Capítulo 11

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• Maiara •

Os dias que precedem a chegada do coquetel para apresentação da nova campanha da Freedom são corridos e exaustivos. E a pressão sobre Fernando redobrada, já que foi exatamente ele o responsável pelo sucesso da campanha anterior. Anna está eufórica, ela ama esses eventos e vem se mostrando menos competitiva no decorrer dos dias, poderia até dizer que já temos uma certa amizade. O que é bom, porque ela se ofereceu para me ajudar a escolher o vestido que usarei na festa. E estou confiando em seu bom gosto para moda. Como esse é o primeiro ano em que participarei dessa festa, estou exercendo tarefas fáceis.

Mas já não posso dizer sobre meus dias com Fernando, não no sentido da convivência em si, ele tem sido gentil, no entanto, depois da nossa última conversa, a verdade é que de certa forma foi uma decepção saber seus reais motivos. Apesar de notar alguns olhares, não me permito mais fantasiar coisas. No geral, nossas curtas conversas abrangem só assuntos relevantes ao trabalho.

João veio me buscar algumas vezes, e apesar de nossa última conversa não ter saído como planejado, como em todas as outras vezes, ele se desculpou. E eu conheço seu coração, é fácil perdoá-lo. E o mais irônico é que em uma das vezes Fernando nos viu. No entanto, ele passou por nós com um breve aceno e simplesmente seguiu como se eu não fosse nada, ninguém. E acho que essa é a verdade que machuca o meu ego – da porta para fora da empresa eu não sou ninguém. O que é uma contradição, já que nas vezes que ele demonstrou se importar, eu me comportei como uma idiota por isso.

E por que estou lamentando se não sinto nada por ele? Foi apenas um fetiche idiota. Contudo, nas poucas vezes que ficamos sozinhos na sala, devo confessar que está sendo bem difícil, porque não consigo manter meus olhos longe dele. Os pensamentos viajam por todo o lado. Nesses momentos, eu sinto aquela sensação idiota de ser traída pelo próprio corpo. Minha mente me leva sempre para o dia em que nos beijamos e eu pude experimentar um pouco do que é estar com ele.

A verdade é que a atração pelo meu chefe vem crescendo a cada dia que passa, e o fato de ele estar sendo cada dia mais gentil comigo não tem facilitado as coisas para mim. Hoje, Anna não veio, acho que por estar tão empolgada acabou passando mal e a pressão alterou.

Fernando: Srta. Maiara, poderia vir até a minha sala, por favor? — A voz de Fernando me traz de volta à realidade. Estive tão concentrada que nem me dei conta que já havia passado da hora de ir embora.

Pego sua agenda e alguns papéis com a última lista de convidados, ele pediu que eu fizesse algumas alterações. Com tudo em mãos, eu sigo para sua sala.

Fernando está sentado à sua mesa, repleta de papéis espalhados. O cabelo é uma completa bagunça. O paletó sobre as costas da cadeira. A gravata tem o nó frouxo e alguns botões estão abertos. É a primeira vez, desde que estou trabalhando com ele, que o encontro tão despojado. Ele parece preso em mil pensamentos. Atrás dele, na parede de vidro, o céu está escuro, denunciando que a qualquer momento a chuva irá desabar.

Maiara: Pois não, sr. Fernando.

Ele ergue os olhos para mim.

Fernando: Checou a confirmação dos convidados?

Confirmo, ele então faz sinal para que eu me sente.

Aproximo-me de sua mesa e estendo os papéis em sua direção. Seus dedos acidentalmente tocam os meus quando ele pega os papéis e é inevitável não sentir uma descarga elétrica percorrer todo corpo.

Fernando: Tenho te sobrecarregado nos últimos dias, não é?

Maiara: É o meu trabalho, não se preocupe...

Não se apaixone por mimOnde histórias criam vida. Descubra agora