Marcas do Destino (concluído)

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A casa é deslumbrante, Carla me oferece vinho, aceito, preciso relaxar afinal acabei de perder o meu emprego, só de pensar que amanhã terei que procurar outro, sinto um aperto no peito, começarei tudo de novo.

Depois de algumas taças lá estava eu contando toda a minha vida para Carla que se diverte com meu humor.
-- Relacionamento minha amiga o dedo aqui é podre - aponto para ela em meio aos risos -- Quando não sou traída, sou trocada ou pior usada.

-- Está difícil encontrar homens bons - ela completa - em meio aos risos

-- Difícil é pouco, eles fogem de mim, eles não gostam de mulheres românticas e eu sou uma patética romântica, por isso já aceitei meu destino.

-- O último que eu saí disse que eu precisava ser mais romântica - Carla diz soltando uma enorme gargalhada.

-- Olhe para você - digo - você é linda, sua casa é perfeita, queria eu ter essa vida de madame, estou cansada de só me dar mal nessa vida.

-- Eu também já fui como você Alice acredite.

-- há duvido - digo em tom de ironia

Caímos mais uma vez em gargalhadas

Depois de mais algumas taças de vinho Carla me ofere o quarto de ospedes para passar a noite, aceito não estou em muitas condições de dirigir.

Já é manhã ouço os pássaros cantar lá fora, acordo com um pouco de dificuldade aquele vinho todo foi demais para mim não tenho costume de beber.

Desço as escadas e não vejo ninguém pela casa, tem uma mesa enorme servida com várias comidas de café da manhã, minha barriga ronca, me aproximo e tem um bilhete.

" Aproveite o café da manhã, as 14 horas por favor compareça ao meu escritório "
No final do bilhete estava o endereço escrito.

Guardo no bolso da calça, a única coisa que eu quero é comer.

Depois que sai da casa da Carla passo no meu agora antigo emprego e pego minhas coisas e o acerto dos meus dias trabalhados. Por sorte meu antigo chefe não estava, sua esposa quem acertou tudo. Eu detestaria brigar mais uma vez com ele.

Vou para casa e minha colega de apartamento estava dançando suas músicas barulhentas pela sala, entro e vou direto para o meu quarto, infelizmente sou uma jovem senhora que detesta barulho.

Que droga não aquento mais essa vida, preciso sair disso logo, agora sem emprego as coisas ficaram mais difíceis preciso encontrar outro urgente.

Vou para o banho e o bilhete que Carla deixou cai da calça. Eu já havia me esquecido dele. Olho para o visor do celular 13:30. Tomo um banho rápido se não vou me atrasar.

Quem sabe ela tem um emprego para mim. Já que ela sabe demais agora. 
Penso comigo mesma, que vergonha contei minha vida todinha para uma mulher que nem conheço direito, sou tão discreta não costume contar sobre minha vida para as pessoas mas com ela foi como se me compreende-se mesmo tendo vidas totalmente diferentes.

No escritório a recepcionista me analisa dos pés a cabeça, isso me arrita.

-- Por favor Carla Torres ? - digo. Ela volta a fitar a tela do computador enquanto digita.

-- Tem hora marcada? - Pego o bilhete do bolso e a entrego, ela olha confusa. -- Por favor aguarde, vou anunciar sua chegada.

Um pouco mas a frente da mesa da recepção tem algumas mulheres sentadas em poltronas me sento em uma vazia. 

Que lugar chique, todo clean e moderno, tem uma mesinha no centro com alguns petiscos, não perco a oportunidade e me sirvo, vejo alguns olhares de reprovação por cima das revistas que as mulheres estão folheando. Todas bem vestidas com seus saltos finos, maquiagem impecável, parecem modelos.

A moça da recepção pede que eu entre, todas me olham um tanto surpresas, eu sei que não me visto bem mas não estou tão ruim assim, com meus Jeans 42, camiseta básica branca, cabelo num coque rápido e prático.

Carla está em uma ligação sorri quando me vê entrar na sala, e indica a cadeira a frente de sua mesa para que eu me sente, a recepcionista se retira. Breve ela encerra a ligação.

-- Que bom Alice que veio - diz animada

-- Eu estava um pouco ocupada mas consegui tempo para vir - digo, Carla sorri, ela sabe que é mentira.

-- Gosto do seu humor, pois bem tenho algo para você que mudará sua vida. - diz de uma vez.

-- Sério? O que seria ? Um emprego ?

-- Melhor que um emprego minha querida - Carla se levanta de sua mesa e vai até uma estante cheia de gavetas e retira um envelope e volta a se sentar na sua aconchegante cadeira. Fico bastante curiosa.

-- Estou ouvindo - digo animada

-- Acompanhante, tenho clientes de todos os lados do mundo e encontrei um que se encaixa perfeitamente ao seu perfil.

Engasgo com suas palavras e tento sorrir nervosa, consigo dizer.

-- Carla eu não faço esse tipo de trabalho não sou ... - Antes que eu termine ela me interrompe

-- Prostituta, não trabalhamos com esse tipo de serviço aqui na agência Alice, sim acompanhante de homens afortunados que querem apenas uma mulher para que seja uma espécie de esposa mas sem deveres de esposa, melhor dizendo por status. - disse séria

Fiquei mais confusa ainda, ela abre o envelope e tira um contrato de dentro e me entrega .

-- Este cliente é bem generoso não está exigindo quase nada de sua acompanhante, idiomas, tipo físico, nada, ele quer apenas uma mulher que lhe faça companhia em sua casa e em alguns jantares profissionais.

Eu comecei a ler o contrato, resumindo... Eu seria uma espécie de esposa de fachada, não precisaria me deitar com o cliente que ela se refere, eu teria tudo que precisasse, a única coisa em troca é lhe fazer companhia na residência e em alguns jantares de trabalho e o mais importante confidencialidade não poderia dizer a ninguém intimidades dele e sobre o acordo como acompanhante. Parece bom, bom até demais.

-- São homens ricos eles podem ter as mulheres que quiserem, para que uma acompanhante de fachada? - digo.

Carla sorri e encosta seu corpo sobre sua cadeira.

-- A maioria não querem mulheres, se é que você me entende, mas precisam manter sua imagem. - conclui

Isso diz muito, por isso uma esposa de fachada uma acompanhante.

Penso um pouco, Carla me entrega a caneta para que eu assine o contrato de acordo sobre as regras, tudo aquilo parecia loucura eu não poderia imaginar que existe este tipo de acordo.

-- Você viu aquelas mulheres lá fora, são da alta sociedade, me procuram e oferecem fortunas para conseguir um homem desses e você está aí em dúvida?

Fico surpresa, aquelas mulheres são lindas eu sou apenas uma ex garçonete. Respiro fundo e assino, não tenho mais nada a perder.

-- Muito bem, não vai se arrepender irá me agradecer, terá vida de madame como desejou .

Sorrio sem acreditar muito ainda naquilo, será que encontrei uma fada madrinha.