Quebra-cabeça deslizante

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Com Talia desaparecida a quase um mês Téia esperava que todos ajudassem a sua família na busca, mas percebeu que ninguém se importava, não mais, Talia não era a primeira do circo a desaparecer no último mês, nem mesmo as seis primeiras, cerca de oito pessoas haviam sumido sem nenhuma razão aparente, o que explicava a notória preocupação da Martha, a cidade andava mesmo perigosa, o alvoroço a cerca dos desaparecimentos logo se transformava em medo, medo de sair na rua, medo de andar na cidade, medo de ser o próximo. As janelas agoram andavam trancadas, um toque de recolher foi implantado e o terror na noite se alastrava, a alegria do circo havia acabado.
Apesar de tudo Téia ignorava os riscos e insistia em sair com o Ronald, como se nada mais importasse.
_ É só uma festa mãe! Eu volto cedo.
Martha respira fundo de cabeça baixa enquanto lava a louça.
_ Eu já te disse Téia, a cidade anda muito perigosa, não posso te deixar ir.
_ Você sempre diz não, não entendo essa marcação, não é como se eu fosse desaparecer também.
Martha quebra um copo de vidro na pia e corta a mão.
_ Mãe, tá tudo bem?
_ Não! Não tá tudo bem. Você não entende?
Martha começa a chorar, corre até a janela e abre as cortinas.
_ Olha lá fora Téia, não tem ninguém na rua, já não abrimos o circo a dias, Talia desapareceu e o Sebastian quer mudar de cidade, eu não estou bem! E não sei como você consegue ficar.
Enquanto ouvia Téia não conseguia parar de pensar no que a Talia queria dizer naquela noite, sobre os desaparecimentos e o motivo de tudo, foi quando enfim olhou pela janela, Alisson parecia discutir com o Ronald em uma conversa calorosa.
_ Espera um pouco, eu já volto
Martha tenta dizer algo mas Téia corre porta a fora.
Ela se aproxima aos poucos escutando parte da conversa.
_ Você pode ter enganado os outros, mas eu não!
_ Do que tá falando?
Alisson parte pra cima dele com agressividade e puxa a manga de sua camisa.
_ Não me subestime!
Téia adianta os passos aflita.
_ Ei, ei! Calma aí machões, o que tá acontecendo?
Alisson o empurra e saí andando.
_ Pergunta pro seu namorado.
_ Ronald?
Ele dá de ombros
_ Ele não está bem desde o que rolou com o pai dele.
_ Que seria?
_ Ele foi o primeiro do circo a desaparecer, você não sabia?
Téia coça a cabeça e corre atrás do Alisson.
_ A gente se ver mais tarde.
Ronald grita a distância.
_ Não esquece da máscara pro baile!
Ela corre um pouco e encontra o Alisson com uma chave de fenda perto de um carro vermelho.
_ Você está bem?
Ele levanta o capô do carro e meche no motor enquanto fala.
_ Não tem ninguém olhando, para de fingir que se importa.
_ Sei que o seu pai sumiu, pode ter algo a ver com os outros casos.
_ Meu pai sumiu a dois meses Téia, muito antes da Lia.
_ Lia? Nunca ouvi alguém chamando ela assim.
Ele fecha o capô do carro e anda em direção a ela.
_ Te surpreende? A Talia ter uma vida além de você?
_ Calma, eu vim em paz tá bem? Só quero ajudar, de verdade.
Ele abaixa a cabeça e respira fundo.
_ Tudo bem.
Alisson abre a porta do seu trailer a chamando.
_ Entra, não é muito seguro aqui fora.
Téia se espanta com a quantidade de equipamentos dentro do trailer, quase como um quarto da bagunça.
_ É do meu trabalho, tenho que ganhar dinheiro de algum jeito.
Ela entra e se senta em uma cadeira de frente pra cozinha.
_ Eu e a Talia éramos amigos, ela disse que não podia sair comigo, que estava confusa e não tinha controle de tudo o que fazia.
_ Controle?
Ele pega uma xícara e serve café para ambos.
_ Eu também não entendi, ela dizia isso sempre.
_ Talvez eu...
Téia segura firme a xícara.
_ Eu sei que ficaram juntas, não tinha a ver com isso.
Ronald apoia as mãos sobre a bancada.
_ Ela me encontrou naquela noite sabia?
_ Sério? Ela disse pra onde ia?
_ Não, ela parecia nervosa, não falou muito, disse que tinha encontrado o meu pai e alguns outros, que vocês tinham brigado e...
_ Espera, ela sabia onde eles estavam?
Téia coloca a mão no rosto envergonhada.
_ Meu Deus, eu devia ter ouvido.
_ Não acho que faria diferença, ela disse que não era a hora de contar, mas que estava perto.
Téia olha o relógio de parede e se levanta.
_ Eu tenho que ir.
_ Espera! Quer saber qual foi a última coisa que ela me disse?
_ O que?
_ " O Ronald sabe ".
Ela arqueia as sobrancelhas confusa.
_ Do que?
_ Ainda não sei, mas vou descobrir.

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⏰ Última atualização: Mar 28 ⏰

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