thirteen

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Minhas pernas se moveram mesmo sem a minha autorização, era como se eu estivesse sendo puxada por algum tipo de força magnética estranha. Eu corri até aquele palco em menos de segundos e, quando parei, todos estavam olhando para mim porque eu simplesmente cheguei do nada. Meu pai se levantou da cadeira totalmente confuso, kei e o pai dele estão assustados e nem tentam disfarçar a expressão de fúria.

- Fiquem aí mesmo onde estão. - Suna falou em bom som, direcionando a  meus familiares. Que porra está acontecendo aqui? Estou apenas seguindo a maré, como ele pediu. Mas até onde ela vai me levar? E por que estou sentindo que é para o pior lugar do mundo?

Queria falar algo, mas sua mãe e seus apoiadores estavam cochichando próximo a ele. Tive medo de me aproximar. E se isso tudo for um jogo e ele estiver me usando como peça? Será se tudo isso é um plano da Selena? Não sei, de repente ela quer me tornar secretária ou algo assim. Não faz sentido.

- Que porra acha que está fazendo? - sua mãe gritou bem alto assim que ele falou algo em seu ouvido. Todo o público ficou confuso, meu pai está se segurando para não surtar e vir até aqui me matar. Sei que ele quer isso, se eu me aproximar dele tenho certeza que vou morrer ou pelo menos quase chegar lá.

- Estou aqui falando a verdade. Não quero assumir a porra de uma cidade como minha responsabilidade. - suna começou a cuspir tudo que queria e sua mãe, desesperada, puxou o microfone de sua mão. Mas ele continuou falando bem alto mesmo assim. - Acho errado ficar passando um cargo tão importante para seus familiares, novas pessoas deviam assumir de vez em quando. A real é que não quero estar aqui, é chato. Vocês vivem como se ligassem para crianças que não possuem um lar, precisam parar com essa hipocrisia. - não consigo descrever a cara de surpresa de todo mundo, Selena está praticamente passando mal enquanto seu marido a segura. - E essa aqui é a minha garota que também passa por muita coisa, hoje estamos dando um chega de vez nessa história... - apontou para mim, minhas mãos tremeram e fiquei brevemente tonta com todos aqueles olhares em mim. Por que está me mencionando? E por que me chamou de minha garota? E por que estou achando isso tão bom?

De alguma forma, quando ele me olhou, o tempo congelou e as faíscas do meu coração pareciam sair pela boca. Ele está a poucos metros de distância e faz meu estômago revirar tanto que acho estranho. Ele dá um sorriso muito bonito. Aquele que só ele sabe fazer. Me sinto entorpecida com o efeito que isso me causa. Não deveria ser assim.

- Cala a boca! - kei gritou caminhando rápido em minha direção. Quebrou todo o lindo cenário que estava em minha mente. Ele está completamente furioso. - Você não sabe nada sobre ela, nada! - segurou firme em meu braço assim que me alcançou. Estou desesperada, não sei porque não consigo me mover ou muito menos reagir. Queria bater nele ou algo do tipo, mas não consegui.

- Você está com ela desde os dez anos de idade e não sabe dizer uma coisa verdadeira sobre ela. Deveria se envergonhar, é um péssimo namorado. - o moreno falou com o mesmo sorriso de canto enquanto descia do palco alto. Senti os braços me soltarem assim que alguém de cabelos loiros dourados deu um soco tão forte que kei saiu cambaleando. Não faço ideia de onde esse homem alto saiu. - obrigado, Atsumu. - agradeceu ao homem que agora estava limpando a mão como se estivesse doendo pelo soco que acabou de dar. O rapaz é musculoso e eu nunca o vi antes. É muito bonito também. Rintarou correu até mim como se o tempo fosse seu pior inimigo. Quando se aproximou, pegou em minha mão e me lançou um olhar gentil, o mais gentil que já fora direcionado a mim em toda a minha mera e pequena existência. E eu permaneci calada. Não consigui falar. - Se eu gritasse, você me veria? - sua voz perfurou todos os meus sentidos, fiquei entorpecida. É claro que eu o veria. Que pergunta é essa? Ele percebe a situação em que nos encontramos?

- O que? - susurrei confusa e me tremendo por inteiro. Estou com medo.

- Porque eu posso amar você mais do que isso. - Apontou para kei e revirou os olhos como se ele fosse um pedaço de lixo. E talvez realmente seja. Não precisou muito para que eu entendesse, ele queria me levar para algum lugar distante. Consegui ler isso em seus olhos. E eu quero muito ir com ele. Então como se lesse meus pensamentos, Rintarou Suna apertou minha mão firmemente e me levou para longe daquela bagunça. - Você quer isso, sim? - perguntou correndo contra o tempo, Saiki já está ajudando o filho caído a se levantar.

Olhei ao meu redor e tudo parecia estar em câmera lenta mais uma vez. Estávamos correndo e eu não me importei com mais nada além do garoto que estava segurando minha mão. Olhei ao redor enquanto acompanhava os passos ligeiros de suna, meu pai estava com a cara de puto e minha mãe estranhamente quieta. E o resto das famílias, caladas como se estivessem assistindo um filme. Agora que percebi que pode realmente estar parecendo com um.

Venho sonhando em fugir dessas pessoas desde que me entendo por gente, o único motivo para nunca ter feito foi o medo de ficar sozinha. De não ter ninguém por perto. Agora parece que existe esse alguém. Suna Rintarou.

Seu amigo que deu o soco em kei e alguém muito parecido com ele também estão vindo logo atrás. Acho que são gêmeos.

- Você está louca? - meu pai gritou vindo em nossa direção. - Seguranças, não deixem ela sair! - ordenou para dois homens de preto que estavam próximos à saída. Mas surpreendentemente nenhum se moveu. No mesmo instante tiraram a máscara e correram até a gente, mas eram jovens e sorridentes demais para estarem no time deles. Devem ser amigos de suna. Nunca o vi com amigos.

Sorri como se tivesse ouvido a melhor piada do mundo. É uma felicidade tão incrível que me escapa e não consigo aguentar sem falar algo antes de ir embora.

- Não sou eu. O resto do mundo está louco! - soltei toda a minha voz para que meu pai ouvisse, pois agora entrei em um carro que estava estacionado estrategicamente logo em frente ao salão de festas. É Atsumu que vai dirigir. E o cara que julgo ser seu irmão está ao seu lado.

O carro saiu em disparada, ninguém nos seguiu. Quando olhei para trás só consegui ver várias pessoas do lado de fora. A euforia de antes começa a recuar lentamente, e meio que de imediato sou atingida por um pequeno medo. Mas o afasto quando percebo que a felicidade é maior.

- Como se sente? - Suna quebrou o silêncio após meia hora de viagem. Estamos em uma longa estrada sem fim, acho que vamos para outra cidade. Sorri para ele como se falasse que é o melhor dia da minha vida, porque realmente é. - Que bom, vem cá. Está feito, não vou deixar nenhum deles encostar em você novamente. - me puxou para perto e colocou minha cabeça delicadamente em seu ombro.

Fiquei estranhamente confortável. Me lembro de ter ficado assim com ele naquele bar, quando ele disse que queria ser meu amigo. Mas acho que faz tanto tempo que não me lembrava que era tão bom assim. De alguma maneira isso não parece errado ou estranho. Parece que já fizemos isso milhões de vezes, mas mal fizemos duas. Não sei explicar o que estou sentido aqui dentro.

- Obrigada. - sussurrei para que só ele escutasse. Ainda não conheço os dois homens que estão na frente, logo não me sinto muito a vontade.

Depois disso, se passou mais uma hora em silêncio até ele apresentar os dois amigos. Parecem pessoas boas, bom, pelo menos são engraçados. Eu sabia que Suna devia ter amigos tão bonitos quanto ele. Demorou muito, só ao amanhecer do dia que chegamos ao destino.

E uau. É uma casa de frente para o mar.

𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐓𝐇𝐈𝐒, suna rintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora