Bem resumidamente, Anna Lis foi tentar conversar com o Alec e ele foi um escroto por estar com dor de cotovelo. E depois de ter uma conversa com as amigas, nossa protagonista decide ir atras do cara que ela gosta. Dean. Esse mesmo. Eles dormem juntos e ela acorda na cama dele sozinha. Quando Lis desce para o primeiro andar e escuta uma conversa sem contexto, tudo volta a dar errado outra vez.
Parei abruptamente ao vê-lo encostado no meu carro com os braços cruzados. Vestia um blazer preto e uma camiseta branca por dentro, as roupas formais de sempre. Senti um nó se formar em minha garganta, e em seguida uma avalanche de sentimentos me inundaram, mas o que mais prevalecia entre tantos outros era a raiva.
- Por que saiu daquela forma? - seu tom era calmo e seu olhar parecia me analisar cautelosamente.
Voltei a andar na direção do meu carro, decidida a ignorá-lo. Sabia que se ficasse as lágrimas acabariam caindo e tudo o que eu menos queria era chorar por aquele cretino na frente dele.
- Scott! - Tentou chamar a minha atenção, sendo autoritário ao dizer meu nome.
Estava dando a volta no carro pra ir para a porta do motorista quando fui impedida pela segunda vez só aquela manhã. Baixei o olhar para a sua mão em meu braço e o fitei com desprezo.
- Sei que deve estar pensando que menti pra você, mas Alice é só uma amiga. - disse, com seu tom de voz sério.
Entretanto, eu não acreditava mais.
- Foda-se, eu não ligo. - Tentei me desvencilhar do seu toque, no entanto, Dean não me deixou ir.
- Scott, preciso que acredite em mim! Não pode deixar que um mal entendido acabe com a noite que passamos juntos... - Suplicou. Ele realmente parecia desesperado. - Por favor me deixa te levar pra casa e conversamos no caminho!
- Não vou a lugar nenhum com você, agora, me solta!! - praticamente gritei para que me largasse.
- Lis, por favor! - Dean não me soltou. - Eu não menti pra você. Conheci a Alice em New York e passamos alguns meses juntos, mas acabou a muito tempo atrás porque eu não conseguia tirar você da cabeça.
Dean tentou se explicar, mas suas palavras não causaram nenhum efeito sobre mim. Não quando tudo em que eu conseguia pensar naquele momento, era em como as coisas tinham chegado naquele ponto. Afastei o único cara que sempre esteve ao meu lado e transei com o cara que sempre acabava me magoando de uma forma ou de outra. E por causa desse ato burro eu me sentia ainda mais ligada ao cretino.
Sempre dizia a mim mesma que Dean não tinha mais como me machucar, ele tinha destruído tudo quando foi embora a cinco anos atrás. Mas não era de toda a verdade... e da pior forma possível descobri que Dean sempre seria capaz de arrancar uma parte minha. De me partir sempre que achasse divertido e rir as minhas custas sempre que estivesse entediado. Porque ele era Dean Stone e me estilhaçar era seu passa-tempo preferido.
O encarei por alguns segundos, esperando encontrar algo que me provasse que estava dizendo a verdade, uma parte minha ainda queria acreditar nele. Mas, não encontrei nada além de olhos castanhos medrosos. Talvez o problema fosse a minha confiança machucada ou fosse apenas ele. Voltei a encarar o chão sem ter o que lhe dizer.
- Acredita em mim, por favor! - Pediu outra vez.
- Me deixa em paz, Stone. - Murmurei, sentindo todos os átomos do meu corpo se renderem à exaustão.
- Eu te amo, Lis. Sei que não sou o cara mais confiável do mundo, mas preciso que acredite nisso... Eu preciso de você. - Seus lábios estavam próximos demais. O ar quente que saía das suas narinas batia na região das minhas bochechas, me causando um frio na espinha.
- Não acredito em você! - Cuspi as palavras antes que algo ruim acontecesse. Dean se afastou alguns centímetros, em choque. - Só pedi a porra de um favor! Que não me magoasse outra vez. Por que mentiu para mim, Stone? Por que disse que não estava noivo quando na verdade estava? - Minha vista foi se tornando embaçada aos poucos e minha garganta foi se fechando.
- Lis...
- Ontem foi importante pra mim, Dean. E você fudeu com tudo sem fazer esforço. Eu te odeio por isso, e me arrependo amargamente da noite que passamos juntos. - As palavras foram ditas com desprezo. Seus dedos já não estavam mais ao redor do meu braço e ele me encarava atônito. - Volte para New York, Stone. Se forme, case, construa uma família e viva o resto dos dias da sua vida se lembrando e rindo da garota quebrada que você deixou no passado.
- Por favor, me deixa explicar, e vai ver que tudo não passou de um maldito mau entendido. - Os olhos castanhos do rapaz imploravam por uma chance, brilhavam tanto que jurava que a qualquer momento ele começaria a chorar ali mesmo.
- Vai embora! - Engoli o nó na garganta, sentindo uma lágrima quente rolar pelo meu rosto.
- Não posso ir embora e te deixar aqui...
- Não é como se nunca tivesse feito isso antes. - Resmunguei sarcástica.
- Chega, Scott. Desde que cheguei aqui você só fez me atacar sem me dar a chance de me defender. - Rebateu, sério. - Não fiz nada dessa vez.
- Eu escutei quando a garota se referiu a você como noivo dela.
- Foi uma brincadeira! - retrucou, frustrado.
- Ah, sim. Com certeza...
Dean não me deixou terminar de falar, tomando meus lábios em um beijo desesperado e nenhum pouco gentil. Tentei afastá-lo, mas o rapaz já havia contornado minha cintura me puxando mais para si, colando nossos corpos com certa brutalidade. Tentei gritar para que o idiota me largasse, mas ele se aproveitou do momento, para abrir passagem com a sua língua e aprofundar o beijo. Senti minhas pernas fraquejarem e minha cabeça girar quando senti seu gosto outra vez. O perfume masculino, também, inundou minhas narinas fazendo meu coração errar algumas batidas.
Pôs as mãos em seus ombros, tentando evitar uma suposta queda, e o rapaz apertou um pouco mais o abraço. A cada segundo que se passava o beijo se tornava mais urgente e necessitado, como se não fosse mais o suficiente.
Tentei me lembrar dos motivos daquele beijo ser tão errado, entretanto, o aroma amadeirado que inundava as minhas narinas não estavam me deixando raciocinar bem. Deixei que um gemido escapasse durante o beijo, e percebi quando Dean sorriu contra meus lábios. Por que mentiu pra mim? Senti meu peito apertar quando as memórias me acertaram em cheio. Empurrei o rapaz para longe retomando o controle sobre o meu corpo, e sentindo a raiva crescer dentro de mim.
Olhei em sua direção com a intenção de feri-lo, sentindo náuseas só de olhar para a falsa expressão de dor que o mesmo continha. Passei o dorso da mão em meus lábios fazendo questão de parecer enojada por ter sido beijada por ele.
- Eu sinto nojo de você. - Fitei os olhos castanhos e cuspi as palavras sentindo um gosto amargo na boca.
Girei sobre os calcanhares e caminhei até a porta do motorista. Mas, antes de entrar no carro e sair do estacionamento como se minha vida dependesse disso, olhei uma última vez em sua direção e pude jurar que vi uma lágrima solitária rolar pelo rosto do rapaz.
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Sempre | Melhores momentos
RomancePara aqueles que vivem me perguntando sobre a volta do casal mais odiado e amado do universo literário.