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Parte X

- Jimin, acorda. - Balancei o corpo do menor ao meu lado. Não estava conseguindo dormir, e diferente de mim, Park dormia feito pedra.

Estava sonhando com Jungkook novamente, mas desta vez não houve sexo, apenas carícias que deixa com frio na barriga. Eu estava gostando de seus toques, do seu sorriso enquanto os fazia e de sua respiração quente batendo contra meu rosto.

Para que existe a carência?
Exatamente para te fazer duvidar do que realmente você quer. Eu não quero ter relacionamento cedo, mas imaginar coisas desde tipo não ajuda. Querer ser o centro do mundo de alguém é de derreter o coração, uma pena existir apenas em livros e seriados.

Tomei um susto com o tapa de Jimin em meu rosto, o olhei rapidamente e o vi mexer seu corpo sem parar. Sua bunda ficou empinada para mim. Devolvi o susto chutando-o da cama e ele acordou resmungando.

- O que você tem? - Park volta para a cama limpando seus olhos. - Sentiu alguma pontada no ânus?

- Quero que me leve à um lugar.

- São duas da manhã, Taehyung.

- Preciso ir na loja de conveniência do B.J. - Minha fala o fez despertar e o menor balançou a cabeça negando. - É algo importante.

- Você sabe que não gosto daquele cara.

- Pelo menos me deixe próximo do local, depois você volta para cá. - Pedi manhoso. O mais novo sente arrepios só ao ver B.J, pois sempre foi apaixonado pelo meu melhor amigo. - Por favor.

- Se forçar mais vai acabar defecando na cama. - Bufou irritado, dando-se por vencido.

Vesti algo mais quente enquanto Jimin ligava seu carro. Tranquei a casa me certificando que não havia riscos de invasão e pulei no carro de Park. Ele dirigiu até o começo da estrada onde estacionou, o resto eu teria de ir a pé.

- Irei te esperar. - Jimin avisou.

Continuei o trajeto na estrada até avistar a loja de B.J. Senti calafrios pela loucura de estar num lugar tão silencioso e iluminado apenas por alguns postes. É a única loja aberta vinte e quatro horas, me pergunto se B.J não sabe o que é dormir.

- Jaebeom! - Toquei a campanhia da bancada sentindo um dejavu tenebroso. Saí do local e fui para os fundos onde ele costuma fumar. - Jae... - Meu corpo caiu com um impacto nas costas.

- Não é hora de criança estar aqui. - A voz que ouvi me deixou ofegante de medo, de alguma forma, eu já havia escutado-a. Virei-me para ver quem era o dono, porém foi inútil lembrar dele. - Ora, ora. Então você está vivo?

- Nos conhecemos?

- Me sinto ofendido por não lembrar de mim, mas irei perdoá-lo porque sei a razão. - O encaracolado sorriu. - Hiro apenas apagou algumas lembranças suas, me pergunto qual seria o motivo.

- Escute, não o conheço, muito menos esse Hiro. - Fiz esforço para dizer. - Só estou procurando meu amigo.

- Que coincidência, também procuro por B.J, docinho. - O homem sorriu me olhando curioso. - Você é tão lindo, tem certeza que é humano?

- Não se aproxime! - Peguei a barra de ferro e apontei em sua direção, ele não parou, continuou a vir até mim com um olhar sinistro. - Vai embora!

- Se não fosse tão tolo de voltar aqui, estaria livre de mim. - O homem colocou as mãos na cintura. - Aposto que Hiro não esperava por isso, você fez o oposto do que ele planejou.

Quem diabos é Hiro? Por que ele fala como se já tivéssemos nos visto?

- Veremos o quão importante você é. - Algo cresceu atrás do homem e logo se revelou asas brancas enormes. Seria bonito se não fosse assustador o fato dele ter asas. - Espero que não tenha medo de altura. - Entrei em desespero quando o desconhecido me pegou no colo e voou alto.

- Não me mate, por favor... - Me agarrei no pescoço do homem e ele gargalhou.

- Espero que ao menos saiba voar. - O ouvi falar antes de sentir meu corpo cair. Fechei os olhos fortemente e já estava aceitando minha morte trágica.

Lágrimas molhavam meu rosto durante minha reza a Deus, não queria morrer. Meu corpo foi segurado por outra pessoa. Abri os olhos com dificuldades tendo as orbes escuras de Jungkook a me fitar. Ele estava preocupado. Porém, também notei algo em suas costas. Asas escuras e enormes, tão lindas quanto ele.

- Kook...- Minha garganta fechou ao ver que fui salvo por ele. O Jeon apenas encostou sua testa na minha e repetiu "Está tudo bem" em meus pensamentos.

- Que cena linda, Hiro. O que há com o melhor guerreiro dos Anjos Caídos? - A voz do homem obteve um eco ameaçador em meus tímpanos. Jungkook me deixou no chão e se colocou em minha frente. - Estou curioso para saber da sua história com ele.

- Mello, apenas vá embora. Não quero machucá-lo.

- Você iria ferir alguém do seu próprio clã por um humano?

- Não me force a cometer um erro.

- Adoro ver sua fúria. Vai precisar dela para salvar o docinho. - Assustado, corri para longe daqueles seres desconhecidos.

Aquilo só deveria ser um pesadelo. Não teria como existir criaturas celestiais vagando no mundo e muito menos torturando pessoas.

Gritei com o quase impacto que tive contra o tal Mello, ao abri os olhos vi Jungkook forçar a barra de ferro nas costas do outro. O encaracolado gritou de dor e o Jeon continuou a machucar suas asas. Não havia sangue, mas alí com certeza era seu ponto fraco.

- Meu carro está próximo, corra e vá para casa. - Jungkook gritou.

- Não posso te deixar aqui! - Gritei de volta. O Jein parou de torturar Mello para agarrar meu corpo e sair voando até seu carro. Eu estava assustado demais para saber o que realmente acontecia. - O que diabos vocês são?! - Jungkook deu partida em seu Jeep, ignorando-me por completo. O mesmo tentou passar por cima de Mello, porém o ele pulou no carro.

O sorriso do encaracolado me arrepiou, após isso Jungkook conseguiu jogá-lo para longe e pisou fundo. Mais a frente o carro de Jimin não estava por alí.

- Yoongi tirou Jimin antes de eu chegar, ele não queria que Park se machucasse. - Kook falou, fiquei aliviado. Olhei algumas vezes para trás, preocupado com aquele ser assustador. - Não se preocupe, Anjo. Ele não vai se recuperar rápido o suficiente para nos alcançar.

- Pelo visto, não é a primeira vez que isso acontece. O que você fez com minhas memórias? - Indaguei. - As tirou de mim, não foi?

- Não havia coisas boas, precisei fazer isso.

- Você não tem sentimentos. Não pensa nos outros e é imprudente. - O Jeon escutava cada palavra em silêncio. - O que é você?

- Um passarinho.

- Pode falar sério por dois segundos?

Ele riu nasal e assentiu.

- Costumava ser um Anjo antes de cair. Não é algo que posso me orgulhar. - Jungkook umedeceu os lábios e sorriu para mim. Me perguntava se ele não havia matado o próprio amigo. - Apenas o deixei imobilizado, Anjo. Não precisa ter medo.

- Por que você caiu?

- Desejei ser humano.

Tinha tantas perguntas para fazer, mas tentei me colocar em seu lugar. Continuei calado apenas observando-o, ele não poderia estar mentindo para mim. Além disso, o Jeon me salvou de outro Anjo Caído. Eu estava mais agradecido que confuso.