Querem matar você

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Jasmine era uma criança inteligente, falava 3 idiomas, participava da equipe de corrida infantil do colégio e tinha um ótimo senso de percepção, talvez mais que o habitual para a idade dela, aos 13 anos já estava 4 períodos a frente no colégio, colecionava medalhas de competições atléticas e sempre que perguntavam dos troféus ela respondia com algum comentário sarcástico, seus pais Melani e Vitor tinham muito orgulho dela, a chamavam de Yas, um apelido carinhoso que não tinha muito a ver com o seu nome.
Certo dia estava cochilando no quarto quando acordou assustada com um barulho no andar de baixo, eram sete da noite, devia ser a sua mãe preparando o jantar, preferiu descer para conferir, calçou o chinelo e desceu as escadas quando notou algo interessante, Melani não estava na cozinha e sim na sala, indo de um lado a outro guardando o máximo de coisas que conseguia em uma grande mala preta, parecia ansiosa com algo, dobrou algumas roupas e guardou em uma mochila vermelha ao canto da sala, repassava uma lista na mente sussurrando como quem já houvesse planejado o que fazer.
_ Roupas, mantimentos, remédios....
Jasmine sabia que algo estava acontecendo.
_ Mãe, tá tudo bem?
_ É claro querida, vamos sair em família essa noite, ajuda o seu pai com o carro enquanto pego tudo.
Yas caminha até a garagem quando escuta seu pai guardando as malas no carro, ele fazia tudo com o máximo de pressa enquanto falava ao telefone.

_Você disse que estaríamos seguros aqui.
_ .......
_ Não pode nos dá mais tempo? Ela ainda não está pronta.

Vitor encerra a ligação com um palavrão. Pronto! Yas agora tinha certeza de que algo estava errado, com quem seu pai estava falando? Porque estava  nervoso? E para onde iriam?

_ Pai o que tá acontecendo?
_ Está tudo bem Yas entra no carro, vamos viajar essa noite, sua mãe já deve está vindo.
_ Mas...
_ Yas, entra no carro agora!

Vitor nunca havia gritado com ela antes, parecia mesmo importante, achou melhor não contestar.
Sua mãe abre a porta da garagem olhando para os lados, parecia se sentir observada.

_ Para onde vamos?
_ Saberá quando chegarmos lá.
Vitor dirige em direção a pista em alta velocidade, como se estivessem sendo perseguidos.
_ Melani, estamos ficando sem tempo.
_ Tem certeza que é a hora? Ela é nova demais pra isso.
_ Precisa ser agora, ela tem que está pronta.

Naquele momento era como se o tempo correse diferente para Yas, tudo mais lento, mais detalhado, analisava cada gesto, palavra e tom de voz dos seus pais, nunca havia visto eles tão preocupados.
Seus pensamentos são interrompidos com um grito.
_ Para o carro!
_ O que foi amor, está tudo bem?
_ Eu vi alguém na floresta, acho que estão aqui.
_ Droga! Não podemos levá-los até lá, temos que seguir a pé, eles não vão nos encontrar na floresta.
Vitor desce do carro e busca uma espingarda velha no porta malas, olha em volta desconfiado, tudo parece silencioso demais, pensou por um instante " Se a floresta cobre os dois lados da rodovia como pode não ter nenhum som? Nem mesmo dos pássaros cantando. "
_ Mãe, o que tá acontecendo? Vocês estão me assustando.
_ Tá tudo bem querida, eu também estou assustada, preciso que seja forte está bem? Existe um mal no mundo Yas, eles estão atrás da gente a muito tempo, por isso estamos fugindo.
Seu pai abre a porta do carro chamando as duas.
_ Vamos, acho que é seguro agora.

Enquanto tentava descer do carro, Yas escuta um barulho ecoando, era alto e estridente, ela nunca havia ouvido o som de tiros antes, Vitor fecha a porta para protegê-las quando é baleado na cabeça.
Yas não sabia o quanto o cérebro era mole e pegajoso até ver os miolos do seu pai escorregando pela janela, como uma grossa geleia de morango com tufos de cabelo, agora mal dava pra ver o lado de fora, estava atônita, incrédula com o que havia acontecido.
_ Yas...Yas! Você tem que me escutar, eu vou abrir a porta e quero que você corra, está me ouvindo? O máximo que conseguir.
Ela permanece sem reação enquanto a  voz da sua mãe soa longe como um devaneio.
_ Cuidado com os CEM, eles querem você porque acham que é especial, você é rápida não vão te alcançar se correr pela mata, não espere por mim, eu te encontro.

Melani abre a porta esquerda do carro, pega a espingarda ao lado do corpo do seu marido e atira pro alto enquanto Yas foge pelo lado direito.
_ Venham me pegar seus filhos da puta!

Yas começa a correr, quando se assusta e para arregalando os olhos em choque, havia escutado o som estridente outra vez, um barulho ensurdecedor que parecia estremecer as árvores, um único tiro que ecoou por toda a floresta, sabia que algo horrível havia acontecido.
A partir daquele dia as últimas palavras da sua mãe atormentariam sua mente, uma voz que não à deixaria dormir, alta e persistente, repetindo sempre a mesma coisa.
_ Encontre o anjo Gabriel!

Força Zazel - Os Escolhidos Onde histórias criam vida. Descubra agora