Capítulo 38

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Matteo

Ódio.

Somente por eu não agir por impulso e ter minhas ações muito bem pensadas antes de executadas é que eu não fui para a casa de Rebeca. Ela sabia que eu passaria o fim de semana todo fora e não só o sábado.

Mas meu irmão fodeu tudo.

Entro em seu quarto e me acomodo na poltrona que ele tem em frente à tv e a porta. Eu queria encará-lo. Eu queria confrontá-lo.

Era mais de meia-noite e nada de ele aparecer.

***
Horas antes...

Chegamos cedo à fazenda. O almoço de noivado aconteceria em poucas horas. Eu e minha família chegamos bem antes de todos os convidados até porque acertaríamos e assinaríamos o contrato pré-nupcial.

Negociamos. Tudo separado até o nascimento do herdeiro. Um filho meu com Graziella herdaria tudo que eu tenho. Ou seja, caso eu morra antes de ter um filho, Graziella sai do casamento sem nada. Mas se um filho meu nascer e eu morrer, Graziella será a tutora (como se eu pensasse diferente) e herdará tudo. Meus pais não poderão sequer pedir a tutela.

Tudo muito estranho, até porque isso é óbvio.

Meu irmão, como advogado, apenas comentou que é confirmar aquilo que está na lei. Claro que eu poderia deixar metade do que é meu para meu irmão, mas agora, nem isso.

Tudo bem.

Foi durante essa negociação que eu a vi. De calça preta, camisa branca, sapatos pretos, cabelos presos em um coque baixo e uma touca, além do avental listrado, ela caminha ao longe levando uma panela enorme para a cozinha externa.

Merda!

No dia do meu noivado?

― Rebeca está aqui ― digo ao meu irmão que olha na direção da janela, seguindo meu olhar. ― Tire-a daqui. ― Peço. ― Não posso deixar que me veja.

Meu irmão nega.

Nega?!

― Sei que será doloroso para ela te ver aqui no dia do seu noivado. Mas não, não vou tirar uma empregada do seu trabalho honrado porque o lance dela é um homem que não consegue ser sincero.

Meu sorriso foi cínico.

― Lucca, eu estou mandando - lembro-o que ele responde a mim.

― Você pode até mandar nas coisas concernentes a máfia, e eu sou obrigado a te obedecer... mas sobre isso, não.

― Lucca!

― Não. ― Ele estava irredutível e o pior, tinha razão.

Nós continuamos no escritório entre uma conversa e outra com os convidados que iam chegando e indo até lá nos cumprimentar - a mim, ao meu pai e ao tio Andrea.

Lucca preferiu se afastar e se abster de todas as conversas, se envolvendo somente quando era chamado

Contudo no fundo, eu preferi ficar ali em vez de passeando pelos arredores da fazenda e contemplando as novas videiras recém plantadas por medo de ser visto, descoberto por Rebeca.

A ideia de decepcioná-la me levava ao um estado de irritação e dor. As vezes eu olhava para Lucca que me ignorava por completo, negando toda a vez que eu implorava por sua ajuda.

Nada.

Até que Martinelli apareceu. Eu o detestava, mas como ele passou a ser um cliente preferencial para o escritório do meu pai, o convite foi estendido a ele.

Simplesmente, minha (Traídos - Livro 1) RetirandoOnde histórias criam vida. Descubra agora