10. I'm not leaving

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Segunda de manhã, começando a ronda, Flyn me pergunta:

_Como foi seu fim de semana?

_Ah, normal, e o seu?

_Foi incrível! Eu fui visitar meu irmão Greg em Nova York, aquela cidade é linda!... Ei, Collin, você tem irmãos?

_Tenho...

Eu não costumo falar do meu irmão.

_Ah é? E onde ele mora?

_Eu não sei...

_Como você não sabe? Ele é seu irmão.

_É complicado...

_Não sabe nem a cidade?

_Eu não sei, porra!

Eu não quis ser grosso, é difícil para mim falar do Ian. Seguem alguns minutos de silêncio, o que é estranho, já que Flyn está sempre falando. Resolvo me desculpar:

_Desculpa cara... É que eu não consigo falar do meu irmão...

_Tudo bem...

Seguem poucos minutos de silêncio, então Flyn volta a tagarelar como de costume.

Recebemos um chamado de atentado ao pudor, que maravilha!

_Isso quer dizer... Que a gente vai ter que prender um cara pelado? - Pergunta Flyn.

_Infelizmente.

Chegando ao destino, um parque local, vemos o indivíduo correndo nu, exceto por seus tênis, fones de ouvido e uma braçadeira, onde estava seu celular.

_Vai lá, Flyn!

_Eu não, vai você...

_Você é o novato.

_Isso não é justo...

_Tá, par ou ímpar?

_Par!

Jogamos par ou ímpar, deu ímpar, eu ganhei.

_Droga! - Ele diz.

Flyn anda até aquele maluco e o pede para parar, e ele para, até ouvir que vai ser preso, então ele volta a correr pelo parque e Flyn corre atrás.

Eu confesso que achei um pouco engraçado, mas depois de um tempo resolvi ajudar. Eu vi para onde o cara estava correndo e me escondi atrás de uma árvore no caminho, e quando ele passou, eu o peguei pelo braço. Assim, eu consegui mantê-lo parado enquanto Flyn o algemava.

O levamos até a viatura, tivemos que segura-lo um de cada lado, ele estava meio instável.

Peguei um jornal no porta-luvas e coloquei no banco de trás, então Flyn o colocou lá dentro.

Ao chegar na delegacia, o indivíduo já estava mais calmo. Flyn o colocou atrás das grades enquanto eu buscava uma roupa nos achados e perdidos.

_Bela apreensão, Collin! - Disse Gunn, rindo.

Richards me chamou até a sala dele, deixei Flyn cuidando da papelada.

_Feche a porta! – Disse o tenente.

Eu fecho a porta atrás de mim e olho para ele, esperando que diga alguma coisa. Ele pega um jornal na mesa dele, o abre e vira a página em questão para mim.

_Que palhaçada é essa?! – Ele me pergunta.

Era um exemplar daquele jornal que Evan havia me mostrado semana passada.

_Do que você está falando?

_Não se faça de desentendido, Burkhart!

Olho mais de perto, fingindo ser a primeira vez que vejo esta manchete.

_Ah, aquele caso do museu. O que tem ele?

_Olha aqui nessa parte: "O policial que desvendou o caso foi Collin Burkhart"! – Ele lê o trecho para mim.

_Nossa!... Que inesperado! – Digo, de modo sarcástico.

Tentei ficar sério por fora, mas eu estava achando a situação muito engraçada. E o melhor é que ele não pode fazer nada quanto a isso.

_Foi você que falou com o jornal?

_Não.

_Eu não quero que isso saia dessa sala, você me entendeu!?

_Eu acho que já saiu... Desvio o olhar.

_Chega de brincadeira, o crédito era meu!

_Não é o que tá escrito no jornal. – Rio sutilmente.

_Chega! Você está suspenso, dois dias!

Agora não era mais engraçado:

_O que!? Você não pode fazer isso!

_Claro que eu posso, eu sou seu superior!

_E qual o motivo?!

_Desacato!

_Mas eu não disse nada!

_Sai da minha sala!!!

Fui avisar Flyn que acabara de ser suspenso e que eu tinha que ir para casa.

_Por quê? – Ele pergunta, pasmo.

_Richards tá puto porque um jornal disse que o crédito do caso do museu é meu.

_Cara... Ele é complicado...

_É... Bom, tenho que ir.

_O quê? Você não vai fazer nada?

_Ele é meu superior, o que eu posso fazer?

_Falar com o superior dele?

_Eu não sei se é uma boa ideia.

_Vai lá! Aposto que o capitão Strother vai ficar do seu lado!

_Tá...

Ando até a porta do capitão e bato nela, ele me diz pra entrar. Fecho a porta e penso um pouco, ele percebe meu receio:

_Sente-se, Burkhart. No que posso ajudar?

_Richards me suspendeu, sem motivo...

_Como assim sem motivo?

_Bom, ele achou um jornal que me dá o crédito pelo caso do museu...

Percebo o capitão dar um leve sorriso de canto, quase imperceptível. Foi ele, só podia ter sido ele que falou com o jornal.

_Eu vou falar com ele. – Ele responde de forma calma. – Não se preocupe, sem suspensão.

O agradeci e saí da sala enquanto ele pegava o telefone.

Procurei por Thomas, e ele estava no mesmo lugar de antes, me esperando:

_E aí, como foi?

_Sem suspensão.

_Não te falei?

Então voltamos à viatura para dar continuidade ao trabalho.

_Ei, Collin! -Flyn olha para mim. – Como você resolveu aquele caso do museu?

_Eu apenas sou um bom observador.

_Só? Cara, você podia ser detetive!

_É, eu podia. – Me lembro que eu sonhava em ser um quando era criança. – Um dia, talvez...

Crimes para esquecer [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora