O perfume sedutor de Richarlison me envolveu, assim como seus braços. Son me abraçou em inúmeras ocasiões. Mas isso era diferente. Era gritante em comparação com as emoções plácidas que eu experimentava quando meu melhor amigo me abraçava. Esse era mais do que emocionante, de fazer o sangue ferver. Um arrepio percorreu por meu corpo. Eu me afastei do seu abraço.
— Podemos ir? — perguntou ele, não fazendo qualquer esforço para esconder a diversão com o meu desconforto óbvio.
— Para onde?
— Para a praia.
Ela ficava cerca de dois quilômetros de distância. Ele estava de brincadeira comigo? Eu provavelmente cairia morto na metade do caminho.
Concordei com a cabeça e começamos em um ritmo lento, algo que agradeci. De manhã, a rua estava estranhamente silenciosa. Não conseguia me lembrar da última vez que tinha saído a uma hora dessa. Cinco era cedo demais para praticar esportes. Sério. As fachadas normalmente brilhantes das casas que formavam nossa rua, agora estavam num monótono cinza-azulado.
— Então, seus pais ficaram bravos porque você não chegou em casa no sábado à noite? — perguntou ele com a respiração perfeita mesmo depois dos primeiros quatrocentos metros.
Ele realmente pensava que eu ia correr e falar ao mesmo tempo? Minha respiração estava instável, mas consegui responder.
— Não. Meus pais acharam que fiquei no Son. O que está tudo bem para eles.
— Você dorme lá com frequência?
— Você fala como se desaprovasse.
Ele só me deu uma olhada estreita de canto de olho. Caramba, o que foi isso? Ele realmente se importava?
— Então, por que o castigo? — perguntou quando passamos por uma encruzilhada e nos aproximamos do mar. O som das ondas quebrando na praia nos alcançando, quebrando o silêncio da manhã.
— Minha mãe viu meus olhos vermelhos e percebeu que bebi. Porcaria... — Ofeguei. Suor escorria pelo pescoço. — Esqueci seus óculos de sol.
— Não se preocupe. Pode me devolver amanhã antes do treino.
Como ele fazia aquilo? Correr tanto assim e ainda conversar comigo como se estivesse descansando no sofá. Ofegando, apenas assenti. A praia apareceu e alívio tomou conta de mim. Mais alguns passos, eu disse a mim mesmo e fui com mais intensidade. Então, meus pés alcançaram a areia.
E eu capotei.
Deixando-me cair na praia igual a um saco de farinha, rolei de costas e olhei para o céu rosado e sereno.
Richarlison pairou sobre mim.
— O que está fazendo?
— Morrendo.
— Não, não está. Levante-se, nós não acabamos.
— Estou morrendo sim. — Minha respiração pareceu com a de um homem em seu leito de morte, áspera. — Mas não se preocupe comigo. Pode continuar. Tenho certeza de que em algumas horas alguém virá me remover do chão... me desenterrar da areia... seja lá o que for.
Incrível como o som de sua risada me fez desejar ter força para me levantar e continuar correndo só para estar perto dele de novo.
A sorte estava do meu lado hoje. Um momento depois, ele se abaixou na areia também.
Agachado perto dos meus pés, ele... desamarrou meu tênis?
— Ei, mas que mer... — Afastei a perna para longe. — Não se rouba uma pessoa que está morrendo.
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Drible Do Amor - Jungkook e Richarlison
FanfictionNo amor e no futebol vale tudo, certo? Jeon Jungkook espera ansiosamente pelo retorno de seu melhor amigo - e sua paixão secreta - Son Heungmin. Mas quando ele volta de sua viagem só tem olhos... para uma garota. Linda, popular e que faz parte do ti...