Força Zazel - Os Escolhidos

Para sempre

4 anos depois

O conhecimento, algo que buscamos incansavelmente durante toda a vida, quando lêmos um livro, mechemos no celular ou conhecemos uma pessoa nova, a ânsia do conhecimento molda o nosso comportamento, aos 17 anos Téia e Gabriel não sabiam, mas estavam prestes a conhecer algo novo.

Com o passar dos anos Téia e Talia se tornaram melhores amigas, certa vez o velho Sebastian brincou dizendo que poderia ser uma atração do circo a frequência em que andavam juntas " Tata e Tete " , as pessoas ouviram e com um tempo o apelido pegou, eram tão próximas que tinham vergonha de perguntar se não eram irmãs.
Era fim de tarde quando ela faria mais um dos shows da Mulher invisível, um dos grandes espetáculos do Circo Estrelado.

Califórnia - 16:30 da tarde.

_Tete é a sua vez! Você tem que ir agora ou vai se atrasar.
_ Calma Tata, não estou achando minha capa.
_ Você é invisível, consegue fazer o show com qualquer roupa, toma o meu casaco.
_ Tem razão... Vamos!

O circo estava lotado, com a administração do Sebastian haviam se tornado um dos maiores do mundo, sempre viajando por lugares incríveis, Londres, Canadá e uma vez até para a Alemanha, Téia sentia que finalmente havia conseguido uma família, pessoas que há apoiavam e amavam como ela era.
Téia corria até a grande tenda vermelha, sentindo o ar frio sobre o seu rosto, o céu estava nublado como se precedesse uma tempestade, olhou para a amiga empolgada.
_ Califórnia é o lugar das grandes estrelas Tata, em breve podemos nos apresentar em Hollywood.
_ Acha mesmo? Eu não sou tão talentosa quanto você ou a mamãe, só faço o figurino.
_ É Claro que é! Olha o seu casaco branco por exemplo, tão simples e com certeza é o mais lindo que já vi. Confia em mim, ainda seremos muito famosas, eu, você e a Martha, juntas para sempre, se lembra?
_ Juntas pra sempre.

Aquela promessa havia sido feita dois anos antes, após algumas brigas e desentendimentos, antes da Martha descobrir o câncer de mama e passar por uma cirurgia as pressas, ali no hospital enquanto aguardavam a notícia e temiam a morte da mãe, ambas sentiam o mesmo medo, o medo de não ter mais ninguém, apenas uma a outra, e isso as reconfortou.

Um pouco mais a frente encontraram a Martha ansiosa andando em círculos.
_ Onde estavam? O Sebastian Já vai chamar, Téia cadê a capa que eu te dei?
_ Tá tudo bem mãe, depois procuramos a capa, o casaco vai servir.
Martha passa a mão no rosto preocupada, quando escuta o anúncio ao longe.

_ E agora, tenho o prazer de aprensentar a ilustre, incrível, enigmática... Mulher Invisível!

A alguns quilômetros dali Gabriel também se preparava para um grande momento, era a semifinal dos jogos de futebol no colégio, ele era o líder dos Vortex, que ironicamente tinham esse nome por conta do mascote da cidade, um tornado sorridente, os Vortex representavam todo condado, eram prestigiados pelas escolas e seus jogadores sempre iam para as melhores faculdades, após 8 jogos sem derrotas com a liderança do Gabe se sentiam quase imbatíveis, vários olheiros iam assistir o jogo aquela tarde, Gabe estava ansioso para entrar quando viu a Olivia na porta do vestiário.

_ Não pode ficar aqui, como conseguiu entrar?
_ Au! Que agressivo, é assim que se fala com a sua irmãzinha?
_ Eles não vem não é? É por isso que está aqui.

Gabriel morde o lábio e olha pra baixo desapontado.
_ E quem se importa, eu estou aqui não estou?
_ Não precisa ficar se não quiser, sei que não gosta muito de futebol americano.
_ E perder a chance de te ver levar uma surra? Nunca!
Gabriel sorri e desvia o olhar meio sem graça, quando Olivia toca seu ombro.
_ Olha pra mim, eu e você contra o mundo, lembra disso?
Por um momento seu cabelo fica verde e ele se sente seguro, quando assente com a cabeça.
_ Claro
_ Então vai lá e me deixa orgulhosa.
Ele se arruma e caminha até o campo com o seu time.

_ E agora o time que todos estavam esperando, eles, os imbatíveis... Os Vortex.

A essa altura todos já devem ter notado que certas histórias se complementam, mas não como imaginam, pois a 3 anos atrás um grande terremoto atingia a Califórnia, e com Sam e Tom sempre trabalhando, naquele sábado a noite apenas os funcionários e as crianças estavam em casa.

_ Gabe acorda!
Olivia balança o corpo dele na cama o chamando várias vezes.
_ Acorda! Acorda!
Gabe se revira na cama desnorteado e pega o celular pra ver as horas.
_ Meu Deus Olivia, já é mais de meia noite, o que foi?
_ Eu tô com uma sensação estranha, pode sair um pouco de casa comigo?
Ela estava descalço e meio descabelada, nada muito diferente do habitual.
_ Á sério? Você deve tá naqueles dias, me deixa dormir vai.
_ Eu não tô menstruada babaca; fica aí então, vou sozinha.
Olivia sai do quarto e bate a porta com força.
Gabriel respira fundo e se senta devagar aos pés da cama.
_ Droga!

Ele saí do quarto e anda pelo corredor até a escada, a vê no andar de baixo calçando o tênis próximo a uma das janelas de vidro.

_ Espera, eu vou com você!
_ Também tá naqueles dias?

Ele revira os olhos e desce os degraus da grande escada branca aos poucos, quando derrepente para e arqueia as sobrancelhas assustado.

_ Sentiu isso?
Olivia franzi o celho e olha para os lados tentando escutar.
_ O que disse?
_ Parece um tremor, Olivia se afasta da janela!
Ela faz que não com a cabeça.
_ Não dá pra te ouvir muito bem, desce logo.

Derrepente o chão começa a tremer e um enorme barulho de vidro quebrando ecoa pela casa, Olivia sente os estilhaços de vidro entrarem em sua pele enquanto é arremessada pelo impacto, todas as enormes janelas de vidro da casa haviam quebrado.
_ Olivia!!!
Gabriel tenta descer as escadas mais rápido mas o chão não dá estabilidade, tudo começa a tremer e a escada passa a desmoronar aos poucos.
Quando ver a Olivia levantando com varios cacos de vidro nas costas, cuspindo sangue pela boca.
_ Você tá mais perto da porta, a casa vai desmoronar, vai embora!
Com medo de ser soterrado Gabriel passa a subir as escadas ao invés de descer, as paredes começam a rachar e o teto a ruir.
Ele foge assustado mas não há pra onde ir, o mundo está desabando, os quadros indo ao chão, os funcionários gritam ao longe e derrepente tudo começa a cair, ele corre pelo corredor mas não consegue fugir, o chão agora está desmoronando e caindo no andar de baixo, quando ele olha o enorme buraco no chão ver a Olivia na cozinha fazendo  esforço para tirar o máximo de coisas da geladeira.
_ Pula! Você tem que se jogar, vamos está seguros aqui.

Ela tinha razão, era uma queda de uns 5 metros, estava com medo de se machucar mas não tinha escolha, se não pulasse morreria soterrado. Ele conta até três para se jogar enquanto Olivia entra na geladeira e o aguarda. 1... e o chão caia... 2 e teto sucumbia... no 3 a perna dele quebrou na queda.
_ Eu te ajudo vem, temos que entrar agora!
Ela ajuda o Gabe a se arrastar pela cozinha enquanto luta com a dor dos vidros presos na pele, entram dentro da geladeira e no segundo que fecham a porta, tudo desaba.
_ Porque você fez isso? Porque voltou pra me ajudar?
_ É isso que a família faz, querendo ou não você é a minha família Gabriel.
Ele tenta por o osso da perna no lugar pelo que aprendeu nos livros de medicina mas não consegue, seu cabelo estava vermelho sangue, Olivia havia tocado nele e aos poucos começava a sentir também a dor dela, via o pior dos dois corpos ao mesmo tempo. Era como se a sua pele estivesse sendo rasgada e sua perna esfaqueada.
_ AAAAAAA, FAZ ISSO PARAR!
_ O que foi?
Gabriel começa a se debater desesperadamente.
_ Como você aguenta? Parece que toda dor do mundo está aqui!
Ela agarra os braços dele e o segura firme.
_ Ei, ei! Olha pra mim, tá tudo bem, seremos eu e você contra o mundo ok? Você não está sozinho.

De algum modo toda aquela coragem e calma eram muito mais fortes que o sentimento de dor, e quanto mais sugava essa sensação da Olivia melhor ele se sentia.

13 horas depois encontraram a geladeira nos escombros com ambos fracos e quase sem vida, a partir dali prometeram que seriam os dois contra o mundo.
Gabriel e Olivia, ou como também são conhecidos, Gabe e Yas.