Capítulo 14

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• Fernando •

Quanto tempo é necessário para você se dar conta da grande merda que fez? Porra, eu nunca trouxe outra mulher ao meu apartamento que não fosse Mikelly! Agi feito um adolescente cheio de hormônios, loucamente fodido de tesão, e desde o primeiro momento que empurrei meu pau em sua buceta, eu sabia que tinha algo errado. Mas ignorei a porra toda e transei com minha assistente virgem, depois de jurar que o não faria. E eu odeio tanto essa parte, de ter que reconhecer que eu errei, muito.

Talvez Maiara fosse daquelas que se preservavam para um homem, com essa ilusão de se entregar a ele e serem felizes por toda a vida. E por que diabos eu fui fazer isso? Desde o dia que ela bateu no meu carro, que olhei em seus olhos, soube que ela seria um problema. Sorocaba me avisou e ainda assim me afundei nisso.

E agora estou aqui, deixando-a em sua casa, sendo um canalha escroto, mas de uma forma tão sutil que ela mal se dá conta disso.

Parte de mim se sente perdido e confuso. Eu quebrei a promessa que fiz a mim mesmo de não permitir que nenhuma mulher entrasse na minha vida a ponto de partilhar com ela algo pessoal. E estava cumprindo essa promessa até hoje, quando fiz a merda de levar Maiara para meu apartamento. Eu deveria ter feito como sempre faço com as outras que passam por minha vida – um jantar em um lugar agradável e terminar a noite em uma suíte de hotel. Estava tão cego de desejo, tão inebriado pela vontade de tê-la em meus braços, que apenas me deixei levar pelo sentimento que me envolvia naquele momento.

Dirijo devagar pelas ruas, preso a mil pensamentos. Até mesmo o rádio está distante. Chego e vou direto ao meu quarto e rapidamente me jogo em minha cama. Fecho os olhos e ergo a mão, tocando a foto fria de Mikelly no porta-retratos, tentando buscar na minha memória a sensação de como era tocar sua pele. Todavia, tudo o que minha mente consegue oferecer é a lembrança da suavidade da pele de Maiara, seu cheiro doce e a forma terna e submissa com que ela se entregou a mim.

Merda! Isso não pode estar acontecendo! Onde diabos eu estou com a cabeça?

Tento dormir, já deveria ter feito isso, e mesmo estando tão frio lá fora, aqui sozinho, enlouquecendo, parece pior.

Pela manhã, a sensação é de ter sido atropelado. Não desmarco meu compromisso com Sorocaba e minha irmã, ela queria um dia com nossos pais no iate. E como a data da partida de Mikelly está próxima e sei como Laura fica tão deprimida, eu a incluí no passeio. Mas juro que se soubesse como estaria hoje, desmarcaria tudo, no entanto, não faço isso e meu dia é preenchido com conversas entre família e amigos em meu iate de luxo.

A paisagem de tirar o fôlego deveria ao menos me fazer relaxar. Mas não consigo e Sorocaba percebe isso. Enquanto minha irmã e Laura tomam um drinque na sala de visualização semi-submersa com meus pais, eu e Sorocaba ficamos no bar.

Sorocaba: O que está acontecendo? — diz, se servindo de uísque.

Fernando: A velha tensão por novas campanhas. — Viro meu copo, enquanto ele me analisa cautelosamente para logo dar um sorriso torto.

Sorocaba: Como se atreve a mentir para um investigador? — diz, esnobe. — Perdeu mesmo o respeito.

Fernando: Eu te respeito, e muito, mas está equivocado.

Sorocaba: Então vamos falar sobre meu equívoco. — Solto um suspiro farto. — Transou com a garota, não foi?

Fernando: Puta que pariu, qual seu problema? Pacto com o diabo? — Ele solta uma gargalhada irreverente e acende um charuto. — Está errado, passou longe, na verdade.

Sorocaba: Transou com ela, a garota era virgem e agora está com consciência pesada.

Fernando: Como sabe que...

Não se apaixone por mimOnde histórias criam vida. Descubra agora