- Que porra é essa? - ele gritou em um susurro ao pegar em meu rosto, foi quando senti a pontada e rapidamente me lembrei do quanto meu rosto deve estar terrível. - Mas que porra... - adicionou ao olhar para minha orelha, se afastando de mim imediatamente quando eu gemi de dor com seu toque na área. Está inchada e provavelmente vermelha. Kei puxou com muita força.Eu me afastei mais ainda, assustada e logicamente envergonhada. O que ele vai pensar de mim agora? Com certeza que sou a burra obediente que ele sempre imaginou. Meu Deus, isso é tão constrangedor.
- [Nome], ele fez isso? - sua voz veio carregada por uma raiva indescritível, a luz do quarto estava acesa então consegui ver muito bem o seu rosto ficar vermelho. - Que tipo de ser humano faz isso? Caralho, eu... - ele surtou e ficou andando de um lado para o outro como se estivesse enfurecido. - Ele é um animal, e vai pagar por isso. - concluiu me olhando mais uma vez, a raiva sumindo do seu rosto e se misturando com uma tristeza terrível.
Por que ele ficou tão exaltado?
- Está tudo bem. - falei forçando um sorriso, e pude ver ele cerrar os punhos no mesmo instante. - Me conta, como arranjou aquela escada? - me sentei na cama, com um sorriso falso no rosto, apenas tentando mudar o assunto.
Ele caminhou até mim e se sentou ao meu lado, um pouco confuso porque provavelmente não sabe o motivo de uma garota ficar tão alheia a uma situação abusiva como essa.
- Como consegue ficar assim tão calma? Olha o seu estado, minha nossa, seus pais viram isso? - ele perguntou como se tudo fosse se resolver se meus pais vissem. Mas Suna se tocou assim que eu dei de ombros com os olhos marejados. Minha família é um lixo, do pior que existe. - Eles são uns monstros, sinto muito... - seus braços vieram até mim e me puxaram para um abraço enquanto estávamos sentados na cama. Senti as lágrimas caírem como nunca, não é todo dia que alguém me abraça por aqui. Fora a Lu, não recebo carinho de mais ninguém.
- Me desculpa por você ter que ver isso, devia ter me avisado que viria aqui. - o apertei mais forte e, de repente, abraçar ele pareceu a coisa mais normal que aconteceu na minha vida inteira. - Desculpa.
- Para de se desculpar, porra. - ele mumurrou em um tom atordoado. Ele parece bem mais afetado que eu. Por que está tão preocupado? Até um dia atrás, não falávamos uma palavra ao outro sem ser um insulto. - Você não tem culpa de nada disso. Meu Deus, vou fazer eles pagarem. Eu juro. - Suas palavras de afirmações não estavam sendo ditas a mim, ele parecia estar as direcionando a si mesmo.
Me afastei um pouco confusa. Ele veio até minha casa no meio da noite, tudo bem que a gente teve uma noite legal e até parecemos amigos, mas é estranho. Ele entrou no meu quarto sem convite e agora está furioso por ver que eu apanhei do meu namorado. Sei que ele o odeia, mas o que eu tenho a ver com tudo isso? Por que parece tão triste e zangado por me ver machucada?
Quem sou eu para negar isso? Pela primeira vez estou me sentindo especial. Alguém está se preocupando comigo, de verdade.
Não é como se todo mundo lidasse com agressão e abuso psicológico da mesma forma que eu.
- Por que veio até aqui essa hora? - perguntei olhando em seus olhos enquanto minhas lágrimas secaram com o vento que entrava pela janela ainda aberta.
- Por você. Meus pais estavam falando de você e fiquei preocupado. - admitiu balançando a cabeça. Por que seus pais falariam de mim em casa? - [Nome], eles estavam falando que seu namorado tinha te espancado pela manhã. Eu achei que era mentira e fiquei preocupado.
Estou chocada, como a família dele sabe tanto sobre o que acontece na minha vida e na minha casa? Minha nossa, isso é um absurdo!
- Mas... - ele notou minha confusão e abaixou a cabeça como se fosse algo ruim.
- Eles sabem de tudo. Todos os funcionários que trabalham aqui, trabalham para eles. - falou em um tom culpado. Me senti ridícula, os pais do suna e até ele sempre souberam de tudo sobre a minha vida. Cada acontecimento dessa casa. Tudo. - Desculpa.
- Nossa. - suspirei chocada, por todo esse tempo meu pai esteve planejando tomar a prefeitura dos Suna's. Ele sempre esteve planejando um golpe enorme. E eles já estavam preparados. E sempre estariam mesmo que meu pai tivesse novas estratégias.
