Segunda de manhã, começando a ronda, Flyn me pergunta:
_Como foi seu fim de semana?
_Ah, normal, e o seu?
_Foi incrível! Eu fui visitar meu irmão Greg em Nova York, aquela cidade é linda!... Ei, Collin, você tem irmãos?
_Tenho...
Eu não costumo falar do meu irmão.
_Ah é? E onde ele mora?
_Eu não sei...
_Como você não sabe? Ele é seu irmão.
_É complicado...
_Não sabe nem a cidade?
_Eu não sei, porra!
Eu não quis ser grosso, é difícil para mim falar do Ian. Seguem alguns minutos de silêncio, o que é estranho, já que Flyn está sempre falando. Resolvo me desculpar:
_Desculpa cara... É que eu não consigo falar do meu irmão...
_Tudo bem...
Seguem poucos minutos de silêncio, então Flyn volta a tagarelar como de costume.
Recebemos um chamado de atentado ao pudor, que maravilha!
_Isso quer dizer... Que a gente vai ter que prender um cara pelado? - Pergunta Flyn.
_Infelizmente.
Chegando ao destino, um parque local, vemos o indivíduo correndo nu, exceto por seus tênis, fones de ouvido e uma braçadeira, onde estava seu celular.
_Vai lá, Flyn!
_Eu não, vai você...
_Você é o novato.
_Isso não é justo...
_Tá, par ou ímpar?
_Par!
Jogamos par ou ímpar, deu ímpar, eu ganhei.
_Droga! - Ele diz.
Flyn anda até aquele maluco e o pede para parar, e ele para, até ouvir que vai ser preso, então ele volta a correr pelo parque e Flyn corre atrás.
Eu confesso que achei um pouco engraçado, mas depois de um tempo resolvi ajudar. Eu vi para onde o cara estava correndo e me escondi atrás de uma árvore no caminho, e quando ele passou, eu o peguei pelo braço. Assim, eu consegui mantê-lo parado enquanto Flyn o algemava.
O levamos até a viatura, tivemos que segura-lo um de cada lado, ele estava meio instável.
Peguei um jornal no porta-luvas e coloquei no banco de trás, então Flyn o colocou lá dentro.
Ao chegar na delegacia, o indivíduo já estava mais calmo. Flyn o colocou atrás das grades enquanto eu buscava uma roupa nos achados e perdidos.
_Bela apreensão, Collin! - Disse Gunn, rindo.
Richards me chamou até a sala dele, deixei Flyn cuidando da papelada.
_Feche a porta! – Disse o tenente.
Eu fecho a porta atrás de mim e olho para ele, esperando que diga alguma coisa. Ele pega um jornal na mesa dele, o abre e vira a página em questão para mim.
_Que palhaçada é essa?! – Ele me pergunta.
Era um exemplar daquele jornal que Evan havia me mostrado semana passada.
_Do que você está falando?
_Não se faça de desentendido, Burkhart!
Olho mais de perto, fingindo ser a primeira vez que vejo esta manchete.
_Ah, aquele caso do museu. O que tem ele?
_Olha aqui nessa parte: "O policial que desvendou o caso foi Collin Burkhart"! – Ele lê o trecho para mim.
_Nossa!... Que inesperado! – Digo, de modo sarcástico.
Tentei ficar sério por fora, mas eu estava achando a situação muito engraçada. E o melhor é que ele não pode fazer nada quanto a isso.
_Foi você que falou com o jornal?
_Não.
_Eu não quero que isso saia dessa sala, você me entendeu!?
_Eu acho que já saiu... Desvio o olhar.
_Chega de brincadeira, o crédito era meu!
_Não é o que tá escrito no jornal. – Rio sutilmente.
_Chega! Você está suspenso, dois dias!
Agora não era mais engraçado:
_O que!? Você não pode fazer isso!
_Claro que eu posso, eu sou seu superior!
_E qual o motivo?!
_Desacato!
_Mas eu não disse nada!
_Sai da minha sala!!!
Fui avisar Flyn que acabara de ser suspenso e que eu tinha que ir para casa.
_Por quê? – Ele pergunta, pasmo.
_Richards tá puto porque um jornal disse que o crédito do caso do museu é meu.
_Cara... Ele é complicado...
_É... Bom, tenho que ir.
_O quê? Você não vai fazer nada?
_Ele é meu superior, o que eu posso fazer?
_Falar com o superior dele?
_Eu não sei se é uma boa ideia.
_Vai lá! Aposto que o capitão Strother vai ficar do seu lado!
_Tá...
Ando até a porta do capitão e bato nela, ele me diz pra entrar. Fecho a porta e penso um pouco, ele percebe meu receio:
_Sente-se, Burkhart. No que posso ajudar?
_Richards me suspendeu, sem motivo...
_Como assim sem motivo?
_Bom, ele achou um jornal que me dá o crédito pelo caso do museu...
Percebo o capitão dar um leve sorriso de canto, quase imperceptível. Foi ele, só podia ter sido ele que falou com o jornal.
_Eu vou falar com ele. – Ele responde de forma calma. – Não se preocupe, sem suspensão.
O agradeci e saí da sala enquanto ele pegava o telefone.
Procurei por Thomas, e ele estava no mesmo lugar de antes, me esperando:
_E aí, como foi?
_Sem suspensão.
_Não te falei?
Então voltamos à viatura para dar continuidade ao trabalho.
_Ei, Collin! -Flyn olha para mim. – Como você resolveu aquele caso do museu?
_Eu apenas sou um bom observador.
_Só? Cara, você podia ser detetive!
_É, eu podia. – Me lembro que eu sonhava em ser um quando era criança. – Um dia, talvez...
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Crimes para esquecer [Degustação]
General FictionEssa obra busca conscientizar o leitor sobre o alcoolismo, a depressão e a importância do tratamento psicológico. Sinopse: Collin Burkhart é um policial novato que não consegue superar um acontecimento traumático de seu passado. Quando seu parceiro...