XVIII - Obliviate

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"Minha vida tem se tornado mais melancólica do que o normal. Antes costumava achar que todos éramos ondas em um oceano de melancolia, hoje sinto como se eu fosse o próprio oceano. Sem perspectivas de um futuro feliz ou planos, nada se passa por mim além da morte. A cada tempo que passa, eu sinto que não pertenso a esse mundo, porque não me sinto sempre aceita nele. Quanto mais penso nos fatos que antecederam minha transformação de onda para oceano, mais eu vejo que eu e ele, nunca fomos um só.

Estivemos divididos, ele de um lado, onde me amava total e inteiramente, e eu de um lado onde o via apenas como meu melhor amigo, ambos com objetivos e ideais completamente diferentes. Talvez hoje, quando tudo mudou e ele não exista mais nesse mundo, eu vejo que mal nos conhecíamos.

A verdade é que presa onde estou, em busca de uma real liberdade e salvação, eu tenha criado em minha mente um mundo mágico onde nós dois estamos juntos, como deveria ser. Um lugar do qual eu chamo de "Lar Provisório". Hábitos do passado tem retornado. Não como mais com a frequência de antes, pois não tenho mais esse tipo de fome e esse diário se tornou meu melhor amigo, dês de que Cedrico se foi.

Eu tenho esperança de que um dia encontre esse lar de que tanto preciso, onde poderei ser feliz. Mas a única forma de o conseguir, ou é a morte ou o esquecimento. Se eu não me lembrar dele, ou melhor, deles, não me lembrar de meu melhor amigo, ou dos lindos olhos azuis acinzentados pelos quais me apaixonei, as chances de ter um lar são maiores. Fora isso, só a morte.

Peço todos os dias que eu encontre meu lar, que alguém me ajude e me faça esquecer dos dois, pois eu posso não aguentar mais, posso optar pela morte. Mas seguirei em busca de Oblivion, seguirei a estrada, subirei as montanhas, atravessarei os rios, até que eu encontre o lugar. Até que eu encontre Oblivion."

Monólogo de Carmen Bianche.

Pouco depois de alcançar o topo da torre, Carmen foi andando depressa para o parapeito, olhou para baixo, respirou fundo e então sentiu alguém a puxar para longe dele. Eram mãos grandes, fortes, um corpo largo e muito mais alto que o seu. O cheiro era de livros e pergaminho, Carmen não sabia quem era, mas ele deu um beijo no topo de sua cabeça e com sua voz profunda disse:

- Estou aqui. Te peguei. Vai ficar tudo bem.

Só aí que Carmen notou que sua respiração estava pesada e que lágrimas desesperadoras saiam de seus olhos, acompanhadas por soluços. Então ela gritou, gritou o mais alto que pôde, deixando toda a dor que sentia sair de sua garganta naquele grito. Severus Snape a segurava firme, depositando outro beijo no topo da cabeça dela, dizendo que ele estava ali, que estava com ela, que estava tudo bem. E ela gritou por minutos seguidos, até sentir que ficaria sem voz, apenas chorando e se virando de frente para o professor, o abraçando e deitando a cabeça em seu peito, continuando a chorar. Por fim, ela se separou um pouco dele e disse:

- Tira eles daqui - apontou para sua cabeça - Tira o Ced, o Draco... Não aguento mais pensar neles! Por favor professor, eu não aguento mais!

- Isso não é o certo menina. Eu falhei em te proteger, não vou falhar agora, não outra vez.

- Por favor! - Ela se ajoelhou diante dele, segurando suas vestes pretas - Por favor, faça isso! Eu não aguento mais, não dá! Hoje você me salvou mas quem dirá amanhã? Professor, por favor!

Ela seguiu implorando, chorando de uma forma que qualquer um conseguiria sentir sua dor. Mattheo Riddle, que desconfiava de que Carmen estava prestes a fazer uma loucura, saiu procurando por ela em toda Hogwarts, indo direto a Torre de Astronomia, se deparando com ela de joelhos, chorando alto, sussurando ao professor Snape que executasse o feitiço, sendo repetidas vezes negado.

Oblivion - Draco vs Lucius MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora