Dean assumiu a empresa da família e está trabalhando em Brasilia. E Lis tenta reatar sua amizade com Alec.
O avistei deitado na grama com o uniforme do time. O braço sobre o rosto e peito subindo e descendo sob a camiseta suada. Me sentei ao seu lado e o mesmo finalmente percebeu minha presença, tirando o braço da frente e me encarando com os olhos azuis mais atraentes de toda a faculdade. Meu ex melhor amigo sorriu sem mostrar os dentes e se sentou, assim como eu. Parecia desconfortável.
- Oi.
- Iae. - Disse, desviando a vista para um ponto fixo nas arquibancadas vazias.
- Faz um tempo desde a última vez que conversamos.
- Faz sim!
- Senti sua falta.
Ele não disse nada, apenas, soltou um suspiro cansado e depois passou a língua entre os lábios.
- O que aconteceu, Alec? Está me evitando a meses como se eu fosse um vírus que destruirá a humanidade. Não atende minhas ligações ou responde minhas mensagens... - Engoli o nó em minha garganta, e voltei a falar: - Achei que de todos, você seria o único que não me abandonaria.
- Preciso ir, estou atrasado. - Alec se pôs de pé rapidamente e logo já estava andando para fora do campo.
Corri atrás dele decidida a não deixa-lo ir sem ao menos uma explicação. Estava ciente de que não poderia forçar ninguém a ficar, mas queria ao menos um motivo para ele sair da minha vida sem mais nem menos.
Mas Adams estava andando muito rápido, quase correndo e eu era uma sedentária com diploma.
- Não acha que está agindo como um covarde? - Gritei para ele, quando não tinha mais esperança de alcança-lo. O corpo de Alec parou bruscamente, e senti um arrepio na espinha quando seu olhar frio foi posto sobre mim.
- Você me deve uma explicação, capitão, e então vou embora! Nunca mais vai precisar me ver... - Senti uma pontada em meu coração ao dizer isso.
Adams sorriu com escárnio, encarando os próprios pés e quando seu olhar subiu para o meu rosto outra vez, eu me vi nele. Já tinha visto algumas vezes a mesma decepção e amargura que havia em seus olhos no espelho.
- Eu me apaixonei por você e você duvidou disso. Se essa merda que estou sentindo não é amor, então porquê diabos dói tanto?
- Alec, eu...
- Não! Disse que queria uma explicação, então aí vai... eu me afastei porquê não suportava mais te ver chorar por outro cara, e mesmo depois de tudo o que fiz, isso não foi o suficiente para te ter pra mim.
Então ele realmente me amava?
- Já tentei de tudo. Transei com centenas de garotas nos últimos três meses e bebi até esquecer meu nome, mas nada resolveu. Você parece uma praga que grudou na minha cabeça e não quer mais sair. - Alec levou as mãos até a cabeça, bagunçando os fios negros e macios. O sol estava se pondo atrás dele, deixando tudo mais teatral. Eu me sentia mal por não poder correspondê-lo, mas também não fazia a mínima ideia de como ajudá-lo.
- Eu sinto muito, Alec. - Falei, andando a passos lentos em sua direção.
- Não mais que eu, pode ter certeza. - O tom de voz amargurado fez meu coração se partir ao meio. - Eu só quero que isso passe logo, Princesa.
- Não posso dizer que vai passar, pois isso nunca aconteceu comigo. Mas posso tentar algo...
- O que?
Segurei o rosto de Adams em minhas mãos e tomei sua boca na minha rapidamente, não dando tempo para que ele se afastasse. O beijo começou lento e dócil, porém, não por muito tempo. Logo Alec segurou em minha cintura e me puxou mais para si, até que nossos corpos estivessem colados e nossas línguas dançassem em uma perfeita sincronia. Quando precisamos de ar, ele finalizou o beijo com algumas mordiscadas em meu lábio inferior e pude ver um sorriso se formar em seus lábios vermelhos.
- Isso foi ótimo, não foi? - Alec, apenas, continuou a sorrir e comecei a me sentir péssima pelo que estava prestes a fazer. - Temos essa conexão inexplicável e esse beijo maravilhoso, mas... não é o bastante. - Seu sorriso foi substituído por uma expressão de decepção. - Como seria se decidíssemos ficar juntos por causa dessa atração que sentimos um pelo o outro, e lá na frente eu simplesmente enjoasse do seu beijo? O que sobraria se isso é a única coisa que nos une como um casal? O que você faria, Adams?
- Foi por isso que me beijou? Para tentar provar mais uma vez que o que eu sinto não é real...
- Eu te beijei porque me deu vontade. Você é o cara dos sonhos, Alec. Lindo, inteligente e sexy... e senti vontade de beijá-lo porque toda essa perfeição mexe com os meus hormônios. Mas não passa disso, entendi? No final é apenas um beijo e não é assim que alguém deve se sentir. - Botei minha mão ao lado do seu rosto, porém, ele se afastou como se tivesse levado um choque e voltou a passar as mãos na cabeça, atordoado.
- Pra me dar um fora não precisava desse showzinho todo. - Cuspiu ríspido. E talvez ele tivesse razão... mas eu ainda tinha esperança de que quando ele me beijasse voltasse a si e percebe-se que na verdade não me amava.
- Eu só queria que soubesse que senti sua falta e que entendo os motivos pelos quais se afastou. Torço pelo dia em que encontrará a sua garota e ela te dará todo o amor que merece...
- Essa garota não existe! - Rebateu seco.
- Sei que existe, e ela está em algum lugar por ai!! - Adams não disse mais nada e o silêncio se prolongou por alguns segundos, e então me lembrei do real motivo de estar ali.
Retirei o convite da bolsa e o estirei em sua direção. O rapaz relutou um pouco, mas acabou pegando e abrindo o envelope.
- Adoraria que estivesse lá. - Sorri esperando por sua resposta. Adams tirou os olhos azuis do papel e os colocou sobre mim.
- Eu não vou. - Disse, simplesmente.
- Certo. - Forcei um sorriso, tentando segurar as lágrimas. Então seria apenas o casal 20 na minha tão sonhada formatura... - Acho melhor eu ir, está ficando tarde!!
Ele se restringiu apenas a um mexer de cabeça, com a atenção sobre a grama verde. Não podia culpá-lo não era? Estava magoado por minha causa e eu entendia bem o que estava passando.
Comecei a andar para longe, deixando Alec para trás. Mordi a parti interna da bochecha tentando afastar as malditas lágrimas, mas estava a um fim de libertá-las.
- Anna Lis! - Escutei a voz de Alec me chamando e me virei em sua direção.
- Na noite em que me encontrou no sofá, seu vizinho me ligou dizendo que estava bêbada e que precisava de mim. Quando cheguei na sua casa você estava dormindo feito uma pedra, e ele tinha ido embora... - confessou.
- Por que só está dizendo isso agora? - Perguntei.
- Achei que teria mais chances com você, se fosse seu príncipe encantado!
- Entendo.
Voltei a caminhar para fora do campo sem dizer mais nenhuma palavra, tentando montar o resto do quebra cabeça. Dean estava lá aquela noite, então porquê eu não conseguia me lembrar dele?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sempre | Melhores momentos
RomancePara aqueles que vivem me perguntando sobre a volta do casal mais odiado e amado do universo literário.