capítulo 1

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ELE NUNCA TENTOU me beijar, mesmo quando praticamente dividimos a mesma cama durante metade do verão. E, então, ele se foi. Por cinco – atormentadoras – semanas. Achei que ia morrer depois do segundo dia. Mas hoje, minha tortura acabou. Hoje, Son Heung-min voltou.

Meu melhor amigo e futuro marido.

Não que eu o tivesse informado disso.

Son e eu andávamos juntos desde o jardim de infância. Nós éramos inseparáveis, exceto pelas poucas horas diárias em que ele tinha treino de futebol e eu tinha – bem, um tempo para escrever o quanto eu o amava no meu diário pela milionésima vez.

Jungkook e Son, que eram como Bonnie e Clyde. Como Lois e Clark. Nós éramos os “J&S”, estou falando sério.

A campainha tocou.

Meu coração pulsou contra a garganta conforme jogava o diário de lado, debatendo-me para desenroscar as pernas embrulhadas no edredom. Por fim, caí da cama enrolado nele.

— Estou indo! — Descendo a escada caracol, passei os dedos pelo meu cabelo para dar uma última ajeitada antes de correr para abrir a porta.

Um raio de sol me acertou primeiro, seguido da bela aparência de Son. Seu cabelo preto bagunçado caído na testa, quase tocando seus lindos olhos azuis. Ele vestia uma camisa branca entreaberta, e toda vez eu tinha que me esforçar muito para não babar em sua pele exposta. Mãos enfiadas nos bolsos da bermuda, ele apenas ficou ali e olhou para mim. Então, a boca se curvou no seu típico sorriso malicioso.

— O que foi, Jungkook? Eu sei que está morrendo de vontade de me abraçar.

Abri um enorme sorriso de mostrar os dentes, e lhe dei o abraço de urso que esperava. Ele me arrastou para fora e me girou sob o sol quente com meu rosto enterrado na curva de seu pescoço. Ah, tinha o cheiro tão bom, pele bronzeada e todo Son. Nunca me cansava dessa marca especial.

— Como foi o acampamento? — perguntei depois que ele me desceu.

Ele zombou de mim, enrugando o nariz.

— Uma chatice sem você, de que outro jeito seria?

— Ah, tá! Até parece.

Para o entender completamente, era preciso saber que, além dos biscoitos de queijo com maionese, futebol era o que Son mais amava no mundo. Mas gostei de sua mentira e mostrei a língua para ele.

— Tenha bons modos, garoto. Se você quer me beijar, e só dizer — brincou Son.

O rosto dele estava tão perto que seu nariz roçou o meu. Engoli a vontade de inclinar a cabeça e fazer exatamente isso. Só que eu sabia que ele estava me provocando de novo. Até agora, nunca nos beijamos. Normalmente, eu pegava no sono em seu quarto quando jogávamos videogame, ou ele dormia no meu quando os pais dele faziam viagens de negócios pelo estado. Ele me deixava descansar a cabeça em seu ombro, e até mexia distraidamente no meu cabelo. Mas um beijo? Não.

Eu ia fazer dezessete anos no final deste verão e começava a me sentir um pouco estranho porque ainda não tinha sido beijado.

Mas ninguém além de Son tocaria meus lábios, e se ele precisava de mais alguns meses para perceber que também me queria, eu podia esperar.

— Escuta, quer ir à praia?

Ele rosnou igual a um jaguar, com um canto da boca levantado.

— Infelizmente, tenho que recusar. Vou ver alguns amigos do time no Charlie's.

Meus ombros cederam.

— Sério? Você acabou de voltar, tem o que, dez minutos? Já não viu bastante os caras no acampamento?

Drible Do Amor - Jungkook e RicharlisonOnde histórias criam vida. Descubra agora