QUARENTA

1.3K 83 8
                                    

Natasha Harrison

Uma semana depois

Pelas minhas contas estou a uma semana neste lugar como eu denominei "meu inferno pessoal". Sinto meu corpo fraco, mal consigo me manter acordada por muito tempo. Estou deitada sobre um colchão duro conectada ainda aos fios de batimentos, estou tão fraca que sinto cada vez mais a morte próxima de mim, não como nada desde que cheguei, não sinto vontade de comer nem beber nada, só quero ficar deitada sentindo tudo doer. Meu sofrimento não parou naquele dia. Desde que Lorenzo tomou meus pensamentos em lembranças novamente, sinto tudo ser estranho.

Sinto saudades da minha filha a cada dia que passa, por pior que tudo isso aqui seja, tento me manter forte pela minha pequena que não imagino como esteja, sei que ela está em boas mãos, mesmo sendo quem é Lorenzo cuida muito bem da Mel e também têm Catarina e Jess que conhecem minha garota mais que tudo nessa vida, mas sinto um vazio por não ter ela ao meu lado e imagino que ela sinta o mesmo, nossa conexão de mãe e filha sempre foi grande, sempre foi só nós duas. O trabalho nunca me impediu de dar todo o amor e carinho de mãe para minha filha e não ter ela agora, não ter ninguém agora está me matando por dentro.

Giácomo não parou com suas torturas. Todos os dias um de seus brutamontes me coloca sentada na cadeira velha de ferro, o Dr. Drako liga os aparelhos em mim e começa com inúmeras descargas de choques e conversas imaginárias que sempre resultaram no mesmo sonho. Minha cabeça queima toda vez que relembro aquele sonho, mas Giácomo não se convence e me tortura por longas horas, tudo para saber sobre a maldita maleta que não faço ideia de onde esteja.

O ranger da porta faz minha cabeça estalar de dor, com os olhos entreabertos vejo dois capangas de Giácomo e ele entrarem. O mais velho se aproxima do colchão onde estou e fica de longe me observando com clareza como se buscasse informações em minhas expressões.

— Você está acabada!

Ele dá de ombros e se levanta. Me mantenho quieta todo tempo

— Sabe Natasha, eu até tentei ser bonzinho com você. E meus inimigos costumam dizer que eu não sou uma pessoa paciente e realmente, não sou. Gosto de tudo rápido e na hora que quero.

Ele passeia de um lado para o outro no quarto sempre mantendo contato visual comigo

— Então vamos fazer o seguinte, você me diz onde está a maldita maleta e talvez eu possa pensar na possibilidade de você ir embora sem se machucar.

— Você nunca me deixaria ir embora. — Respondo pela primeira vez o fazendo parar no meio do quarto e me encarar com a sobrancelha arqueada.

— E por que eu não deixaria?

— Por que essa é a proposta de todo vilão. E porque, se eu soubesse onde essa maldita maleta está e te contasse e você me libertasse, eu consequentemente contaria a Lorenzo. Eu sou policial, mas conheço a mente de um ladrão

— A garota é esperta chefe. — Um dos capangas de Giácomo diz pela primeira vez.

— É esperta apenas para isso. Mas você não ajudaria Lorenzo, porque você é rancorosa e você sabe a verdade sobre ele.

— Mas eu sempre soube quem ele era. Minhas lembranças voltaram antes mesmo de você me sequestrar. Eu já sabia sobre Lorenzo, minha família e tudo o que eu não lembrava. — Sou irônica. — Você não venceu Giácomo, eu venci. Porque estou passando por essa totura por momentos, mas eu já sei a verdade há muito tempo. Sei que você matou meus pais, sei tudo sobre você e a Coisa Nostra, eu sei tudo. Eu venci você.

Solto tudo o que consigo me expressar só sinto as lágrimas rolarem em meu rosto e sinto a raiva me consumir, mas não consigo me livrar dessa raiva e agonia. Meus olhos ardem pelo choro.

— Então já que você está se fazendo de difícil e boa samaritana. — Giácomo puxa uma cadeira velha e se senta em frente a cama. — Vamos bater um papo sobre o passado e relembrar mais umas coisas. — Um sorriso ameaçador surge em seus lábios e sinto meu coração se desesperar

Lorenzo Bertinelli

Uma semana e nada. Ninguém, absolutamente ninguém some por sete dias em um país do nada, eu sinto que ela está aqui muito perto de mim, mas eu não consigo achá-la, a batalha que travei comigo mesmo para encontrá-la é a mais impossível de todas e para piorar minha situação eu me perdi no meu próprio jogo.

— Lorenzo está me ouvindo. — A voz de Nicholas ecoa longe e me trás a minha verdadeira realidade

Um escritório lotado de pessoas aguardando minha resposta sobre o assunto em que eu mal prestava atenção.

— Podem me recapitular no assunto?

— Você está bem? — Nicholas questiona preocupado.

— Vamos fazer uma pausa de cinco minutos, o Dom está cansado. — Enrico pede deixando os olhares de julgamento e confusão na mesa.

Algumas pessoas murmuram na mesa, agradeço mentalmente a Enrico por isso. Todos saem da sala sobrando apenas Nicholas e eu.

— Você está péssimo meu amigo. O que anda acontecendo aqui está te prejudicando bastante. — Nicholas se levanta e bate leve em meu ombro.

Jogo a cabeça pra trás e massageei minhas têmporas sentindo toda a raiva me consumir novamente fecho os olhos e respiro fundo.

— Loucura é pouco perto de tudo o que está acontecendo. — Falo pra ele ainda de olhos fechados.

— É a sua namorada, não é?

— Está tão na cara assim?

— Você não me apresentou a ela desde que cheguei aqui e muito menos aos outros membros, está distraído o dia todo e não falou sobre a garota em nenhum momento. Ou você está com problemas no seu relacionamento ou ele não existe.

— Sequestraram Natasha. — Digo de uma só vez e relaxei na cadeira.

— Caralho, como isso aconteceu?

— A pergunta certa é, o que não aconteceu?

A porta da sala é escancarada, abro meus olhos rapidamente e por ela passa uma loira que de longe reconheço ser Yelena e a seu lado Catarina. As duas se estranham e se entreolham com deboche, mas logo me encaram os seguranças entram atrás com cara de medo, essas duas conseguem desestabilizar meus melhores homens.

— Por que invadiram meu escritório?

— Sou membro do conselho. — Catarina respondeu se sentando em uma das cadeiras vazias.

— Temos pistas sobre Natasha. — Yelena diz atraindo minha atenção

— O que descobriram?

Retomo minha postura e as duas garotas à minha frente se encaram, suas expressões mostram nervosismo e conhecendo bem essas duas, nervosismo é a última coisa que elas sentiriam.

— Vocês estão nervosas. Vocês são as últimas pessoas no mundo a sentir nervosismo. — Nicholas diz cruzando os braços, ele conhece bem as duas garotas.

— Encontramos Natasha! — Yelena diz de uma vez e sinto o chão aos meus pés sumir em completa imensidão.

— Onde? — Nicholas pergunta.

— Aí é que está o problema. — Catarina diz apreensiva.

.

.

.

.

Não seja um leitor fantasma. Deixe sua estrelinha e comente

Me siga no instagram: @autoramily

Meu Mafioso Irresistível - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora