Perdoar e Esquecer

713 74 105
                                    

VI

As duas semanas seguintes passam como um borrão diante dos meus olhos. A temporada de ensaios começou oficialmente, o que significa que eu passo a maior parte do meu tempo fora de casa, seja batendo cabeça para compor a música nova que iremos apresentar, dando entrevistas ou indo a eventos para fazer média social. Também estamos fazendo alguns shows para aquecer e sentir a energia dos palcos de novo, como uma espécie de pocket tour em Piltover e Zaun.

A notícia do meu rolo com Caitlyn se espalhou como água, o que resultou em eu tendo que responder perguntas — como nos conhecemos, se fui eu que convidei ela para sair, há quanto tempo isso está acontecendo, se estamos namorando mesmo — a semana toda. Caitlyn lida com isso da maneira majestosa e impecável de sempre, fazendo a mágica que garotas como ela sabem fazer. Eu entro no jogo, todo mundo parece estar comprando o meu papel e isso me deixa satisfeita. Aos poucos tudo vai ficando menos bizarro.

Hoje é dia de ir para o prédio da Riot Records discutir os detalhes iniciais da música que teremos que compor em conjunto, não preciso mencionar que os nervos estão à flor da pele. Vander usa todas as palavras de incentivo que conhece para demonstrar que está me apoiando, tem cozinhado com mais frequência para se certificar que estou comendo direito e fica no meu pé para que eu durma oito horas todos os dias. Além de programar minhas folgas, claro. Jinx está tão empolgada quanto, principalmente agora que tem duas pessoas para ela ficar tietando, sem contar o início do semestre na Hextec.

Ainda não contei para ela sobre a carta de recomendação do Heimerdinger, prefiro fazer isso depois que conhecer oficialmente a mãe de Caitlyn e ter certeza de que as chances de Jinx entrar na Academia são verdadeiras. De qualquer forma, minha irmã não para de falar sobre isso e de como está animada para o festival, e tudo se intensifica quando Ekko está presente.

Ele está almoçando aqui em casa hoje, já que Benzo, seu pai, está viajando em busca de bugigangas para vender em sua loja de penhores. Vivemos na casa um do outro, o que não é difícil, já que ele mora do outro lado da rua. Estamos sentados ao redor da pequena mesa da cozinha, Vander faz questão de que todas as refeições importantes sejam feitas em família. Ekko e Jinx conversam animados.

— Sabe, eu tava pensando — minha irmã toma um copo de suco. — quero fazer uma tatuagem.

— Como é que é? — arqueio uma sobrancelha. — Desde quando?

— Ah, eu tô pensando nisso faz uns meses. — dá de ombros. — Já até sei o que quero fazer.

— Se você tem certeza disso, eu não me oponho. — Vander diz e Jinx sorri. — Escolha um bom lugar, não quero que você acabe como o Jericho.

— O que rolou com ele? — Ekko questiona.

— Todas as tatuagens dele ficaram verdes. — respondo e meu amigo dá uma risada alta. — Eu te levo no estúdio da Sevika, fiz todas as minhas últimas tatuagens lá. — os olhos de Jinx se acendem como faróis.

— Então está decidido. — Vander se levanta, observando os pratos e copos vazios na mesa. — Ekko, pode recolher as louças?

— É pra já, chefia. — ele bate uma continência e meu pai ri.

Ekko junta tudo, coloca dentro da cuba da pia e vai para o banheiro escovar os dentes. Claro que ele tem uma escova de dentes aqui, na verdade, ele tem até um quarto só para ele. Eu vou para o andar de cima e faço o mesmo enquanto olho algumas mensagens no celular. Passo os olhos pelas mensagens no meu WhatsApp e de repente uma ligação chega, o nome Caitlyn aparece na tela. Eu reviro os olhos, respiro fundo e então, atendo.

— O que foi? — é a primeira coisa que digo ao encostar o celular no ouvido.

— Faz sete minutos que eu tô aqui fora. — a ouço estalar a língua. — Você pode, por favor, ser madura e parar de fazer isso?

Club 57 | CaitViOnde histórias criam vida. Descubra agora