capítulo 17

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Sra. Son atendeu à porta.

— Oi, Sra. Son. o Son está?

Seu rosto, que se iluminou quando me viu, agora se transformou em uma cara de desculpas.

— Desculpe, querido. Por dez minutos você tinha pegado ele em casa.

Que ótimo. Quanta sorte minha.

— A senhora saberia aonde ele foi?

Ela fez que não com a cabeça.

— Devo mandá-lo te procurar quando chegar?

Ela deveria? Franzi o cenho.

— Não. Acho que vou ligar para ele.

Ela sorriu e assentiu, depois, fechou a porta e eu saí, andando desanimado pelo jardim da frente dele. Peguei meu celular, mas de alguma forma, não queria falar com ele desse jeito. Então, digitei uma mensagem.

Onde você está?

Marco Zero

Foram as duas palavras que ele respondeu. E eu nem havia chegado na minha porta ainda.

Fiquei mais animado. Tirei minha bicicleta do quartinho e pedalei até o pequeno lago onde Son e eu tínhamos passado juntos algumas tardes bastantes agradáveis.

Não era bem um lago, estava mais para um açude no meio da mata. Nós costumávamos chamar este lugar de Marco Zero porque há uns dez anos, Son encontrou uma caixa estranha, com seis bolas de metal. Ele afirmou que eram feitos de Trilítio – o famoso composto de energia conhecida para naves estelares. Nós esperamos pelo retorno dos alienígenas por uma semana. Mal sabíamos da existência da Bocha, o estilo italiano de boliche, naquela época.

Eu vi Son sentado no velho tronco que era tão longo quanto um banco de parque. Encostando a bicicleta na árvore mais próxima, passei por cima do tronco caído e me sentei ao lado dele.

Não dissemos uma palavra.

Olhar para o pequeno lago por um tempo nos deu a chance de fazer as pazes silenciosamente.

Quando o concerto de sapos transformou o anoitecer em uma noite romântica, descansei a cabeça no ombro de Son e soltei um suspiro que parecia ter ficado entalado no peito desde a última vez que ele saiu da minha janela.

Seu braço envolveu meus ombros, sua bochecha apertou contra a minha testa. Foi como em todas as diversas vezes em que estive em seus braços antes, totalmente satisfeito, completamente seguro. Mas, desta vez, não senti arrepios. Nada de frio na barriga. Nenhum coração batendo acelerado de euforia. Era como se toda a emoção tivesse se desvanecido de mim.

Por um lado, eu sentia falta disso. Por outro... não. Sabia por que não sentia aquilo agora. Ele me machucou em um nível que estava além do reparo. Mas de alguma forma, até mesmo isso não tinha problema. As coisas mudaram. Nós estávamos crescendo. E eu não podia ficar com raiva dele por causa disso.

— Desculpa. Não pretendia estragar o seu verão sendo o mestre da terra dos babacas — disse ele com o tom muito calmo.

Deixei o pedido de desculpas pairar no ar por alguns minutos. Finalmente, eu me desvencilhei de seu abraço, levantei as pernas no tronco e abracei os joelhos contra o peito, ficando cara a cara com ele.

— Por que nunca aconteceu conosco? O lance do casal, eu quero dizer. Passei mais tempo da minha vida com você do que com qualquer outra pessoa. Nos abraçamos, brincamos, conversamos. Nós fizemos tudo juntos. Por que nunca nos beijamos? — Incrível. Alguém podia pensar que eu tinha entornado meio engradado de soda batizada para ser capaz de balbuciar com tanta sinceridade e não me envergonhar nem um pouco.

Drible Do Amor - Jungkook e RicharlisonOnde histórias criam vida. Descubra agora