4. The rookie

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Hoje é segunda, o fim de semana não foi nada interessante e a ronda de sexta foi tranquila, outra palavra para entediante, nada aconteceu.

No horário de sempre, 10 minutos antes de começar o expediente, chego na delegacia e coloco meu uniforme no vestiário. Saindo de lá, sou chamado à sala do capitão, para onde vou imediatamente.

Ao entrar na sala, além do meu chefe, me deparo com um outro policial, mas não era um dos que trabalhavam aqui, ele era novo.

_Burkhart, este é seu novo parceiro, Thomas Flyn. – Diz o capitão Strother.

Flyn se levanta da cadeira, animado, e estende a mão para me cumprimentar. Uma animação dessas eu só vejo em cadetes, deve ser o primeiro dia como policial da vida dele.

_Oi... – Aperto sua mão, com um meio sorriso.

Eu não fui falso, eu só não quis deixar ele desconfortável. É estranho ter alguém no lugar do Shawn, é bem pior do que trabalhar sozinho, mas eu não posso fazer nada quanto a isso, e o novato não tem culpa.

Fomos mandados para fazer a ronda, eu fiquei no volante.

_Gostei dos óculos escuros! – Ele comenta. – A quanto tempo você é policial?

_Cinco meses. - Respondo, sem tirar os olhos da rua.

_E você já prendeu muita gente? - Ele continua.

_Algumas. - Digo, sério, eu não estava muito interessado em conversar.

Ele fica quieto por uns 4 minutos até voltar a falar:

_Sabe, eu sempre quis ser policial, espero que seja tão legal quanto eu imaginei!

Eu apenas fico em silêncio, e ele segue falando por mais alguns minutos sobre a vida dele, não que eu tenha prestado atenção, esse cara fala demais.

Virando a esquina da rua Wharton para a rua 15, vejo uma senhora sendo assaltada por um indivíduo com uma faca. Paro o carro e saio correndo atrás dele, Flyn vem atrás. O sujeito nos vê e corre em disparada com a bolsa roubada.

Ele entra em um beco e eu o sigo, não escuto mais os passos de Flyn atrás de mim. Havia uma grade no meio do beco, o bandido a pulou sem dificuldade. Subi na grade, e enquanto eu descia, vi Flyn do outro lado, apontando a arma pro sujeito. Corro até o infrator, que agora tinha se rendido, e o algemo.

_Mandou bem, cara! - Digo a Flyn.

Eu fiquei realmente impressionado, é uma grande proeza pra alguém que é policial a menos de uma hora.

Com o delinquente algemado, o conduzi até a viatura enquanto Flyn devolvia a bolsa à senhora.

Chegamos na delegacia e colocamos o sujeito atrás das grades, dei o crédito da prisão ao novato, ele mereceu. Quase todos os policiais presentes o parabenizaram. Que belo jeito de começar uma carreira (dessa vez eu não fui sarcástico).

Após preenchermos a papelada do ocorrido, voltamos à ronda.

Se Flyn já estava animado antes, agora ele estava dez vezes mais. Ele ficou falando por horas, durante o percurso, e eu continuei sem dizer nada, até que chegou a hora do intervalo:

_Hora do almoço, o que você quer comer?

É o primeiro dia dele, vou deixá-lo escolher.

_Que tal comida mexicana?

Uma ótima ideia, eu amo comida mexicana.

_Beleza! - Digo, dirigindo até o restaurante mexicano mais próximo.

Pedimos tacos e nos sentamos em uma mesa externa. Era mais difícil ignora-lo quando estávamos cara a cara, cada um de um lado da mesa, então ele me diz:

_Você já deve tá cansado de ouvir sobre mim, porque não fala mais de você?

_Eu não sou lá muito interessante. - Digo, dando de ombros.

Eu não costumo me gabar das minhas habilidades.

_Ah, conta, vai... - Ele insiste, interessado.

_Bom, eu nasci aqui mesmo na Philadelphia, cresci em Lawncrest, estudei no Abraham Lincoln... O que mais você quer saber?

_Sei lá, o que você gosta de fazer?

_Ah, eu gosto de ver séries, baseball, praticar arco e flecha...

_Legal, igual o Arqueiro Verde!

_É! É meu super-herói favorito!

_Que time você torce?

_Phillies.

_Eu também! Claro, é o time da nossa cidade. Tem namorada?

_Nem.

_E que tipo de mulher você gosta?

_Olha cara, gostando de mim já tá bom, eu não tô podendo escolher.

_Que isso, cara? Se valoriza! Não olha agora, oito horas, tem uma mulher que tá na sua.

Olho para onde ele indicou, mas não era para mim que ela estava olhando.

_Na verdade, Flyn, ela tá olhando pra você.

Ele fica meio sem graça, olha para ela e acena, e ela acena de volta. Reviro os olhos. O intervalo de almoço acabou.

_Vamos. – Me levanto.

Flyn pede para que eu espere um pouco, então vai até a mesa daquela mulher e ela dá o número de telefone a ele, sortudo. Ele volta todo sorridente.

_Consegui o telefone dela!

_É, eu vi...

Crimes para esquecer [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora