24-Morte, miséria e alienação.

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Ela ama tanto seu bebezinho,

Mas não pode fazer nada

Para salvar-lhe da morte.

Vai morrer de inanição.


Em seus braços magérrimos

Ela segura seu corpinho seco.

Ele chupa inutilmente seus seios;

A fome chegou e eles secaram também.


Ela chora sem lágrimas,

Pois lágrimas já não tem.

O desespero a domina;

O pobrezinho agoniza.


Dentro de pouco tempo

Ela também agonizará,

Pois a fome é implacável;

Sem piedade vem devorar.


E no funesto solo africano

Mais uma criancinha deixa de existir,

Mais um ser se vai sem ter tido chances

De viver, amar, sonhar e sorrir.


Enquanto isso, do outro lado do mundo

Homens sem noção do valor de uma criança

Pagam milhões para que jogadores joguem

Em seus clubes de futebol e basquete.


E as massas fanáticas sem noção de que

A tragédia na África poderia ser evitada

Não desaprova esse desperdício de dinheiro

E não percebe que ele se torna fútil.


Esses milhões que poderiam salvar

Multidões de vidas humanas na África

Agora vão para os jogadores jogarem

Algumas partidas inúteis de pura ilusão.


E infelizmente há alguns que de tão alienados

Vão ler este deprimente poema e dizer:

"Fodam-se as mães africanas e seus filhos,

Eu quero mesmo é que meu time seja campeão!".


Herval do Oeste, dezembro de 2012.


(Entendam que não critico os esportes, mas o volume de dinheiro investido enquanto no mundo ainda morrem de fome todos os dias milhares de pessoas).

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