capítulo 4

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O Sundae estava gostoso, e Son também, que lambia o sorvete de baunilha da colher. Não consegui tirar os olhos de seus lábios o tempo inteiro em que ficamos no Charlie's. Infelizmente, o garoto parecia uma fortaleza. Blindado. Ele se recusou a me dizer o que precisou dar a Richarlison por deixar que eu jogasse no time. Bem, na verdade ele disse que não devia nada a Richarlison, mas eu não caí nessa.

Às oito e meia da noite, Son me pegou em casa e nos levou para a festa de Richarlison no carro da mãe dele. Eu não tinha noção do que as pessoas vestiam naquelas festas, mas como ainda estava mais de 15 graus à noite – o que não era incomum no norte da Califórnia em agosto – escolhi uma camiseta e calça preta.

A julgar pelo sorriso que ganhei de Son, supus que tinha escolhido a roupa certa.

Quando entramos na rua da mansão de Richarlison, uma longa fileira de carros me mostrou o quão grande era essa festa. Son pareceu pouco impressionado e manobrou o carro, estacionando em um lugar na esquina, mas eu tive dificuldade em fechar a boca.

— Quantos convidados ele está esperando?

— Não sei. Geralmente, são de cem a cento e cinquenta. Se seus pais estiverem fora, o número pode chegar a trezentos.

Caramba, eu nem conhecia esse tanto de pessoas se contasse todos os meus amigos, família e seus animais juntos.

Caminhamos até a entrada e subimos os degraus de mármore até a porta com o teto curvado. A música vibrava através da madeira, então, pensamos que não precisava tocar a campainha. Son girou a maçaneta e a abriu com facilidade.

A música She Doesn't Mind, de Sean Paul, tocava nas muitas caixas de som quando entramos. Corpos esbarravam e se roçavam uns contra os outros em movimentos lascivos que eu só conhecia dos filmes. Vários garotos gritavam, conversando sobre o barulho e bebiam cerveja das long necks ao mesmo tempo em que apalpavam as bundas das garotas que estavam com eles. Algumas pessoas se beijavam sob a luz fraca.

Eu me agarrei ao bíceps reconfortante de Son.

— Nossa, não me deixe sozinho neste lugar.

Ele riu, ou foi o que pensei quando seu peito estremeceu um pouco, porque não conseguia mesmo ouvi-lo. Mas seu braço apertou minhas mãos contra o corpo dele conforme me puxava através do mar de gente. Nem todos eram garotos novos. Parecia que Richarlison também tinha muitos amigos mais velhos, variando de dezesseis a vinte e cinco anos.

Um grupinho da minha sala de história estava no meio da sala. Simone Simpkins agarrou meu braço quando passamos por eles. Eu tive que ler seus lábios para entender que ela queria que eu ficasse com eles.

— Vou pegar algo para você beber — gritou Son no meu ouvido.

Concordei com a cabeça e o vi ir embora com um tremor estranho na barriga. E se ele nunca achasse o caminho de volta para mim neste maldito lugar? A distância que ele colocou entre nós foi rapidamente preenchida pela multidão de estranhos. Merda, eu não deveria ter deixado ele sair.

Voltando-me para as pessoas, tentei entrar na conversa, mas na maior parte do tempo apenas fiquei ali parado e acenei com a cabeça, fingindo entender o que diziam. Simone me entregou uma garrafa de Corona quando Son não voltou depois de dez minutos.

Com sede pelo calor da sala, qualquer coisa refrescante era bem-vinda. Molhei os lábios com a cerveja e então os lambi. Bem, essa coisa não era tão ruim. Tomei um gole de verdade. Um pouco amarga, mas bem apetitosa. Tinha bebido metade da garrafa quando minha cabeça começou a ficar tonta.

Do outro lado da sala, pensei ter visto Son. Eu me despedi das pessoas e fui na direção dos fundos. Tinha menos pessoas por lá, e eu realmente podia me mexer sem me esfregar no suor dos outros. Mas Son não estava em lugar nenhum.

Drible Do Amor - Jungkook e RicharlisonOnde histórias criam vida. Descubra agora