Capítulo 22

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• Maiara •

Sigo João, ainda atordoada com tudo o que aconteceu nesse curto espaço de tempo. Confesso que a conversa com Anna me desestabilizou, deixando-me ainda mais confusa a respeito do que houve entre mim e Fernando e, sobretudo, a forma com que ele me tomou para si algumas horas antes. O jeito como me beijou, a ânsia por me ter em seus braços, pela primeira vez ter gozado dentro de mim sem preservativo, mas ele garantiu que estamos seguros, e acredito nisso. Fernando confunde todos os meus pensamentos. Ele me afasta e com a mesma facilidade me traz de volta para si. E agora, simplesmente me exibiu na frente de toda a elite de São Paulo, para me provar de alguma forma que não quer me esconder do mundo.

Deveria me sentir feliz por isso, certo? Deveria contar a João o que está acontecendo entre mim e meu chefe e voltar para ele, para o seu lado, e deixá-lo me levar para a sua casa. Mas não é isso que faço, porque uma parte minha, a parte sensata, está aterrorizada com esse pensamento. Não quero me prender ao pensamento de que ele me quer ao seu lado, para logo no momento seguinte, simplesmente me descartar, dizendo que não é isso que almeja para sua vida. A forma que começamos foi errada. Eu, por minha imaturidade, me deixei levar pelo sentimento desconhecido de ser desejada e desejar alguém pela primeira vez. Mas depois de tudo, não é isso que quero. Não quero viver esse sentimento às escondidas, eu quero mais e não sei se Fernando será capaz de viver algo verdadeiro ao meu lado.

João me conduz em silêncio até o estacionamento do hotel. Ele não disse nada desde o momento em que Fernando se afastou, mas o conheço o suficiente para saber que existem muitas perguntas que deseja me fazer e, por Deus, eu não estou pronta para isso. Não esta noite, não agora, enquanto ainda estou tão confusa.

Quando paramos em frente ao seu carro, faço menção de sair de perto dele, mas sua mão segura meu braço, detendo-me.

João: Agora que estamos sozinhos, exijo que me diga que porra foi aquilo lá dentro? — A voz baixa não esconde a raiva por trás de suas palavras.

Sinto frio na barriga e um sentimento de pânico de antecipação pelo que está por vir. Sabia que João não deixaria isso passar sem que levasse a questão em debate.

Meneio a cabeça em negação e me afasto da sua pegada, dando um passo para longe dele.

Maiara: Não sei do que está falando.

Ele ri e leva as mãos até a cabeça.

João: Por favor, Maiara... Não coloque à prova a minha inteligência. Eu sei o que vi — rosna por entre os dentes. Seus olhos me fitam com atenção, implorando por uma resposta que ele já sabe.

Maiara: Você apenas viu um chefe tirando uma foto com um dos funcionários — argumento, e por Deus, o que estou fazendo? João sabe... Ele me conhece e sabe que estou mentindo. Mas é tão difícil dizer a ele, porque não quero o magoar.

João:  Não... — diz, com um dar de ombros e um sorriso sem humor — O que vi foi um babaca territorialista, mostrando para mim e para todos naquele salão que você pertence a ele.

Maiara: João, pare... — imploro, com um nó na garganta.

João: Parar? Eu ainda nem comecei — esbraveja e eu me encolho. — Desde quando está transando com ele?

Balanço a cabeça em negação, enquanto luto para não desabar.

João: Fale, eu quero saber! — exige.

Maiara: Não há o que te falar. Por favor, vamos embora.

João: Não vou a lugar algum até que me diga desde quando está trepando com ele! — Sua voz sobe algumas oitavas.

Não se apaixone por mimOnde histórias criam vida. Descubra agora