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Marta me acompanha até o carro ainda chorando me abraça forte.
— vou sentir muito a sua falta minha querida - diz ainda abraçada a mim

— Eu também Marta muita falta - digo sincera

Ela me entrega um papel dobrado e pede

— Peça que Gomes a leve neste endereço, estará segura Alice - disse segurando firme minha mão - apenas acento com a cabeça e entro no carro.

O carro passa pelos grandes portões e a partir dali sei que nunca mais passarei por eles , olho para trás e vejo o castelo ficar cada vez mais pequeno e distante, esse realmente é o fim.

Entrego o pedaço de papel para Gomes que segue caminho calado com o olhar triste.

O endereço percorre por quase toda a cidade parece uma espécie de interior, distante dos centros comerciais, casas bem menores comparado ao o outro lado da cidade,  mas com seu charme. Observo tudo atenta.

— Chegamos senhora - Gomes diz

É um vilarejo, já é noite não se vê ninguém pelas estradas apenas o céu limpo e estrelado, e algumas casas a frente. Bato na porta apreensiva.

Uma mulher abre a porta, baixinha também com os cabelos grisalhos.

— Oi, boa noite - digo um pouco sem jeito

— Alice ? - pergunta a mulher

— Sim, sou eu Marta pediu para vir até aqui

— Sim querida, entre - diz

Gomes coloca minhas coisas dentro da casa e me surpreende com um abraço eu me despeço dele com tristeza e peço que não conte a ninguém para onde vim, ele promete confidência.

A senhora é muito gentil se apresenta como Maria prima da Marta elas tem uma leve semelhança, muito cuidadosa me ajuda levar as coisas no quarto que passarei a noite. Tomo banho e visto roupas limpas.

Não quero jantar e Maria insiste diz que Marta já havia dito a ela para insistir fico sem jeito e como um pouco.  Ela não me faz perguntas parece saber o que houve, me sinto aliviada não quero tocar neste assunto.

Subo para o quarto e desabo a chorar deitada ali mesmo no chão, meu peito dói, uma dor que parece que me faltará o ar. O amor dói machuca.

Amanhece o dia está ensolarado os pássaros cantam e ouço o som de crianças mais à frente brincarem pelos campos, da janela do quarto observo. Paro de observar com batidas na porta a abro sem demora.

— Bom dia minha querida - Maria diz — espero que tenha dormido bem  - pergunta

— Sim dormir muito bem obrigada - eu quase não dormir nada chorando, mas não queria preocupar.

— Que ótimo, vamos descer tomar café da manhã.

— sim vamos - digo forçando animação

Durante o café Maria conta um pouco sobre ela, tem dois filhos um casal todos casados e com suas famílias agora é apenas ela e seu gato lalo, muito fofo por sinal e manso. Sempre gostei de gatos mas minha mãe nunca me deixou adotar um.

Ela diz que posso ficar o tempo que eu quiser, ela é apenas uma senhora solitária e não se importaria com a minha presença, eu agradeço de coração pela gentileza, eu ainda não tinha parado para pensar o que farei daqui adiante sobre a minha vida, continuar por aqui voltar ao Brasil,  não tenho ideia.

Se passaram dois dias, por aqui as coisas são bem calmas, mas preciso seguir em frente dar um jeito na minha vida, me vejo outra vez em apuros igual de onde vim. Primeiro passo decido pegar um brinco que por sorte veio junto com as minhas coisas que Dominique me deu e vendê-lo , deve valer um bom dinheiro onde poderei me manter até encontrar alguma coisa para fazer, arrumar um trabalho e ajudar Maria com as despeças da casa.

Pela manhã pego o ônibus que passa de hora em hora no vilarejo até o centro da cidade, tento ser o mais discreta possível não quero chamar atenção, consigo vender o par de brincos o dinheiro vou poder me manter por meses. Paço no mercado e levo algumas coisas para o meu novo lar. Maria trabalha na lavoura de uva e parece amar o que faz. Quando chega fica feliz deixei tudo pronto para que poça jantar e descansar.

Folheio o jornal a procura de uma vaga de emprego, e não parece ser algo muito fácil de se arranjar por aqui um trabalho que não exija tanta qualificação. Por sorte as aulas de etiqueta que tive me ajudou com o idioma e tenho diversas experiências no Brasil espero que sirva por aqui.

Alguns dias se passaram e a saudade só aumenta sinto muita falta de Dominique e o que tínhamos, me culpo a grande parte do tempo fui burra e tola eu causei tudo isso. As palavras duras que me disse me causa uma enorme tristeza eu não sou esse tipo de mulher que ele pensa que eu sou, só queria poder provar isso a ele. Mas nada mais adianta já foi decidido tenho que me acostumar e aprender a viver sem ele como era antes.

Folheando o jornal vejo que um restaurante no centro precisa de garçonete pede experiência eu tenho, trabalhei em diversos restaurantes e lanchonetes no Brasil espero que sirva.

No outro dia de manhã pego o ônibus e vou até o restaurante, ainda está fechado mas tem algumas pessoas dentro do estabelecimento parece que estão limpando. Entro e procuro pelo gerente que logo me atende. Quase suplico pela vaga ele faz algumas perguntas e percebe meu desespero e pede que eu venha as 18:00 para fazer um teste. Quase pulo no homem, que vergonha. Volto para casa animada e esperançosa.

As 17:00 pego o ônibus são uns 30 minutos até o centro mas como o ônibus passa de hora em hora este é o único horário que eu não poderei me atrasar, chego meia hora antes, o gerente já está lá verificando se está tudo certo antes de abrir. Ele me mostra onde fica cada coisa, onde são colocados os pedidos e o menu e por último me entrega o uniforme.

— Boa sorte, qualquer dúvida procure Rose na recepção ou a mim - diz e se vai

Marcas do Destino (concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora