28| Hospital, enterro e saudade

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Lis está prestes a perder mais uma pessoa. Margot é a mãe de um aluno da Anna Lis e elas se tornaram grandes amigas ao longo do livro.

 Margot é a mãe de um aluno da Anna Lis e elas se tornaram grandes amigas ao longo do livro

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Saí para fora do hospital e procurei por um lugar isolado. Disquei um número da garota com os dedos trêmulos e no terceiro toque ela atendeu.

– Lis, querida, não vai acreditar com que eu e o Max estamos jantando... – Mari disparou a falar na frente. Mas para ser sincera não me importava quem quer que fosse, minha amiga estava morrendo e deixando uma criança de seis anos sozinha no mundo.

Quando dei por mim às lágrimas voltaram a rolar pelo meu rosto feito cachoeiras e meus soluços eram altos e desesperados. Estava tão cansada de perder todo mundo...

– Lis... o que aconteceu? Por que está chorando? – Minha amiga indagou preocupada. Porém eu não conseguia falar nada. Sempre que eu lembrava dos fatos, mais sentia vontade de chorar. – Vai ficar tudo bem, querida! Agora, pare de chorar e me diga o que aconteceu. – pediu.

– Não consigo... – Murmurei, com a voz embargada.

– Anna Lis, está me deixando preocupada. Fale de uma vez o que diabos aconteceu!

– Margot está morrendo!

– O que? – a voz de Mariana era menos que sussurro.

– O médico disse que ela não passava dessa noite. – Me forcei a falar outra vez. – Os órgãos já estão todos comprometidos e ela cansou de lutar...

– Eu deveria estar aí... – indagou tristonha.

– O Resultado no final seria o mesmo. Ela vai morrer, Mariana, e vai deixar um filho sozinho no mundo.

– Luca não vai estar sozinho, ele terá você.

– Isso não basta, não sou o suficiente... Luca precisa da mãe. – Voltei a chorar.

Eu não queria que o meu pequenino passasse pelo mesmo que passei. Tivesse uma vida solitária como a minha. Luca merecia mais do que jamais tive...

– Scott! – alguém do outro lado da linha me chamou, e por um instante meu coração parou de bater e o ar fugiu dos meus pulmões.

– Scott!! – Aquela voz soou outra vez e pela milionésima vez senti meu coração se estilhaçar por saber que era realmente ele. Tentei dizer algo, mas as palavras não vieram. O celular ainda se debatia contra a minha orelha pela minha mão trêmula. – Ainda está ai?

Eu queria dizer que sim, mas não consegui. Escutei um suspiro do outro lado da linha.

– Ainda consigo escutar seus soluços, meu anjo... entendo que não queira falar comigo, mas eu só queria dizer que: Estou aqui, sempre estive. Não tanto quanto eu gostaria ou tanto quanto você precisa, mas ainda estou aqui, sentindo toda a dor que está em seu coração como se fôssemos um só. Não deve estar sendo fácil perder outra pessoa importante para o câncer, mas és a mulher mais corajosa e forte que conheço. E ainda tem o garoto... tenho certeza que não estará sozinho, porquê, a amiga da mãe dele é a pessoa mais altruísta e maravilhosa de todo o mundo. Confie em mim. Só dessa vez. Vocês não estão sozinhos.

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