Quarta-feira, 14:34, eu estava comendo um sanduíche com meu parceiro Shawn na viatura:
_Cara, eu tô te falando, claro que ela vai dizer sim!
Shawn estava apreensivo em pedir a namorada dele, Cathy, em casamento. Eu sabia que ela aceitaria, já faziam alguns anos que eles estavam juntos e eles sempre foram apaixonados um pelo outro.
_10-24 na rua Christian 801! - Escutamos no rádio. - Viatura 51, se dirija ao local!
_Entendido! - Respondo.
10-24 indica que precisam de reforços. Esse endereço era no distrito ao lado, fora da nossa jurisdição, mas precisavam de mais policiais e nos designaram.
Shawn estava no volante, ele deu a partida enquanto eu ligava a sirene. Saímos pela rua 16, descemos a rua South a 100 km/h e viramos na 8 até o cruzamento com a rua Christian. Chegamos mais rápido do que a maioria teria chegada daquela distância, Shawn é um ótimo piloto.
_Libertem os reféns e nós não atiraremos!!! - Diz o tenente do distrito 3 no megafone.
Os malfeitores não estavam com paciência para negociar. Abriram as portas, mas ficaram fora da nossa mira, então começaram a atirar lá de dentro. As janelas tinham um espaçamento considerável entre elas, então eles podiam se esconder atrás das paredes.
Retribuímos os tiros, nós tínhamos bastante munição, e eles também. Esse foi o primeiro tiroteio desse patamar em que eu estive presente na minha carreira de policial, que não é tão longa, eu sou policial a apenas alguns meses.
Eu e Shawn estávamos atirando abaixados na lateral da viatura. Balas voavam acima de nós e atingiam qualquer coisa que estivesse no caminho. Felizmente, todos os pedestres saíram de perto assim que os disparos começaram.
Shawn se levanta mais uma vez pra atirar, mas uma bala vai de encontro ao lado direito de seu pescoço, o que o faz cair de costas ao chão.
_SHAWN!! - Me abaixo para tentar parar o sangramento com minhas mãos.
Ele ainda estava vivo, mas foi atingido na jugular, eu sabia que ele não tinha muito tempo.
_Policial ferido!!!! - Falo no rádio.
_Eu não quero morrer, Collin... - Shawn diz, assustado.
_Você não vai morrer, só continua falando, vai ficar tudo bem... - Digo a ele, com a voz trêmula.
_Eu não vou sobreviver... - Ele me diz, com os olhos cheios de lágrimas.
_Alguém me ajuda!!! - Grito ajoelhado, colocando a mão onde a bala o acertou.
Os outros policiais não devem ter ouvido devido ao barulho e caos em que estávamos, eu estava sozinho nessa.
Meu coração estava batendo muito rápido, minhas mãos estavam tremendo, eu o estava perdendo, e ele estava perdendo sangue muito rápido, mesmo com a minha tentativa de ajuda-lo. Eu não sabia mais o que fazer.
_Shawn... Aguenta aí cara...
Ele já estava ficando pálido, minhas mãos estavam cobertas com seu sangue, assim como sua boca. Com a respiração fraca e dificultosa, Shawn profere suas últimas palavras:
_Diga a Cathy que eu a amo...
E antes que eu pudesse dizer adeus, eu vi a vida se esvair de seus olhos.
...
Duas horas depois, eu estava na sala do meu capitão, sentado em uma cadeira desconfortável em frente à sua mesa. Ele disse que sentia muito pelo meu parceiro, me disse algumas burocracias, passou papéis para eu preencher e me indicou o psicólogo do departamento.
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Crimes para esquecer [Degustação]
General FictionEssa obra busca conscientizar o leitor sobre o alcoolismo, a depressão e a importância do tratamento psicológico. Sinopse: Collin Burkhart é um policial novato que não consegue superar um acontecimento traumático de seu passado. Quando seu parceiro...