Ela ama tanto seu bebezinho,
Mas não pode fazer nada
Para salvar-lhe da morte.
Vai morrer de inanição.
Em seus braços magérrimos
Ela segura seu corpinho seco.
Ele chupa inutilmente seus seios;
A fome chegou e eles secaram também.
Ela chora sem lágrimas,
Pois lágrimas já não tem.
O desespero a domina;
O pobrezinho agoniza.
Dentro de pouco tempo
Ela também agonizará,
Pois a fome é implacável;
Sem piedade vem devorar.
E no funesto solo africano
Mais uma criancinha deixa de existir,
Mais um ser se vai sem ter tido chances
De viver, amar, sonhar e sorrir.
Enquanto isso, do outro lado do mundo
Homens sem noção do valor de uma criança
Pagam milhões para que jogadores joguem
Em seus clubes de futebol e basquete.
E as massas fanáticas sem noção de que
A tragédia na África poderia ser evitada
Não desaprova esse desperdício de dinheiro
E não percebe que ele se torna fútil.
Esses milhões que poderiam salvar
Multidões de vidas humanas na África
Agora vão para os jogadores jogarem
Algumas partidas inúteis de pura ilusão.
E infelizmente há alguns que de tão alienados
Vão ler este deprimente poema e dizer:
"Fodam-se as mães africanas e seus filhos,
Eu quero mesmo é que meu time seja campeão!".
Herval do Oeste, dezembro de 2012.
(Entendam que não critico os esportes, mas o volume de dinheiro investido enquanto no mundo ainda morrem de fome todos os dias milhares de pessoas).
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Poemas Eternos
Poetry140 poemas selecionados de uma carreira de 20 anos dedicados a poesia. Neste livro você encontrará poemas de amor, paixão, romantismo, alegria, dor, ódio, filosofia, criticas social, vida e (como não poderia deixar de ser) morte. Entre esses 140 poe...