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Tsukishima kei enlouqueceu, a verdade é que ele só ficou mais anormal do que já é. Ver que o garoto que tanto odeia não tira os olhos da sua futura esposa o deixou terrivelmente irritado. E Suna? Nunca esteve tão alheio as bobagens de kei quanto agora. Ele me observa atentamente, como se estivesse conversando comigo de alguma forma. Estou me tremendo por ter seu olhar em mim, e ainda mais por kei estar ao meu lado vendo toda a cena.

- [Nome], por que ele te olha tanto? - o loiro ao meu lado rosnou atraindo a atenção de nossos familiares. Todos ficaram confusos, mas assim como eu, sabem muito bem o que está acontecendo. O modo ciúmes abusivo está ativado. Nunca sai coisa boa disso.

- Eu não sei, deve estar me achando bonita. - falei leve, ainda me lembro a última vez em que me senti assim e apanhei dele feito uma condenada. Mas agora nada pode ser feito, não no meio de todas essas pessoas. Ele terá que se segurar e, até chegar em casa, a raiva já terá passado.

- Como é que é? - se levantou de uma vez, de repente a praça barulhenta e cheia de conversas indistintas se tornou silenciosa. Ele falou tão alto que agora todas as famílias importantes nos olhavam como se fossemos animais em um zoológico. - Rintarou Suna, gostaria de vir até aqui, meu caro amigo? - convocou o moreno que estava do outro lado da gente, separado por três mesas de pessoas diferentes. - Podemos conversar? É importante. - soou educado, mas até parece que ninguém notou que ele está com raiva.

Em um pulo seu pai segurou seu antebraço, na esperança de o acalmar. Kei puxou de volta furioso. No mesmo instante avistei Suna se levantar de sua cadeira, ele teria mesmo essa coragem toda de vir até aqui?

Claro. Com o pouco que pude conhecer dele, parece adorar desafios.

- Filho, lembre-se, estamos no meio de muita gente. - seu pai o soltou antes de o alertar friamente. Os dois são farinha do mesmo saco, não é atoa que são pai e filho.

Depois disso, não havia ninguém em pé com exceção de kei e suna que vinha caminhando em nossa direção. Todo o resto do público voltou a conversar normalmente como se nada tivesse acontecido.

- Muito bem, Sr. Tsukishima, aqui estou eu. - O moreno alto e forte chegou perto da nossa mesa, seu corpo se curvou brevemente em sinal de educação. Não sei porque, mas meu coração acelerou ao observar isso. - O que quer conversar? - perguntou como se não fizesse a mínima ideia do que se trata.

- Sente-se. - meu querido e educado namorado puxou uma cadeira de nossa mesa para o garoto que se sentou no mesmo segundo. - Quero saber porque diabos você estava olhando para minha mulher? Tem noção do perigo que corre? - sua voz adotou um tom cruel e ameaçador, e diante disso, Rintarou Suna soltou um sorriso brincalhão muito satisfatório.

Minha nossa. Meu coração bate três vezes mais rápido que o comum.

- Não é óbvio? Fiquei encantado com sua beleza. A propósito, esse vestido, assim como todas as peças de roupa que você veste, lhe caiu como uma luva. Está perfeita. - respondeu olhando para mim sem dar nenhuma atenção ao garoto que está praticamente espumando de raiva ao seu lado. Nossa.

- Garoto, você enlouqueceu? Retire o que disse sobre ela imediatamente. - kei falou fazendo parecer que suna me chamou de puta ou algo semelhante. Que vergonha. Meu rosto está queimando e estou tentando entender se é realmente por conta do elogio que recebi.

- Qual é a sua? Custa muito entender que há homens que sabem valorizar uma mulher como ela melhor do que você? - cuspiu na cara do loiro, quero enterrar minha cabeça em um buraco. Tenho a atenção dos dois em mim e acho que esperam que eu diga algo. Com certeza kei espera que eu diga que odeio suna ou algo do tipo, mas pela primeira vez alguém me elogiou. Minha nossa senhora das pitombas, recebi um elogio!

Tsukishima kei nunca fez isso, pelo menos não de verdade. Sempre há um fundo falso em suas palavras fofas. Sei que pode ser mentira o que Rintarou falou, mas sinto algo me dizer que não é. Acho que passei muito tempo acreditando que não sou suficientemente bonita ou legal.

- Obrigada pelo elogio, Rintarou. Você está igualmente elegante esta tarde. - falei formalmente, mas usar o primeiro nome do garoto não deixou as coisas leves. Foi a primeira vez que o chamei assim. Kei agora está uma fera. Que se dane, é até melhor assim. - Acho que estamos... - comecei com algo que até parecia ter um desenvolvimento bom, mas meu pai nos interrompeu com uma tosse seguida de uma ordem.

Estava demorando.

- Já chega, Rintarou Suna, mantenha distância dessa família. Você não pode vir até aqui e elogiar minha filha, ela é comprometida. - argumentou olhando nos olhos do garoto que se mantinha relaxado em sua cadeira. Por alguma razão ele não olhou para mais nada além de mim, é exatamente isso que faz a situação ficar mais tensa do que já está. - Entendeu? Pare de olhar para ela! - falou um pouco mais alto para atrair a atenção do garoto, mas falhou miseravelmente.

Sinto como se estivesse flutuando, uma pessoa que nunca imaginei ser desse jeito me elogiou e me ajudou quando mais precisei. Agora essa mesma pessoa está desafiando minha família em um local público, e está me olhando como se quisesse me levar embora. Não me lembro a última vez que pensei em suna de uma maneira ruim, desde que o encontrei na biblioteca ele vem sendo a pessoa mais incrível que já passou pela minha vida. Meu coração bate e queima por dentro como se eu estivesse prestes a morrer sem ar, minhas mãos suam e o rosto queima quando ele está perto. E agora com esse olhar extremamente cativante em mim não consigo nem piscar, ou muito menos respirar.

- Me desculpe, Sr. Halpert. Sua filha é muito bonita e o senhor não pode simplesmente me pedir para não olhar, porque mesmo se eu tentasse, eu não conseguiria. Agora, se me dão licença, devo dizer que foi ótimo ter esse papo com vocês. Até logo, [Nome]. - Se levantou se curvando mais uma vez e saindo em passos lentos sem esperar mais nenhuma resposta.

Esse foi o momento mais interessante que já tive, olha só, o garoto que minha família odeia profundamente veio até aqui e me elogiou na cara deles. É surreal. Suna me surpreende, ele tem muita coragem. Sinto inveja por ele conseguir desafiar todos eles. Eu não conseguiria se tentasse.

- Péssima atitude você teve referente a situação, Sra. Halpert. - Saiki, pai de kei, falou balançando a cabeça em sinal de reprovação. - Cuide da sua filha direito ou eu juro que não deixarei meu filho se casar com uma oferecida como ela. - olhou para o meu pai e fez uma cara de nojo ao me mencionar.

- Ela receberá uma lição por causa desse acontecimento, não se repetirá. - o homem que chamo de pai praticamente chupou o pau do meu sogro. Como pode alguém tão palhaço como ele? Idiotas.

Mesmo assim, tudo que falei e fiz valeu a pena. Parece que aos poucos estou mudando. Estou reagindo e daqui a pouco passarei por cima de todos eles com uma carreta.

Talvez Suna seja o motivo de boa parte dessa mudança.

𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐓𝐇𝐈𝐒, suna rintarouOnde histórias criam vida. Descubra agora