você usa ? - Enid me perguntou enquanto saiamos do quarto.

- Na verdade, eu não estou usando nenhum batom - Eu falei com uma risadinha sem graça.

Enid deu de ombros e nós nos juntamos aos outros.

[...]

Acho que a única parte boa desse festival da colheita é o parque de diversões. Eu estava no brinquedo de tiros quando um menino mais alto que eu parou do meu lado, eu não podia ver seu rosto pois estava atirando nas garrafas mas eu sabia quem era.

- Oi, Xavier - Eu disse sorrindo e me virei para ele.

- Parece que você não é tão boa assim atirando em garrafas - Ele riu e apontou para às únicas duas garrafas que eu derrubei e o resto da tenda cheia de furos - Mais uma rodada por favor - Xavier entregou uma nota de dinheiro ao homem da barraca e eu entreguei a arma para ele.

Ele derrubou todas as garrafas e escolheu o prêmio, uma pelúcia de fantasma.

- Toma, ele me lembra você - Ele me entregou e eu ri. - Porque não foi para a aula ontem à tarde? não vejo você desde o almoço - Ele perguntou com as mãos no bolso, Xavier estava usando uma jaqueta marrom que combinava com o cabelo dele que estava solto.

- Ah, eu pretendia dormir, mas minha irmã chegou e começou a escrever naquela máquina estúpida dela, o som das teclas me dá dor de cabeça - Revirei os olhos.

- Vocês são bem diferentes né? quer dizer, até na aparência, embora vocês sejam iguais - Ele disse olhando para mim e depois olhando para a frente de novo.

- Minha irmã tem algum tipo de problema que faz ela ser uma gótica sem sentimentos com prazer em tudo que é macabro e sombrio - Eu falei e suspirei alto - Mas no fundo eu ainda amo ela - Confessei dando de ombros e ele sorriu.

Nós continuamos conversando até que um menino padrão segurando um taco de beisebol esbarrou em mim e me deu um empurrão.

- Se você acha que vai fugir da gente você tá muito enganada, excluída nojenta! - Ele disparou as palavras contra mim e levantou o taco de beisebol, prestes a me bater.

- Fica longe dela! - Xavier falou tão alto que quase gritou, ele segurou o taco de beisebol do menino e jogou no chão, mas foi acertado por  outro garoto padrão. O impacto fez ele cair sentado no chão.

De repente, Wandinha apareceu do meu lado.

- Não é ela que vocês querem, sou eu, venham atrás de mim! - Ela disse e começou a correr, os meninos foram atrás dela e eu fui ajudar Xavier a se levantar.

- Que merda foi essa? - Ele perguntou irritado com a mão no olho.

Segurei a mão dele e levei ele até uma mesa onde eu tinha deixado minhas coisas, tirei minha garrafa d'água de dentro da bolsa e coloquei sobre o olho dele.

- Isso é o mais próximo de gelo que vamos conseguir por aqui - falei e tirei a garrafa para ver como o olho dele estava - É, com certeza vai ficar roxo - Xavier não disse nada, seu olhar estava diretamente nos meus olhos e eu percebi que nós estávamos próximos demais.

Eu não me afastei, nem ele. Eu estava mais alta porque ele estava sentado na minha frente, e então ele se levantou ficando bem mais alto que eu.

- Vamos pessoal, temos que voltar para a escola - A voz da diretora Weems saiu como um robô pelo alto falante e me tirou do transe.

- é...acho que tá na hora de ir - Xavier passou a mão na nuca e soltou um risinho sem graça.

Eu peguei minha bolsa e nós fomos até o ônibus em silêncio.

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GHOST - xavier thorpe Onde histórias criam vida. Descubra agora