Ficamos em silêncio por tanto tempo que achei que ele iria dormir ali mesmo. Suna ficava me olhando como se tentasse ler meus pensamentos. E ele deve conseguir já que eu sou a pessoa mais transparente do planeta Terra.
- [Nome], você não tem que passar por isso. Não precisa viver nessas condições. - ele argumentou depois de quebrar o silêncio de séculos. - Reaja, você é a dona de metade das coisas da sua família. Procure alguém que sabe do assunto e acabe com isso de uma vez por todas. Coloque o canalha do Tsukishima kei na cadeia, que é o lugar onde pessoas desprezíveis como ele merecem ficar. - segurou minhas duas mãos e as apertou enquanto me olhava desesperado. Até parece que ele depende disso.
- Não tem como, eu estou presa a esse sistema infalível. É minha família, não há como escapar. - rebati sua fala anterior me sentindo um lixo, porque é realmente o que sou. Nunca vou ter coragem pra nada. - Tenho medo, estou assustada. Meu pai iria até o fim do mundo para destruir minha vida se eu ousasse pisar meus pés fora do celeiro. - senti minha garganta travar mas não parei de falar. Suna me olhava como se eu fosse de outra espécie, algo novo. - É minha realidade, não posso mudar assim tão fácil. Tenho um contrato que não me permite reagir, nunca. A família Tsukishima é assustadora, todos eles. Não posso desafiá-los. - soltei suas mãos e aproximei meu rosto do seu. Sinto que essa é a última vez que estarei tão próxima assim de alguém tão legal. - Obrigada por ter me proporcionado alguma lembrança boa no meio desse caos.
Ele me abraçou, foi tão de repente que me assustei. Me apertou forte em seus braços como se implorasse para que eu nunca saísse dali. Suas mãos apertaram minha cintura firmemente. E eu fiz o mesmo pois não queria largar ele. Não quero me soltar da única coisa legal que chegou até mim.
- Eu estou quebrado, você está me ouvindo? - ainda presa em seu abraço, o moreno susurrou perto do meu ouvido. - Igual a você, minha família também me destruiu. Por completo. - seu nariz encostou no meu pescoço e ficou parado lá, sentindo meu cheiro. É estranho, mas não parece. - Eu estou cego, porque você é tudo o que eu vejo. - senti seus lábios se abrirem em um sorriso contra a minha pele. Me pergunto seriamente o que está acontecendo e porque não estou achando uma situação como essa estranha. - Por favor, seja livre. Não posso lhe dizer tudo o que quero se você não se sentir liberta antes. - Ele finalmente se afastou e seus olhos estavam cheios de lágrimas. Mas que porra é essa? Até ontem a noite éramos completos desconhecidos que só se odiavam. - Além de tudo, a libertação vem de dentro. O coração é o primeiro que você tem que abrir. - pediu com um olhar tão triste.
- Você é bom em conselhos, diferente do que achei que seria. - iniciei quebrando aquele clima triste e de enterro. Não há razão para tamanha tristeza. - Vou tentar pôr em prática todas essas ideias, vou me libertar. Aos poucos, prometo. - puxei seu dedo mindinho e juntei ao meu, selando para fazer uma promessa ao modo antigo. Sorri no final e segurei sua mão. - Por favor, invada minha casa mais vezes e traga bebida.
- Meus pais estão planejando algo, [Nome]. Eu não sei muito bem o que é, mas sei que vai ferrar muito a sua família. Não posso vir mais aqui, você terá que escapar para se encontrar comigo. - Adicionou divertido, mesmo estando falando que vou me ferrar daqui uns dias. Pouco me importo, de qualquer forma. - Faça compras quando quiser me ver, sempre vou aparecer com um telefonema. - deu uma ideia, exatamente a mesma coisa que fiz e que me levou até ele. Compras no shopping.
Suna acenou com a mão e se despediu, disse que já estava tarde demais até para ele. Me explicou que só conseguiu entrar porque o guarda que está de plantão hoje é colega dele. Não vai vir mais porque todos os outros guardas são extremamente fiéis a sua família, contam tudo mesmo.
Depois disso, ele pulou minha janela como um ninja, mas desceu as escadas como um idiota com medo de altura.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐓𝐇𝐀𝐍 𝐓𝐇𝐈𝐒, suna rintarou
Fanfic- Se eu gritasse, você me veria? - sua voz perfurou todos os meus sentidos, fiquei entorpecida. - Porque eu posso amar você mais do que isso. - Rintarou Suna segurou minha mão e me levou para longe daquela bagunça. - - - ! - - - Presa por um contra...