5. How was your day

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Sexta, 19:00, meu expediente acaba de terminar. A semana foi normal, eu diria, nenhum chamado interessante.

Me troco no vestiário e vou até a sala do psicólogo para minha segunda consulta, ele me recebe na porta:

_Olá, Collin! Pode se sentar. Gostaria de um chá?

_Não, obrigado. - Digo, adentrando a sala.

Nos sentamos e ele começa a falar:

_Então, quer dizer alguma coisa? O que aconteceu hoje? Vamos começar por aí.

Ele estava decidido a não deixar o silêncio tomar a sessão novamente.

Tudo bem, eu posso falar sobre o meu dia, não é nada de mais. Aliás, ficar quieto durante toda a consulta era entediante, além de embaraçoso.

_Eu só tive três chamadas hoje: perturbação pública, vandalismo e invasão de propriedade. - Contei a ele.

_Me diga mais sobre a última ocorrência...

Não sei no que isso ajudaria, mas ele é o profissional, deve saber o que está fazendo.

_Eu e Flyn fomos chamados pra colher depoimentos em um caso de invasão e roubo no norte do distrito, os detetives estavam ocupados com casos mais sérios.

E continuo:

_Eles disseram que o invasor tinha roubado uma relíquia de família de muito valor, então eu pedi pra ver por onde o bandido entrou. A sala, lá estavam todas as provas, a janela estava quebrada, a mesa de centro estava virada e tinha uma caixa de joias aberta. – Descrevo o ambiente. – Fui dar uma olhada na janela, o vidro quebrado estava do lado de fora da casa, logo, quebraram por dentro, foi alguém da casa. Falei pra Flyn continuar falando com eles enquanto eu ia tomar um ar. Fora da casa, liguei pra algumas companhias de seguro locais até achar a deles e descobri que aquela joia estava listada, eles ganhariam muito dinheiro. Então era isso, um simples caso de fraude de seguro.

Nem preciso dizer que Flyn ficou impressionado, mas não era preciso ser um gênio para ter desvendado essa. Digamos que Evan também ficou um pouco impressionado com isso:

_Nossa, muito perspicaz da sua parte. Agora vamos falar da sua vida fora do trabalho, o que você faz após o expediente?

A única coisa que eu tenho feito à noite, na última semana, foi beber sozinho. Eu não ia dizer isso a ele:

_Eu não costumo fazer nada...

_Nada? Tem certeza? – Ele insiste.

Eu nunca falei com ninguém sobre nada disso, e prefiro continuar assim. Acho que vou deixar ele tirar um pouco de mim para deixa-lo satisfeito, talvez ele me dê alta. Vou falar do que eu fazia quando Shawn ainda estava aqui, quando eu não estava tão mal quanto agora:

_Eu saía com Shawn e Cathy... – Falar de Shawn me dava um aperto no peito.

Decidido a puxar meus sentimentos para fora, ele começou a perguntar de Shawn:

_E onde vocês iam? O que faziam?

_Hã... A gente jogava baseball, basquete, maratonava séries, comia fora, e as vezes só ficávamos de boa curtindo algum rock dos anos 80 ...

É bom lembrar do Shawn, mas ao mesmo tempo é ruim, já que ele não está mais aqui. Ele era meu único amigo. Tenho vontade de chorar, mas como sempre, nada sai. De certa forma, ainda bem que não saiu, eu nunca chorei na frente de ninguém e não iria começar agora.

Evan continua cutucando a ferida:

_Ele me parece legal, você gostava dele? Era seu companheiro de trabalho, certo?

_É, e era meu melhor amigo desde o ensino médio...

_E esse Flyn? É seu novo colega? Como está sendo?

_Ele é um bom policial.

Eu e Flyn não éramos amigos, mas ele é bom no que faz.

_E vocês já fizeram amizade?

_Não...

_Você tem mais amigos, Collin?

_Shawn e Cathy eram meus únicos amigos...

_Cathy não é mais sua amiga?

_Sei lá, a gente não se fala desde o funeral.

_Porque?

_Eu não sei.

_E amigos de redes sociais? Não são como os de verdade, mas você tem?

_Eu não tenho nenhuma rede social.

_Porque?

_Não acho muito interessante.

_É um ótimo jeito de fazer amigos. – Ele diz. – Certo, nossa consulta acabou, eu vou te dar uma tarefa dessa vez, ok? Eu quero que você crie ao menos uma rede social, aposto que vai fazer muitos amigos.

_Tá...

Não imaginava que ia ter dever de casa, mas se isso vai me ajudar a conseguir ficar livre dele logo, tudo bem, eu crio uma conta.

Crimes para esquecer [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora